sexta-feira, 15 de março de 2013

Cocô-dependente

Perdão pelo mau gosto na foto, mas é assim que estou me sentindo, sendo tachada de co-dependente de um alcoolista internado para fazer desintoxicação; não sei quem está mais doente, se sou eu ou ele. Aliás, de tratamento no hospital  não vi nada, apenas trocaram o álcool por outros narcóticos, diazepínicos, antidepressivos. Esse coquetel netuniano durará 30 dias, num ser humano vivendo num local deprimente, com outros pacientes num estado bem pior do que o dele. Vai ajudar... não sei. Só sei que a parte real e prática da vida ficaram por minha conta e risco, correndo pra lá e pra cá, tentando organizar a vida financeira que ficou doente também. Reunindo documentação pra levar ao banco e semana que vem entrando com papéis para o doente hospitalizado receber pelo INSS. Já posso imaginar a burocracia e a demora.

A assistente social que conseguiu a vaga para ele, não me dá retorno de nada, como se o paciente fosse uma ilha solitária em meio ao oceano. O médico psiquiatra responsável pelo coquetel de narcóticos, muito menos. E hoje, para completar, a criatura narcotizada, mesmo apresentando atestado de internação, não recebeu parte do salário, ou seja, zero! Portanto, as contas com data de pagamento para a quinzena ficarão sem pagamento! E eu, por conseguinte, sem dinheiro! Como se explica isso! Eu sei, Mercúrio está retrógrado em Peixes, mas isso ultrapassa todo o bom senso. De manhã, liguei para a assistente social e ela me perguntou:

- O que tu prefere, que ele fique bom ou pagar as contas!

- Pagar as contas, respondi de mau humor!

Vontade de entrar hospital adentro e puxar a criatura pelos cabelos! Está alheio a tudo, falando arrastado como se estivesse bêbado e eu aqui matando cachorro a grito. 

Inconcebível a atenção que dão a um e a outro não; nada, nem satisfação.

Imagino se tivesse filhos, como ficariam! Pagar as contas é maneira de falar, comprar alimentos, na verdade.

Portanto, meus amigos, a lei Maria da Penha é uma bosta ambulante, que não dá sustentação nenhuma à família do dependente químico. Os co-dependentes são merda dependentes! Acho que prefiro ter o que comer e aturar comportamento alcóolico, do que passar fome e ver o drogadito se arrastando por corredores imundos e sem assistência médica digna. E pior, cambaleando como se bêbado estivesse. 

Isso é tratamento, pergunto!

terça-feira, 12 de março de 2013

Solidão: o dragão e eu

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Se ao menos eu tivesse o mar, mas está longe, resta-me uma rua, alguns morros à distância, paredes, casa pra limpar e contas a pagar.
Neste meu contexto atual me resta uma penca de planetas em Peixes, todos na minha casa 8, da morte, da transformação, da transcendência, regeneração e os meus recursos interiores - que, por ora, sumiram!

Alguma coisa dentro de mim foi sugada como aspirador de pó faz ao aspirar a poeira dentro de casa. Nunca me senti assim, esvaziada  como uma caixa oca.
Até mesmo a fé se equilibra com esforço para não ser sugada também. Entretanto, no fundo da alma ainda creio que sou amparada por seres que não enxergo. Sou filha amada de Oxalá, que me perseguiu durante anos até me ter de verdade e foi ele que escolheu o templo onde estaria corretamente iniciada. Aceito de coração sua proteção, assim como de Oxum. Tá... Não estou sozinha, mas o vazio dentro de casa, a falta que meu amor me faz é desnorteante, ele é como uma casa cheia, com direito a risadas de doer minha barriga ou sair correndo pro banheiro para mijar. Ele é um artista com capacidade de criar roteiros com as pequenas coisas do dia a dia. E ele me faz falta, tanto que não imaginei que pudesse sentir.

Sei que seu dragão verde-esmeralda tá ali no jardim, encolhido. Gostamos de tudo quanto é bicho, não teríamos coragem de enfiar a espada no seu coração. Conflito, paradoxo. O dragão não foi para o hospital com ele; preferiu se encolher num canto e esperar sua volta, regenerado e com controle o bastante para não mais voar com o réptil ao submundo do álcool.

quinta-feira, 7 de março de 2013

Enfiem sua rosa no rabo!



Não sei que comemoração é esta, dia da Mulher, troço ridículo. entra século sai século, e todo o ano é a mesma coisa. Nada há a comemorar, pelo contrário, só temos lágrimas a derramar. Vamos abolir este dia! 

Ainda quero ver alguém inventando o Dia do Nada! Sim, porque todo o dia é dia de alguma coisa! Com certeza, essa data vou comemorar, dia de nada...

Mulheres, menstruem hemorragicamente vertendo seu sangue menstrual para lavar esta cruz podre em que nos penduraram, escravizaram, estupraram, bateram, desrespeitaram. Escorra seu sangue menstrual e manchem a rosa vermelha que tem mania de nos darem.

E sabem de uma coisa, enfiem esta rosa espinhenta no cu!

Meu dragão preferido

Foi o dragão embaixo do braço dele que me chamou a atenção. Andava pra cima e pra baixo, meio cabisbaixo, de avental azul, carregando um livrão de capa dura e um dragão, parecia inofensivo, carinha simpática, confortável. Mais de perto, notei sua testa em forma de capacete, elmo; não sorria muito, concentrado em levar e trazer documentos do almoxarifado. Enquanto isso, o dragão aproveitava o passeio.

Um dia se aproximou, vinha trazer documentos para o diretor assinar. "Seu dragão é simpático", afirmei. Ele sorriu sem entender.

- Não precisa jogar búzios, és filho de Ogum.

 Ele não entendeu.

A partir de então conheci um filho de São Jorge que domesticou seu dragão, tratando-o com água, ração e carinho. Ao contrário do santo guerreiro que mete a lança no réptil, ele prefere mantê-lo por perto e pedir carona ao próximo botequim. Bebe com o dragão e dorme em seus braços no meio da rua.

Dragão deste Ogum é bicho de estimação