quarta-feira, 27 de abril de 2011

Quem se esgueira pela escuridão

Quem vai por ali, entre as sombras da escuridão, apesar de levar dentro de si a luz e o significado da vida?

Quem no início da madrugada, depois de todo o serviço de casa e outros tantos, ainda encontra força e motivação para escrever aos que não tem o que ler ou mesmo entender, entender de sua dor sem sentido?

Quem veste aquela capa preta e encobre o rosto com receio de que alguém veja sua beleza diferente?

Quem anda à mercê dos planetas no céu, esgrimando oposições, conjunções e quadraturas?

Quem digita isso a essa hora com seu útero e suas vísceras?

Quem tem coragem de expor sua privacidade e suas marcas dolorosas num espaço virtual?

Quem se transforma em outra porque não pode ser ela mesma?

Quem pari ela mesma num bloco com letras de diversos tamanhos, cores, jeitos e alinhamentos?

Quem se identifica comigo pela mania de andar atrás das árvores, de olhar pro céu e compreender a dimensão e o tamanho de sua dor?

Quem tem coragem de manufaturar uma nova visão pra reconhecer sua cegueira?

Quem tem fetos mortos para cuidar, apesar de não darem trabalho nenhum? Uma mulher impedida de ser. 

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Oração da serenidade


Concedei-nos, Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não podemos modificar.
Coragem para modificar aquelas que podemos e sabedoria para distinguir umas das outras.

Netuno e alcoolismo

O planeta Netuno hoje transita por Peixes, seu signo de domicílio. Ambos os arquétipos têm a ver com alcoolismo e drogas e rock'n roll. Ainda bem que sabia disso ao lidar com a situação inicial do relacionamento com a alma gêmea: ele tem o Sol em Escorpião em conjunção com Netuno, na casa três do mapa natal!  Também tenho Sol em Escorpião na casa três, da comunicação e etc. Quem tem Sol na três parece muito com pessoal de Gêmeos, curioso, falante ou com veia literária ou jornalística. Fiz jornalismo na Famecos/Pucrs. Tudo o que é de escrever, publicar, editar, revisar me agrada muito.

Netuno é um dos planetas mais difíceis de lidar, compreender. Tem que ser meio na intuição, na sensibilidade, como pisar em chão que pode desabar a qualquer hora e você afundar. Os trânsitos de Netuno confundem, ele esconde. Ainda bem que esse planeta hoje está fazendo trígono com meu Sol, MAS, ao mesmo tempo, faz quadratura com meu Vênus em Sagitário (uma mulher, Vênus, me botou na justiça!)...

Fui a inúmeras reuniões de AA - Alcoólicos Anônimos, em função de curiosidade e para acompanhar o Filho de Ogum, meu namorado. Como sou sensitiva, pude sentir a egrégora dos locais com acompanhamento espiritual forte. Lá não estão somente os membros do AA, estão também entidades de luz que ajudam, desde que o alcoolista queira ser ajudado. Muitos vão por obrigação. Não têm a mínima intenção de seguir pelo menos o primeiro passo: reconhecer sua fraqueza e impotência perante o consumo do álcool, evitar o primeiro gole, hoje, agora, neste momento.

 MAIS 24 HORAS DE SOBRIEDADE

É a forma como finalizam seu depoimento em cabeceira de mesa. Sentada ali a seu lado na audiência ficava imaginando se pudesse levantar o mapa natal de todos aqueles presentes. Faria isso gratuitamente, com certeza! Certamente encontraria pontos em comum em todos os mapas natais de drogados ou alcoolistas: Netuno angular, ou conjunto com Sol ou Lua, Ascendente Peixes, ou mesmo Sol em Peixes e uma casa 12 (que lembra o arquétipo Peixes) com 800 planetas! 

Como lidar com essa energia tão sutil? O que querem os alcoolistas com seu consumo incontrolável da bebida? Autodestruição, sem dúvida nenhuma. Por que? Porque não se conhecem! Então o autoconhecimento já é um passo no controle de seu impulso de beber. 

Não sou especialista no assunto, sou coparticipante. Com seu alcoolismo também adoeci. E para as pessoas que convivem com familiar alcoolista há o Alanon, mas somente fui a uma reunião. Não gostei e não experimentei outro local. As reuniões do AA me parecem melhores e mais eficazes, pelo menos para mim.

Em minha leiga opinião de bruxa e astróloga, há alcoolistas e alcoolistas. E decidi em meu interior e como conhecedora da sutil energia do Netuno natal da alma gêmea: ele não era alcoolista! Claro que não disse isso a ele. Em consulta com o tarô de Jorge Aguer, ele também disse a mesma coisa: ele não é alcoolista! Ele é um médium sensitivo aberto, sem proteção e sem controle. Uma gigantesca esponja que absorve tudo o que é bom e o que não é. Entidades da escuridão o acompanhavam, larvas astrais grudavam nele - e ele, sem a devida proteção ou trabalho espiritual, xamânico, ou o que for, permite-se ser usado. Quantos alcoolistas que sofrem, são presos, abandonados pelos familiares, perdem emprego ou mesmo a vida sem saber que o mundo espiritual pode ajudá-los? Quantos caminham na escuridão por desconhecimento disso? Vale a pena trilhar o caminho do autoconhecimento, frequentar uma casa espírita, umbanda, batuque, xamanismo ou a igreja evangélica!

Se há um alcoolista me lendo agora, pense nisso! Faça as pazes com seu Netuno natal. Na verdade, na verdade, seu desejo é comungar com o Todo! E mais 24 horas para você!

Série alma gêmea e suas histórias

OS GATOS SE ESCONDERAM


Como já anteriormente havia falado, a questão da alma gêmea segue apenas um parâmetro: desafio! O desafio do crescimento de ambas as partes, uma retomada de consciência, principalmente a consciência espiritual. No início do relacionamento, você é uma pessoa, com o passar do tempo se tornará outra!

Uma noite, esperava-o para nosso jantar. Ele estava muito atrasado. Costumava chegar entre 18 e 19 horas. Já passava das nove da noite. Resolvi jantar sozinha. Sem saber o que pensar, lavei a louça e me preparei para dormir. Notei a inquietude dos meus gatos, pêlos meio ouriçados, andando de um lado pro outro. Confesso que também estava apreensiva.

Com o passar das horas os gatos se esconderam. Eu piscava de sono na frente da televisão. "Onde andaria ou o que teria acontecido com o namorado?", me perguntava. Então ouvi o barulho da chave abrindo a porta. Uma eternidade se passou até ele aparecer na porta do quarto. Não era ele! Seu rosto tinha um semblante estranho, ameaçador. Fumava e me olhava de modo desfocado, apoiado na porta, meio torto, cambaleante e em silêncio se foi pra cozinha. Quieta na cama, ouvi-o mexer nas panelas. Não sabia se me levantava ou se ficava ali. Onde os gatos se esconderam? Provavelmente embaixo da cama, estavam com medo da criatura estranha dentro de casa. E eu também! Fiquei ali na cama, imóvel, ouvidos atentos. Será que um café forte lhe traria de volta? Não sabia. Nunca tinha convivido com um homem embriagado. Fora o café que poderia oferecer, fiquei pensando em qual lição tinha que aprender, como bruxa, como astróloga e como mulher.

Em silêncio, depois de beliscar alguma coisa das panelas, tomou banho e veio dormir.

Naquela noite, os gatos assustados anteciparam a vinda de um estranho, acompanhado espiritualmente de entidades da escuridão. Talvez minha missão com ele devesse ser de exorcizar seus demônios, ao mesmo tempo em que exorcizava os meus.

Agora, depois do tempo do longo aprendizado sobre o alcoolismo, posso informar a quem interessar possa que esta convivência penosa com um alcolista é, sobretudo, um exercício de limites, conhecer seus próprios limites, ter a noção exata de sua tragédia particular e aprender que nessas experiências não há vítima nem algoz: há conhecimento e o amargo sabor de sua impotência em transformar essa situação.

Série alma gêmea e suas histórias

Enquanto ele dormia estirado na cama a meu lado, os gatos retornaram devagarinho, cheirando o cheiro novo do álcool. Bem possível que seus acompanhantes do inferno também ali estivessem, sentados, nos olhando na cama ou dando uma espiada no filme da tevê. Pobres seres solitários, perdidos entre um mundo e outro, no umbral, apegados a seus vícios terrestres, seus amores mal-resolvidos, seu trabalho ou estudo inacabados.

Pobres diabos!

Não sabia o quanto estaria disposta a investir nessa relação complicada, até porque a ex-mulher insistia em tê-lo de volta, garimpando em terreiras de umbanda todos os recursos mágicos para a volta do marido! Podia sentir isso no ar, na pele!

Em uma das visitas dele à mulher antiga, o velho e desgastado artifício de "segurar" marido: uma gravidez!

Bem que avisei:
- Cuidado, uma gravidez pode te fazer voltar pra casa! E dessa vez será uma menina!

Como já sabia, a previsão de nada adiantou! Ele não voltou, mas a barriga da ex continuou a crescer e seu feitiço da amarração a rolar.

Então Saturno que passeava por Touro em 98/99 dava os ares de sua desgraça, fazendo oposição a meu Sol, quadratura com minha Lua; mas prometia fluente trígono com meu Marte em Capricórnio. Meu Vênus estava soterrado por Plutão em Sagitário e Urano e Netuno em Aquário rondavam minha Lua aquariana!

QUADRO DA DOR

Era meu apartamento transado com móveis da Tok & Stock plenamente povoado pelas entidades da escuridão, fiéis acompanhantes do namorado, as demandas da mulher manipuladora, ele, com sua Lua em Libra, sem saber se ia de volta ou ficava, meus gatos que aprenderam a termer a chegada dele em casa à noite e eu!

Com alma ou sem alma, mandei-o de volta a seu antigo lar.
- Vá curtir sua filha!

Série alma gêmea e suas histórias

O MESTRE

Em meio a tanta dor, apesar da ajuda com a astrologia e da minha cigana, não sabia pra que lado me virava. Júpiter, o doador de bênçãos e graça, ainda transitava pela minha casa oito, da morte, renascimento e transformação e - iniciação! Meu mestre esperava por mim numa consulta com tarô, seu conhecimento e sabedoria. Adorava seu sotaque portenho, pois era nascido em Montevidéu. Pedi socorro!

Júpiter em Peixes nesse período já fazia trígono com meu Mercúrio em Escorpião e Urano em Câncer e Ascendente. A possibilidade de tudo se resolver era real, mas como e de que forma lidar, administrar tudo isso? Bem, mestre serve para isso mesmo. Agora, de público, agradeço a ele, Jorge Aguer, seu precioso acompanhamento dessa história de alma gêmea que começou com uma troca de lâmpada e virou num dramalhão ao estilo Globo de televisão.

Para quem quiser conhecer meu mestre, eis seu site. Se não mora em Porto Alegre, pegue o próximo võo e vem consultar com esta criatura abençoada por todos os deuses.



domingo, 24 de abril de 2011

Balas de goma & veia literária

Hummmmmmmmmm delícia! Acabei de devorar um pacotinho, afinal, é Páscoa! Feliz Páscoa a todos... se lambuze de chocolate, bombons com licor (aqueles com cereja da Kopenhagen!) Nada mais gostoso. Mário Quintana que também não ficava atrás da orgia doce da época dizia que botava o bombom fora e bebia o licor... Gosto é gosto. Já prefiro o chocolate com a cereja e o licor! As embalagens boto no lixo reciclável, claro.

A propósito do comentário do meu amigo Henrique que diz que tenho veia literária, concordo e acrescento: acho que tenho apenas uma veia mesmo, essa, literária! As outras não sei pra que servem nem mesmo se existem! Sou mulher de uma veia só! Imagine que bom isso! Para quem, como eu, tem veia literária, é bom preparar o exercício da paciência, se quiser ou inventar de publicar o que circula por essa veia. Na net dei uma pesquisada para saber o processo de publicação de um livro. Simplesmente complicado, demorado e longo! Por exemplo, a Record Editora, do Rio de Janeiro, de posse de seus originais (em papel meeeesmo!) demora cerca de uma ano para analisar sua obra... Se gostarem, publicam. Se não, não. Todas as pessoas com esta veia desconfortável também estão a meu lado na cruz da capa do blog. O orgasmo é o prazer de escrever. O calvário é a publicação. Ainda bem que hoje é dia de comer chocolate e rezar. 

sexta-feira, 15 de abril de 2011

A LÂMPADA MÁGICA

A consulta com o tarólogo foi em abril, em junho fiz finalmente meu bori (iniciação) para meu orixá verdadeiro. Não podia mais ficar com a cabeça errada. Isso atrasa a vida! Nem queria morrer com o orixá errado na cabeça. A morte sempre anda a meu lado. Creio que ter essa consciência te ajuda muito a evoluir, crescer e a ter uma consciência maior, mais abrangente. Estamos aqui justamente para isso: evoluir!

O engraçado disso foi que, ao voltar pra casa, depois do "chão", como se costuma dizer na religião africana, não conseguia chegar em casa, literalmente. O período que fiquei na casa da mãe de santo, mudaram todas as mãos das ruas em que costumava usar para chegar em casa. Achei aquilo muito significativo - e engraçado. Demorei o dobro do tempo pra achar o caminho. Minha rua tinha dois sentidos, naquela noite do retorno, descobri uma rua com apenas um sentido! Morava num adorável apartamento térreo na rua Comendador Rheingantz. Minhas gatas me esperavam ansiosas.

Sentia-me bem, focada, centrada. Será que o relacionamento com o bruxo da acupuntura agora vai dar certo?, pensava. Os dias passaram. O moço moreno literalmente sumiu da minha vida. Ele era do orixá Xapanã, como não poderia deixar de ser. Muito poderoso.

Numa noite houve um temporal terrivel, chuva de granizo, ventania, raios e trovões. Minha mãe orixá se manifestando em toda sua beleza e poder. Amo tempestades!

Lá fora, no pátio da churrasqueira a lâmpada queimou, estourou, dentro do suporte tipo tartaruga. No outro dia, peguei uma chave de fenda pra tentar trocar o que sobrou da lâmpada. Não consegui, tava com parafuso enferrujado, emperrado. Eu precisava de luz no pátio. Pensei que tinha um tema de casa a cumprir e lembrei do colega moreno, aquele que perguntei quantas meias era pra botar na sacola.

Numa sexta-feira, final do expediente, ele concordou em trocar a lâmpada. Acompanhou-me de carona no meu carro. Sem maiores problemas, trocou a lâmpada e ficou mais tempo para um cafezinho e bate-papo.

Sentávamos na bancada da sala, naqueles bancos altos. Olhava pra ele sem entender o que sentia. O que sentia era uma poderosa atração, olhar dentro dos seus olhos e perceber que muito provavelmente já tínhamos trocado lâmpadas em outras vidas. De repente, perguntei, tomando coragem e tentando cumprir o tema de casa pra me tornar uma bruxa de verdade:
 - Não vai me beijar?

Desceu do banco alto e deslizou para minha frente. O destino foi cumprido. O tema de casa também e a descoberta da mancha ou sinal que a minha cigana tinha profetizado anos antes. Levando um susto enorme, lá estava o sinal marrom em sua parte mais íntima! Ali estava finalmente minha alma gêmea.

Um mestre, no meio do caminho...

TEMA DE CASA

Acho que foi por causa da passagem de Júpiter por Peixes, minha casa 8, que fui parar no consultório de um tarólogo, recomendado pela vizinha. Era abril de 1998; não sabia pra que lado ir nem o que fazer. Minha vida não fazia sentido nem encontrava significado em tudo o que me acontecia. O relacionamento com o acupuntor tava terminando; ele se recusava a falar comigo. Como era meio vidente e sensitivo, acredito que tenha visto o homem de Ogum que se preparava para entrar em minha vida. Só podia ser por isso. Eu reconheço agora que bruxa também erra: eu tinha certeza que o acupuntor era minha Outra Parte. Só que não era, depois descobri.

Isso me faz lembrar de um dos filmes que mais gosto: A Mulher do Açougueiro. Ela morava numa ilha e aguardava a chegada de sua alma gêmea, pois tinha achado uma aliança, um sinal!
Lá pelas tantas, desceu do barco um baixinho simpático, meio gordinho. Impetuosamente, deixou a ilha e foi morar com ele em Manhatan, Nova York. Ele era açougueiro. Conforme os dias passavam, como era sensitiva, começou a fazer previsões e a dar consultas enquanto atendia os fregueses no açougue. Todos gostavam dela e de suas profecias, menos o marido. As crises começaram. Na frente do açougue tinha o consultório de um psicólogo; ela foi fazer uma consulta, pois seu casamento estava indo água abaixo.

Este era sua alma gêmea, não o açougueiro. Isso só pra resumir. Portanto, muitas e muitas vezes ao passarmos por algum tipo de crise, problema, separação, mudança, na verdade, o que está acontecendo é que o destino (ou os deuses) estão nos empurrando para uma nova vivência, algo melhor e mais profundo. 

Portanto, reconheço que errei de alma! No entanto, o tarólogo ao interpretar meu jogo, disse que eu já conhecia o homem que ficaria a meu lado:

- Tem dois filhos, dois guris, tem um relacionamento, é moreno. Você não precisa lutar por ele, pois é dona de sua alma. Tudo vai acontecer rapidamente, não se preocupe.

Bem, o acupuntor tem dois guris e acho que tem uma namorada que mora com ele, pensei. E é moreno!

Continuando a minha leitura, disse que eu era uma bruxa, só que precisava aprender a seduzir.

- Você não sabe como seduzir um homem! Precisa aprender a fazer isso! - explicou.

Ele estava certo, nunca tinha seduzido ninguém! Sempre fui acanhada, os homens sempre tomavam a iniciativa, nunca eu!

Então, o tarólogo disse que depois que eu aprendesse a seduzir um homem (ou mais) eu seria uma bruxa de verdade. "Depois disso, volte aqui", disse categórico.

    

Meia arrastão

Quem tem Lilith em conjunção com Plutão em Leão, na casa um, do mapa natal tem gosto especial no vestir. Em geral apreciam o visual tipo sedutor pra sair na balada, roupas grudadas na pele, saia justa ou curta, roupas de couro negro, sapatos de salto alto na cor vermelha e muito, muito preto! Sempre foi minha cor preferida! Só não uso preto num dia claro de sol, se tenho que sair pra rua.

Recém estávamos morando juntos, logo depois que o Filho de Ogum, chegou no meu apartamento com suas trouxas de roupa, tudo amontoado, pois sua esposa, compreensivelmente, o havia posto pra fora de casa. Com suas roupas também chegaram os espetos para minha churrasqueira nunca dantes inaugurada e uma maleta com ferramentas, coisa que também eu não tinha. Tive que arrumar lugar no meu guarda-roupas e armários para acomodar meu novo namorado. 

Naquela noite de sexta-feira, resolvemos que iríamos curtir a noite. Eu passara uns 7 ou 8 anos à procura dele, literalmente esse período solitário havia sido a noite escura da minha alma, absolutamente sozinha! Tinha aquele moreno acupuntor, muito misterioso, e nada mais: o relacionamento era netuniano, confuso e nada de sexo. 

Tinha dois gatos. Ficaram enciumados do novo morador. Uma manhã, ele ainda dormia, minha gata Kenia subiu na cama devagar e olhou bem aquele homem, ali dormindo. Um estranho total para ela que sempre dividia comigo a cama. Cheirou-o bem pertinho e saiu.

Para a saída noturna, usei o que tinha de melhor e mais provocante: salto alto, meia arrastão preta e jaqueta de couro também preta. Finalmente tinha uma companhia pra andar pelos bares fumacentos da noite de Porto Alegre. Não queria conhecer lugares finos, queria conhecer o submundo, cabarés, sexo ao vivo e shows eróticos... Ele também tem Lilith em conjunção de Urano em Virgem, na casa um, tem afinidade com essas coisas. Os lilitianos saíram direto. Ele com gel no cabelo, blazer de linho bege e calças na mesma cor.

Na madrugada, achamos um cabaré com sexo ao vivo.

- Tem certeza que quer entrar? - perguntou me olhando curioso. Creio que nunca tinha tido uma parceira assim. Subimos uma escadaria estreita na Farrapos. De salto muito alto e  meio zonza de uísque - não gosto de cerveja, só destilados. Ele bebia tudo o que aparecia.Até essa época não sabia o quanto ele gostava de beber nem quanto. Entramos num lugar apinhado de gente. Pelas roupas das pessoas dava pra ver que eram pessoas humildes. Definitivamente, não era um local chique. Nem caro. Chamamos a atenção ao entrar. Achamos uma mesa tateando no escuro. O garçom se aproximou:

- Vão beber o quê?
- Uma cerveja pra mim, disse o Filho do Ogum
- Eu quero uma xícara de café preto, sem açúcar, e com uma dose de uísque...
- Dentro do café! - expliquei melhor. O garçom me olhou aturdido, não entendeu direito.
- Não temos café preto, senhora. Mas pode deixar, vamos providenciar.

No meio do salão estreito um casal copulava artisticamente, de quatro. Achei esquisito e nada excitante. Acho que fiquei com vergonha, mas tava ali só pra conhecer.

Misturar uísque com café faz parte da minha forte conexão com meus antepassados na Escócia. Lá tem isso em qualquer pub.
Saímos dali depois de uma hora, depois que terminou o show. Dormimos algumas horas num motel de beira de estrada e ele me convidou pra conhecer sua irmã que mora na serra.

Lá pelas tantas, durante a viagem, com menos álcool no cérebro, decidi que não poderia conhecer sua irmã vestida daquele jeito. Ele deu risada. Parou num shopping no caminho e comprou um par de meias pretas pra mim.

- Pronto, agora ela não vai achar que você é "da noite".... Puta, pra ser mais explícita! 

terça-feira, 12 de abril de 2011

Como reconhecer sua alma gêmea

A OUTRA PARTE

A busca pela alma gêmea é missão para toda uma vida, quer queira ou não. Todos, consciente ou inconscientemente, estão buscando, procurando seu outro pedaço. Isso é missão do ser humano encarnado neste planeta chamado Terra.

Encontrar sua alma gêmea não quer dizer que será que nem conto de fadas: e viveram felizes para sempre. Alma gêmea é desafio, aprendizado e evolução - da própria alma! Alma gêmea não foi uma invenção dos anos 80/90, quando uma quantidade enorme de livros foram publicados sobre o tema. Alma gêmea está longe de ser algo piegas, romântico - até porque minha lua aquariana tem aversão a isso! Alma Gêmea é basicamente seu outro pedaço perdido desde a sua criação, quando era um casulo único de luz, recém criado. Lá pelas tantas, o casulo se dividiu em duas partes e se perderam no início dos tempos. Isso ensina a cabala hebraica; alma gêmea é uma tradição deste conhecimento, dessa sabedoria e, portanto, também da magia. Quem percorre este caminho, está disposto a buscar sua outra metade.

No livro Brida, de Paulo Coelho, os personagens ensinam que se você enxergar um ponto de luz no ombro da outra pessoa, esta é sua Outra Parte. Estas duas metades sentem-se imediatamente conectadas e atraídas; muitos pensam que é atração física, sexual. Não é, embora esta irresistível atração faça parte do encontro e do relacionamento. Tem-se aquele sentimento que já se conheceram de outras vidas. Olhar nos olhos é comum e não há constrangimento. É fácil. Nunca consegui olhar dentro do olho do meu primeiro marido. Nem sei explicar o motivo. Apenas não conseguia. Ao contrário aconteceu com o "filho de Ogum".

Sentada no banco, antes do almoço, na empresa onde trabalhávamos, conversando com outros colegas, lembro bem que olhei para seus olhos e viajei através deles, tendo um lapso de tempo em que eu mesma não estava mais ali, em corpo e espírito. Achei aquilo estranho. Eu ainda não tinha consciência do tamanho que o relacionamento ia ficar e nem o que aconteceria. Afinal, era casado e com filhos.

CIGANA   

Simultaneamente em que me iniciava na religião afro, estudava astrologia, já atendendo clientes, passei por um grupo de mulheres ligadas à magia cigana e seus rituais. Reuniões uma vez por semana. Com esta iniciação, contatei inúmeras vezes com minha cigana que se identificou como Dolores, Maria Dolores. Acompanha-me sempre durante as consultas de astrologia. E ela um dia quis me ajudar a resolver meu conflito: como reconhecer minha Outra Parte. "Como é que vou saber, ter certeza que é a criatura minha cara-metade?" Ela falava dentro da minha cabeça. E respondeu:

-Ele vai ter uma marca, um sinal, uma cicatriz... e vai ser bem-dotado. 

Alma Gêmea, o início

 A PRIMEIRA CONSULTA DE ASTROLOGIA

Minha primeira consulta com astrólogo foi quando tinha uns 17 ou 18 anos. Meu tio, irmão de meu pai, era astrólogo e mago. Tinha um carisma incontestável, como todo o iniciado. Estava saindo da adolescência e já tinha muita curiosidade pelos temas ocultos, da magia, como todo Sol em Escorpião. Incomodei muito meu tio pra fazer meu mapa natal, afinal, queria saber se ia casar e ter filhos - pensava que astrologia servia pra isso! Depois de muito tempo pedindo, o tio cedeu e resolveu levantar meu mapa. Na época, calculava tudo na mão e desenhava com compasso a mandala com as marcações. Me ligou e eu fui a sua casa.

O mapa natal estava grudado num quadro, fora feito em papel cartolina, enorme! Olhei aquilo tudo sem entender absolutamente nada. Explicou-me os pontos básicos, como ascendente, sol, lua e meio do céu. E disparei a primeira pergunta:

- Vou casar? - posso lembrar da minha cara ansiosa
- Vai ter dois maridos, respondeu com cautela (coitado) rsrsrs
- Como assim? Dois ao mesmo tempo?
- Não. Um de cada vez.

Não gostei muito de ouvir aquilo. Ou o casamento terminaria ou ficaria viúva. Pensamentos sombrios invadiram minha cabeça.

Sentindo minha apreensão, explicou que quando eu achasse a pessoa com a mesma essência que eu tinha, disse: 
- Que pena, ela vai beber...
Também sem entender o significado da expressão "mesma essência", disparei a outra pergunta:

- Quantos filhos vou ter? - afinal era canceriana ascendente.

Ele demorou muito pra responder. Fiquei preocupada. Depois de um longo tempo disse que teria apenas um filho.

Ainda durante a conversa sobre meu mapa natal (retrato energético de toda a pessoa), ele recomendou que nunca, mas nunca mesmo, colocasse sangue na minha cabeça. Com os olhos arregalados, tentei entender isso. A religião africana era algo que não conhecia de forma alguma.

Meu tio astrólogo morreu cedo, com apenas 42 anos de idade. Até hoje sinto muita falta dele! E todas as suas previsões se concretizaram com o passar dos anos. Casei, tive 4 abortos e me divorciei. Depois dessa jornada pós-divórcio, iniciei minha busca pela criatura que tinha a mesma essência que eu. Pra quem sabe, o regente do meu ascendente, a lua, está na casa sete, do casamento, interceptada, em Aquário. Portanto, tenho três signos na casa do casamento: Capricórnio, Aquário (interceptado) e mais alguns graus de Peixes! Nesta mesma casa enorme tem ainda o nodo norte e vertex. O que já representa um grande interesse meu pelos relacionamentos, inclusive de amizade, obtendo com isso crescimento como pessoa. Pra completar, o regente do signo de Aquário (lá na 7) está em conjunção do meu ascendente. Sou da geração Urano em Câncer!

Comecei a estudar astrologia formalmente, sofri muito pra aprender a calcular mapa natal, pois odeio cálculos. Mas consegui! E nesse meio tempo me apaixonei por um moreno misterioso, também interessado pela magia e estudando acupuntura. Eu não queria ter um companheiro que não gostasse desses temas ocultos. Definitivamente procurava um bruxo! E a procura foi longa e dolorosa. Como esse relacionamento não ia nem vinha e passava por crise no trabalho, resolvi que ia experimentar o socorro na religião afro. Aí tudo embolou numa confusão. Ah!!!!!!!!!!!!! o tio tinha me dito pra nunca botar sangue na cabeça! Lembrei disso depois do estrago. Aí já era tarde. Me deram pro orixá errado: Oxum. Saí da casa de religião, entrei noutra, fiz novo bori - pro mesmo orixá! E tudo continuou dando errado! "Meu orixá verdadeiro é Iansã", intuía.

Mãe Matilde de Xapanã

Ela confirmou Iansã, assim como todas as casas em que joguei. Sou filha de Oyá! Numa consulta de búzios com ela, perguntou:

- Quem é este homem que bebe? É filho do Ogum (São Jorge, no sincretismo católico)

Não sabia e nem tinha ninguém na família que bebia..

Finalmente em 1998, fui parar no meio de um bairro pobre, numa casa de religião, onde fiz um bori para Iansã, no dia 26 de junho. Um mês depois o homem filho de Ogum entrava em minha vida! Ele era casado. Descasou rapidamente e entrou porta a dentro com suas trouxas de roupa, espetos para churrasco e caixa de ferramentas. Depois de algum tempo descobri que ele bebia. Era a minha alma gêmea!

domingo, 10 de abril de 2011

Quantas meias eu boto na sacola?

Foi assim que aconteceu, sem mais nem menos, depois do almoço, no meio do restaurante da empresa em que trabalhávamos. Eu não tinha noção porque havia dito aquilo, nem tinha intimidade com ele. A gente só conversava vez em quando. Na maioria das vezes tinha raiva dele e não sabia por que... Esta é a história da busca da alma gêmea. Ele era casado, eu divorciada. Usando saia rodada, estilo indiano, me aproximei dele, como se um imã estivesse me puxando e fiz aquela pergunta:
- Quantos pares de meia eu ponho na sacola?
Naturalmnte, não era eu mesma que estava falando. Não tinha controle nenhum dessa situação.
Atrapalhávamos a passagem das pessoas entrando ou saindo do restaurante. Ele ficou me olhando sem entender, mas respondeu sorrindo:
-Ah bota umas três ou quatro...

Um encontro inusitado sempre é indicativo da alma gêmea, mas ninguém tem consciência disso, pensa que se trata de mais uma atração física.

Vou contar esta história. Aguarde.

sábado, 9 de abril de 2011

A vida é mais do que isso!


A propósito do artigo anterior, redigido pela minha Lua aquariana, proponho que tempos estão chegados e que há uma necessidade urgente de mudança de postura, mudança cultural profunda. A vida tá te pedindo muito mais do que comer xisburguer, ou cheeseburger, se preferir, e pagar contas! Os aquarianos normalmente escutam uma batida de tambor que a maioria não escuta, porque tá ouvindo música, vendo tv, enviando msn, furungando no celular, jogando videogame, no shopping ou procurando companhia. Psiu... com um pouco de recolhimento e silêncio dentro de sua mente inquieta e tagarela, poderá ouvir a batida do tambor.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Passando a vida na cruz


Veja a foto que ilustra este blog: uma mulher de asas, nua, presa numa cruz. Sabe quando ela vai conseguir sair dali? Nunca. Crucificada para sempre!


Desculpem-me os católicos de carteirinha, inflexíveis. Estamos na quaresma, momento em que se deve guardar algum silêncio, meditar, não comer chocolate antes da Páscoa (lembra do filme Chocolate?) Pois é, Vianne Rocher ousou abrir uma chocolateria em plena quaresma pra desgosto do conde, dono do lugar. Era sozinha e tinha uma filha. Vinha não se sabe onde. Era bonita e independente. Usava sapatos de salto alto vermelhos. Lia a sorte na roda maia, de onde era sua mãe, que também saiu mundo afora.


Agora é proibido comer chocolate, pipoca, churrasco. Façamos jejum e oremos. A Semana Santa tá chegando. Cristo foi condenado a morrer na cruz. Seus pés e mãos não foram amarrados como os outros companheiros do calvário, foram pregados. Botaram até a inscrição no alto da cruz: Inri ( Jesus Nazareno Rei dos Judeus).


Quanto tempo ele, Jesus, ficou na cruz? Um dia, dois dias? Não lembro. Nós ficamos na cruz a vida inteira! Só nos descem de lá quando morremos.


Sejam um pouco aquarianos, recusem-se a ficar na cruz por longo tempo, ou melhor, quebrem a sua cruz e façam uma fogueira aos antepassados celtas ou aos vikings ou mesmo dance ao redor da fogueira como os índios. Não engulam tudo como verdades absolutas. Questionem. Rebelem-se. Comam o fruto proibido da árvore do conhecimento. Sejam expulsos do paraíso. Tirem as viseiras. Não pertençam a um bando de gado. Não abaixem a cabeça. Mude sua rotina, o caminho de sempre, o cardápio, a maneira de vestir. Desconfie do diagnóstico de seu médico. Ande pela contramão. Liberte-se de sua cruz! Coma seu chocolate agora, antes da Páscoa.


Afinal, finalmente Urano, regente do inovador Aquário, entrou em Áries. Hora de começar a construir uma cruz de cabeça pra baixo, só pra ver como fica.