sexta-feira, 15 de abril de 2011

Meia arrastão

Quem tem Lilith em conjunção com Plutão em Leão, na casa um, do mapa natal tem gosto especial no vestir. Em geral apreciam o visual tipo sedutor pra sair na balada, roupas grudadas na pele, saia justa ou curta, roupas de couro negro, sapatos de salto alto na cor vermelha e muito, muito preto! Sempre foi minha cor preferida! Só não uso preto num dia claro de sol, se tenho que sair pra rua.

Recém estávamos morando juntos, logo depois que o Filho de Ogum, chegou no meu apartamento com suas trouxas de roupa, tudo amontoado, pois sua esposa, compreensivelmente, o havia posto pra fora de casa. Com suas roupas também chegaram os espetos para minha churrasqueira nunca dantes inaugurada e uma maleta com ferramentas, coisa que também eu não tinha. Tive que arrumar lugar no meu guarda-roupas e armários para acomodar meu novo namorado. 

Naquela noite de sexta-feira, resolvemos que iríamos curtir a noite. Eu passara uns 7 ou 8 anos à procura dele, literalmente esse período solitário havia sido a noite escura da minha alma, absolutamente sozinha! Tinha aquele moreno acupuntor, muito misterioso, e nada mais: o relacionamento era netuniano, confuso e nada de sexo. 

Tinha dois gatos. Ficaram enciumados do novo morador. Uma manhã, ele ainda dormia, minha gata Kenia subiu na cama devagar e olhou bem aquele homem, ali dormindo. Um estranho total para ela que sempre dividia comigo a cama. Cheirou-o bem pertinho e saiu.

Para a saída noturna, usei o que tinha de melhor e mais provocante: salto alto, meia arrastão preta e jaqueta de couro também preta. Finalmente tinha uma companhia pra andar pelos bares fumacentos da noite de Porto Alegre. Não queria conhecer lugares finos, queria conhecer o submundo, cabarés, sexo ao vivo e shows eróticos... Ele também tem Lilith em conjunção de Urano em Virgem, na casa um, tem afinidade com essas coisas. Os lilitianos saíram direto. Ele com gel no cabelo, blazer de linho bege e calças na mesma cor.

Na madrugada, achamos um cabaré com sexo ao vivo.

- Tem certeza que quer entrar? - perguntou me olhando curioso. Creio que nunca tinha tido uma parceira assim. Subimos uma escadaria estreita na Farrapos. De salto muito alto e  meio zonza de uísque - não gosto de cerveja, só destilados. Ele bebia tudo o que aparecia.Até essa época não sabia o quanto ele gostava de beber nem quanto. Entramos num lugar apinhado de gente. Pelas roupas das pessoas dava pra ver que eram pessoas humildes. Definitivamente, não era um local chique. Nem caro. Chamamos a atenção ao entrar. Achamos uma mesa tateando no escuro. O garçom se aproximou:

- Vão beber o quê?
- Uma cerveja pra mim, disse o Filho do Ogum
- Eu quero uma xícara de café preto, sem açúcar, e com uma dose de uísque...
- Dentro do café! - expliquei melhor. O garçom me olhou aturdido, não entendeu direito.
- Não temos café preto, senhora. Mas pode deixar, vamos providenciar.

No meio do salão estreito um casal copulava artisticamente, de quatro. Achei esquisito e nada excitante. Acho que fiquei com vergonha, mas tava ali só pra conhecer.

Misturar uísque com café faz parte da minha forte conexão com meus antepassados na Escócia. Lá tem isso em qualquer pub.
Saímos dali depois de uma hora, depois que terminou o show. Dormimos algumas horas num motel de beira de estrada e ele me convidou pra conhecer sua irmã que mora na serra.

Lá pelas tantas, durante a viagem, com menos álcool no cérebro, decidi que não poderia conhecer sua irmã vestida daquele jeito. Ele deu risada. Parou num shopping no caminho e comprou um par de meias pretas pra mim.

- Pronto, agora ela não vai achar que você é "da noite".... Puta, pra ser mais explícita! 

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