sexta-feira, 15 de abril de 2011

A LÂMPADA MÁGICA

A consulta com o tarólogo foi em abril, em junho fiz finalmente meu bori (iniciação) para meu orixá verdadeiro. Não podia mais ficar com a cabeça errada. Isso atrasa a vida! Nem queria morrer com o orixá errado na cabeça. A morte sempre anda a meu lado. Creio que ter essa consciência te ajuda muito a evoluir, crescer e a ter uma consciência maior, mais abrangente. Estamos aqui justamente para isso: evoluir!

O engraçado disso foi que, ao voltar pra casa, depois do "chão", como se costuma dizer na religião africana, não conseguia chegar em casa, literalmente. O período que fiquei na casa da mãe de santo, mudaram todas as mãos das ruas em que costumava usar para chegar em casa. Achei aquilo muito significativo - e engraçado. Demorei o dobro do tempo pra achar o caminho. Minha rua tinha dois sentidos, naquela noite do retorno, descobri uma rua com apenas um sentido! Morava num adorável apartamento térreo na rua Comendador Rheingantz. Minhas gatas me esperavam ansiosas.

Sentia-me bem, focada, centrada. Será que o relacionamento com o bruxo da acupuntura agora vai dar certo?, pensava. Os dias passaram. O moço moreno literalmente sumiu da minha vida. Ele era do orixá Xapanã, como não poderia deixar de ser. Muito poderoso.

Numa noite houve um temporal terrivel, chuva de granizo, ventania, raios e trovões. Minha mãe orixá se manifestando em toda sua beleza e poder. Amo tempestades!

Lá fora, no pátio da churrasqueira a lâmpada queimou, estourou, dentro do suporte tipo tartaruga. No outro dia, peguei uma chave de fenda pra tentar trocar o que sobrou da lâmpada. Não consegui, tava com parafuso enferrujado, emperrado. Eu precisava de luz no pátio. Pensei que tinha um tema de casa a cumprir e lembrei do colega moreno, aquele que perguntei quantas meias era pra botar na sacola.

Numa sexta-feira, final do expediente, ele concordou em trocar a lâmpada. Acompanhou-me de carona no meu carro. Sem maiores problemas, trocou a lâmpada e ficou mais tempo para um cafezinho e bate-papo.

Sentávamos na bancada da sala, naqueles bancos altos. Olhava pra ele sem entender o que sentia. O que sentia era uma poderosa atração, olhar dentro dos seus olhos e perceber que muito provavelmente já tínhamos trocado lâmpadas em outras vidas. De repente, perguntei, tomando coragem e tentando cumprir o tema de casa pra me tornar uma bruxa de verdade:
 - Não vai me beijar?

Desceu do banco alto e deslizou para minha frente. O destino foi cumprido. O tema de casa também e a descoberta da mancha ou sinal que a minha cigana tinha profetizado anos antes. Levando um susto enorme, lá estava o sinal marrom em sua parte mais íntima! Ali estava finalmente minha alma gêmea.

Um comentário:

  1. Uau, vc tem uma veia literária, minha amiga... já pensou nisto? Um dia podia investir, quem sabe...

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