terça-feira, 31 de maio de 2011

Meu anjo da guarda se aposentou?!

Meu anjo da guarda disfarçado pra não se incomodar comigo
Sei eu! Se aposentou, tirou férias de mim, fugiu, escafedeu-se, foi ver se estou em outra esquina, tá dormindo com Rohypnol ou Valium num quarto de motel ou numa nuvem vaporosa.

Onde está meu anjo da guarda?

Preciso acender uma vela cor de rosa para trazê-lo de volta? Uma oferenda de canjica ou pipoca e batata-doce no mato ou na beira da praia pra chamá-lo pedindo socorro? Degolar uma galinha carijó, um galo branco ou uma pomba o fariam voltar? Confessar meus pecados com um padre na igreja mais próxima? Entrar para a assembléia de Deus? Virar monge no Nepal? Fazer o Caminho de Santiago? Atirar fora todos os meus livros de astrologia? Invocá-lo aqui e agora neste blog que verte sangue (o meu) e magia? Como podem ver não estou num bom momento. Quem está?

 Pra onde foi meu anjo guardião? Você tem notícias do seu?

terça-feira, 24 de maio de 2011

Rebelião de Lúcifer no apartamento de cobertura

Meu exu guardião você pode chamar do nome que quiser, originário de alguma falange, que também não importa. Pense bem, os nomes não importam, são forças telúricas e ponto final. Ignoro também que sejam participantes de giras na quimbanda, que se dedicam a fazer o mal, que bebem pelos becos na noite escura. Isso não é exu! Tem um nome impronunciável - que não importa. No meu entendimento, são detentores de grande sabedoria e magia, que sabem e ensinam as ciências ocultas, a cabala e a astrologia. Tem poder de cura e transformação. Esses são os verdadeiros agentes da magia, não beberrões de cachaça ou uísque na noite boêmia.

Mudei para a cobertura no dia 23 de abril, dia de Ogum, ou São Jorge. Acomodei meus compadres na casa de frente para a porta de entrada do apartamento na Freire Alemão, bairro Mont'serrat, em Porto Alegre. Naquele período tinha encerrado minha experiência na religião afro.

Uma tarde notei algo estranho por fora da casinha vermelha. Abaixei-me para ver melhor o que era aquilo. Espantada, tive certeza que algo estava muito errado. Eram milhares de vermes rastejando por dentro e por fora. Horrível!

"Acho que eles não querem mais ficar comigo", deduzi tristemente.

Enquanto não sabia o que fazer, joguei no jogo do bicho, coisa que nunca fazia. Tivera um sonho significativo e impulsivamente fiz um jogo. Quebrei a banca! Ganhei muito dinheiro! E dei muitas risadas, pois sabia de onde viera aquela intuição.

Certa noite, sozinha, sentada no carpete com as cartas do tarô, vi pelo rabo do olho uma figura gigantesca cor cinza passar por mim. Sabia ser ele que me pedia a liberdade. No dia seguinte levei-os embora para nova casa de religião e lá os abandonei.

Morando com exus

Plutão na época transitava pela minha casa 4, em Escorpião


Sem Exu não se faz nada

Depois do meu encontro com o Bode na adolescência, passei um tempo apenas lendo e pesquisando muito sobre os temas ocultos. Lá pelas tantas, depois que meu primeiro casamento terminou, que fui morar num flat da Independência, que estudava astrologia na GFU - Grande Fraternidade Universal, resolvi que era hora de agir. Por minha conta e risco entrei na religião afro, afinal era o que tinha de mais mágico perto de mim. Não havia à disposição de bruxas como eu grupos wicca ou algo parecido. Em meu entendimento, a religião afro servia, como pesquisa, como curiosidade. Me deram para o orixá errado. Descobri recentemente que sou abikum, nasci pronta, portanto, ninguém pode botar sangue na minha cabeça. Naquela época foi um desastre atrás do outro. Meu coração ainda pulsava pela magia. Me entrega os exus, pedi a mãe de santo. O que ela prontamente o fez. E eles, o casal numa casinha vermelha, que chamam de tronqueira, foram morar comigo no flat da Independência.

Você deve estar achando que sou meio louca. Não discordo. Sou. Minha vida deu um salto e sobressaltos não faltaram. Imagine, morar com exus em um apartamento esmilingüido. Estava realizando um aspecto desafiador em meu mapa natal, afinal, estudava astrologia. Júpiter em Touro no Meio do céu em oposição a meu Mercúrio afogado na casa quatro, em Escorpião. Tinha que haver uma maneira de conciliar essa oposição, fazer via magia que estas duas energias interagissem, e que, finalmente, Júpiter em Touro pudesse me abençoar. Fiz isso aos trancos e barrancos. Funcionou. Mas sabe-se lá a que custo!

Tarde da noite lá ia eu despachar a bebida deles, os bifes que nunca apodreciam. A carne simplesmente endurecia desidratada dentro da casinha. Isso me encantava. Finalmente, eles estavam ali comigo.

DEGOLAR A GATA

Às vezes, tarde da noite, levantava da cama. Ali na frente da casinha embaixo da escada me acocava e conversava com os compadres. Pensamento tipo degolar minha gata era frequente. Não gostava. Com o tempo ia embora. Outros do tipo visitar o cemitério à meia-noite também eram sentidos. Chegar na frente da porta do meu apartamento, no corredor do edifício, e sentir cheiro de lixo, era um sinal. Cheiro de carne em putrefação, outro sinal. O que afinal eles estavam querendo me alertar?

Com o tempo saí da casa de religião. Mudei de endereço e levei-os junto comigo. Agora moraríamos numa cobertura e não teriam ninguém caminhando sobre a cabeça deles.

Não bebo e não fumo mais...

ENTREVISTA COM O DEMÔNIO POR EUKARIS LEWIS

Imediatamente o perfume do incenso inundou meu escritório. Ofereci um dos meus cigarros a ele. Ele recusou dizendo que não fumava há muitos milênios e nem bebia.
- Não se importa que eu fume, né?
Abanou a cabeça em negativa.
- Precisa parar com isso e transcender esta egrégora que se nutre com sua fumaça, recomendou.
"Ah... um demônio vai cuidar da minha saúde física e espiritual", pensei. "Por que não", continuei pensando.

Arrumei o cinzeiro na minha frente. Ele se acomodou na cadeira, suspirando. "Estaria entendiado?", me perguntei.

- Gosta de música? Coloquei um cedê da Enya, uma das músicas mais antiguinhas. Ele fechou os olhos, saboreando a melodia que nos remete aos tempos dos celtas, lá naquela terra enfumaçada e fria de onde provém meus ancestrais.

- Pois é, em alguma dessas vidas que vivi naquelas terras britânicas, certamente tive o prazer de conhecê-lo. - expliquei.

- Sim, com certeza. E aqui estamos de novo frente a frente, disse apoiando os cotovelos sobre a mesa.

- Eu aceito um café, se tiveres - sei que tens, - sorriu.

Providenciei o café preto. Bebemos sem açúcar!

- Me diz, por que - afinal de contas - tenho que ter você por perto? - indaguei.

- Porque pertencemos a mesma tribo. - respondeu bebericando o cafezinho. - Tenho visto que tens tido amargas experiências. Faço o que posso pra lhe proteger.

- Sim, eu sei, - respondi lembrando minha trajetória penosa pela magia e religiões afro.

- Então, quero crer, que trazendo de volta à minha casa os meus exus guardiões, tudo fica menos complicado para mim? - constatei olhando em seus olhos.

- Não precisa ser esse povo de rabo e guampa, são meras representações; não sou eu!
Parece que ficou ofendido. 

Jamais me passaria pela cabeça brigar ou discutir com o demônio ali na minha frente. Longe de mim tal atitude!

- Não precisa ter medo nenhum... - disse lendo minha mente.

Sorri sem graça, com vergonha. "Vou ter que policiar meus pensamentos", pensei.

- Não policie seus pensamentos, não precisa. Na verdade, Eukaris, gosto de você pelo que és, por sua atenticidade e amor fraterno por todos os seres. Apreciamos gente com grande coração, apaixonados pela magia, - recomendou sorrindo.

- Ufa... ainda bem.

Entrevista com o demônio

A entrevista aconteceu hoje de tarde, em minha casa, no escritório onde atendo os clientes de astrologia. Liguei e combinei o encontro. Ele, meio surpreso com o telefonema, mas satisfeito, me disse que viria. Ainda bem que ele não apareceu com aquela cara horrível da foto acima!!

Pelo contrário, vestia um blazer bege e calças alinhadas, sapatos de grife. Pedi que não usasse perfume forte. Uma flor na lapela indicaria que eu poderia deixá-lo entrar.

Cabelos negros e penteados para trás, usava gel para fixá-los. Lembrei do ator que fez ele mesmo no filme O Bebê de Rosemary, de Roman Polanski, em 1968, mais ou menos. Este filme marcou minha abertura do portal para conhecer mais os demônios. Coitados, sempre tão injustiçados.

Ele, que a partir de agora, será chamado Demônio, simplesmente, entrou devagar em meu escritório.

- Pode sentar, recomendei, acendendo  um incenso..

segunda-feira, 23 de maio de 2011

...E o Bode continua me olhando...

E eu olhando pra ele, me fazendo de desentendida. Tá bem, me aguarde meu guardião, respondo com candura mirando seus olhos, notando
que a luz em meio aos cornos aumenta de acordo com o que vai no meu coração; um braço aponta para cima e outro para baixo: assim é em cima como o é embaixo. Peraí, me aguarde que vou arranjar um jeito de ter a meu lado. Finalmente, de novo.

Presentinho para você que tem o coração cheio de feridas

Uma folhinha da árvore do conhecimento

A árvore do conhecimento não tem somente frutos proibidos, tem também galhos e folhas. Em minhas andanças pela magia e busca do autoconhecimento, separei uma folhinha verde que dizem tem grande poder de curar feridas sagradas ou nem tanto. Receitada por um mestre em feng shui, meu consultor para tentar aparar as arestas e melhores direções em minha casa neste ano de 2011, ele me ensinou com sorriso nos lábios.

- Tente, converse com a divindade. Mesmo com dor no coração, com raiva, diga ou pense: eu te amo, sinto muito, por favor me perdoe, obrigado.

Simples! Faça-o sempre que for necessário, a divindade ajudará você carregar a cruz. Já estou sentindo mais leve.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Lilith

Desperte a Lilith dentro de você

 Muito se tem escrito e pesquisado sobre um demônio feminino que se chama Lilith. Ela aparece na Bíblia, antigo testamento, nos mitos sumerianos, na cabala judaica e em todos os lugares. Em alguns, tem outro nome, como Hécate, mas reconheçamos que é um mito poderoso e, diria mesmo, atávico.  Ou se pode considerar também como parte do inconsciente coletivo. Inclusive em nosso mapa natal lá está ela postada num signo e em determinada casa astrológica. Há quem não se importe em interpretá-la no mapa natal, e há quem se importe, como eu. Lilith ou Lua Negra nos diz muito também sobre nós mesmos na astrologia.

Contudo, repare bem na ilustração da capa deste blog enfeitiçado. Podemos supor que ali está nossa Lilith com cabeça de pássaro, asas, pendurada numa cruz. Mas, veja bem, ela não está crucificada nem amarrada nem acorrentada, estes grilhões são meramente decorativos; suas armas a seus pés, dando a entender que ela pode voar dali a hora que quiser. Portanto, nossa Lilith interior também pode se soltar quando permitirmos que isso ocorra. Rebele-se! Basta isso! Seu primeiro passo é o conhecimento, que liberta. Nada nos sobra fora a oportunidade do saber, do conhecer e do experimentar.

No Gênesis, Lilith deu um "bico" no Adão que se achava o rei da cocada preta; ele insistia em copular "papai-e-mamãe", ela se recusava a tal submissão, insistindo em sentar sobre ele. De certa forma, foi a primeira discussão doméstica, que não chegou a bom termo, pois Deus já providenciava Eva para acompanhar Adão nas aventuras pelo paraíso.

Lilith deu no pé e foi morar no deserto com os demônios. Mas ela voltaria numa outra oportunidade. Transformou-se na serpente que conversou com Eva, convencendo-a a provar a maçã da Árvore do Conhecimento.

- Come, guria, esta fruta não engorda... - sibilava Lilith, enroscada na árvore.

- Não devo, o Adão já me disse pra me afastar deste lugar... - respondeu Eva ajeitando os longos cabelos louros.

Os olhos da mulher loura estavam hipnotizados pela serpente.

- Prove! - ordenou a serpente, - não se arrependerá! Terás o mesmo poder de seu Deus.

- Hannnnnnnn... tá bem, me dá esta maçã.

O final da história já conhecemos. Eva provavelmente tinha a Lua em Libra, difícil dizer não, saiu em busca do marido (librianos não sabem viver só) e convenceu-o a tornar-se tão poderoso quanto ela e Deus. Não querendo parecer fracote, Adão também comeu a maçã. Lilith, sozinha na árvore, apenas assistia a cena, sorrindo. Vendo Deus o enorme desrespeito do casal primevo, expulsou-os do Paraíso, tornando-os mortais.

Eu prefiro ser livre do que imortal. E você?

domingo, 15 de maio de 2011

Você está conhecendo a trajetória de uma bruxa

Posso sentir ao beber o gole de uísque o vento gelado das terras altas da Escócia, de chorar copiosamente ao escutar a gaita de foles, da emoção intensa ao visualizar algumas vidas passadas por estas terras de meus ancestrais e de ter visto o soldado que amei num tempo fora do tempo e que agora, neste momento, dorme  de novo em minha cama; não é mais o soldado de antes, é o Filho do Ogum. Minha alma gêmea. Leia mais sobre isto nas postagens mais antigas. Então vai compreender. I love Scotland!

Missa negra na Pucrs

Tive esse "topete" de estilizar uma missa negra em sala de aula do curso de História na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, no início dos anos setenta, no meu entendimento o "boom" do ocultismo, magia e satanismo no mundo.

Era trabalho sobre religião da cadeira de Cultura Religiosa no primeiro semestre do curso. Cada um escolheu uma religião para pesquisar e apresentar. Eu escolhi satanismo. Pensei que iam vetar ou censurar. Para minha surpresa, aceitaram. A luz de velas encenei uma missa negra. Claro que sem a mulher nua deitada no altar (seria demais!) Mas ficou bem interessante à luz de velas e com todos do grupo vestindo cor preta. Nota: dez!

E assim, mais ou menos por essa época, talvez um pouco mais cedo, como nome mágico de Eukaris, iniciei-me na magia, por minha conta e risco. Com alguns livros de magia, cabala, satanismo, montei meu altar. Nestes tempos morava isolada da família na casa dos fundos, pois minha casa estava sendo desmanchada para dar lugar ao novo sobrado de alvenaria. Nada me deixava mais feliz do que morar sozinha. Amontoada, é verdade. 

Uma tarde, com enorme cartolina branca no chão, com o livro de Eliphas Levy, copiei sua famosa ilustração que se chama Baphomet de Mendes. Levei alguns dias para aprontar, mas ficou bem bonito, igualzinho. Fiz em caneta preta. Depois de pronto fixei-o na porta do meu quarto. Minha mãe deixou de me visitar. Ela achava aquele "bicho" horrível e monstruoso. Eu achava lindo e cheio de simbolismos. Como realmente o é!

Neste dia, neste momento de viver só, com meus livros de magia, meu altar e traçando pantáculos de proteção, assinei formalmente minha iniciação. Estava recomeçando nesta vida o que tinha deixado para trás em outra. Casei com Baphomet.
   

LUA CHEIA

Ainda dá tempo!

A próxima lua cheia se aproxima. Todos sabem que é momento de grande carga energética para todos os seres do planeta Terra, onde a gente mora. Rituais de todos os tipos acontecem, há grande movimentação, as pessoas ficam a mil, excitadas, quem tem propensão a reter líquidos no corpo, incham, as delegacias de polícia aumentam seu trabalho, os hospitais de pronto socorro também tem aumentado seu atendimento, enfim, lua cheia sempre é assim, acontece todo o mês. Quando há mais de uma lua cheia no mês é conhecida como a Lua Azul. Especial!

E neste mês de maio, como ocorre todo o mês de maio, a cada ano, ocorre a Lua de Buda, ou lua búdica. Segundo os hindus, Buda teve a sua iluminação nesta fase lunar, no mês de maio, portanto, crêem eles que nesta data acontece a abertura de portais e a canalização energética vinda de dimensões mais elevadas para toda a humanidade. Aos que meditam e se alinham nessa egrégora, a energia os beneficia sobremaneira.

Portanto, ainda dá tempo de se preparar para este momento. Acontecerá no próximo dia 17 de maio, às 9h25min. Se puder, medite, acenda uma vela, sente confortavelmente, aquiete sua mente e conecte-se neste momento mágico. Não esqueça de pedir em oração que os mestres preparem-nos para a transição planetária que irá ocorrer em breve. Esteja atento. Orai e vigiai, já dizia o nosso avatar.

domingo, 8 de maio de 2011

De braços dados com Baphomet


A partir de hoje inicia uma nova etapa neste blog. Sabe-se lá se eu não fiz um pacto com o Bode de Mendes. Em pesquisa sobre ocultismo, num primeiro contato com a magia através do livro de Eliphas Levi, Dogma e Ritual da Alta Magia entrando na adolescência, tornei-me serva e seguidora da sabedoria oculta. Nesta mesma época em que uma voz em meu ouvido pronunciou meu nome mágico ou pagão: Eukaris. Portanto, eis-me aqui desnuda, com a alma exposta à luz do saber mágico, do conhecimento dos mundos superiores, do meu caminho sagrado e do meu poder pessoal. Acho que este blog deveria começar aqui. Quando me casei com Baphomet, aos 17 anos! 


BAPHOMET

(Transcrição de um dos melhores textos que li sobre o Bode de Mendes)


O PERGAMINHO SECRETO - SÃO JOÃO E A TRADIÇÃO MAÇÔNICA
por Frater WLUX 11
Baphomet (do grego), o andrógeno bode-cabra de Mendes. Segundo os cabalistas ocidentais, especialmente os franceses, os Templários foram acusados por adorar Baphomet. Jacques de Molay, Grão-Mestre da Ordem do Templo, com todos os seus irmãos, morreram por causa disso. Porém, esotérica e filosoficamente falando, tal palavra nunca significou “bode” nem qualquer outra coisa tão objetiva como um ídolo. O termo em questão quer dizer, segundo Von Hammer, “batismo” ou iniciação na sabedoria, das palavras gregas Baph e Metis, significando “Batismo de Sabedoria”, e da relação de Baphometus com Pã.
Von Hammer deve estar certo, Baphomet era um símbolo hermético-cabalístico, mas a história, tal como foi inventada pelo clero, é falsa. Pã é o deus grego da Natureza, do qual deriva a palavra Panteísmo; o deus dos pastores, caçadores, lavradores e habitantes das campinas.

Von Hammer deve estar certo, Baphomet era um símbolo hermético-cabalístico, mas a história, tal como foi inventada pelo clero, é falsa. Pã é o deus grego da Natureza, do qual deriva a palavra Panteísmo; o deus dos pastores, caçadores, lavradores e habitantes das campinas.

Segundo Homero, é filho de Hermes e Dríope; seu nome significa “Todo”. Foi inventor da chamada flauta do deus Pã, e uma ninfa que ouvisse o som desse instrumento não resistia ao fascínio do grande Pã, apesar de sua figura grotesca. Pã tem certa relação com o bode de Mendes, no que este representa, como um talismã de grande potência oculta, a força criadora da Natureza.
Toda a filosofia hermética se baseia nos segredos ocultos da Natureza e, assim como Baphomet, era inegavelmente um talismã cabalístico. O nome de Pã era de grande virtude mágica naquilo que Eliphas Levi chamava de “Conjuração dos Elementais”. Outra teoria nos leva a uma composição do nome de três deuses: “Baph”, que seria ligado ao deus Baal; “Pho”, que derivaria do deus Moloc; e “Met”, advindo de um deus dos egípcios, Set. Para conhecê-los, sugiro a leitura do livro Maçonaria – Escola de Mistérios - Seus Símbolos e Tradições, de Wagner Veneziani Costa, lançamento da Madras Editora.
A palavra “Baphomet” em hebraico é como segue: Beth-Pe-Vav-Mem-Taf. Aplicando-se a cifra Atbash (método de codificação usado pelos cabalistas judeus), obtem-se Shin-Vav-Pe-Yod-Aleph, que se soletra Sophia, palavra grega para Sabedoria.
O símbolo do Baphomet é fálico, haja vista que em uma de suas representações há a presença literal do falo, devidamente inserido em um vaso (símbolo claro da vulva). O Baphomet de Levi possui mamas de mulher, e o pênis é metaforicamente representado por um caduceu (símbolo de Mercúrio, usado hoje na Medicina). Esse tipo de simbologia sexual aparece com freqüência na alquimia (o coito do rei e da rainha), com a qual o ocultismo tem relação. O Sol e a Lua ou, até mesmo, o Sol e Vênus, a Estrela matutina e vespertina, Phosforus, Lúcifer, o Portador da Luz…
Pode ser interpretado em seu aspecto metafísico, no qual pode representar o espírito divino que “ligou o céu e a terra”, tema recorrente na literatura esotérica. Isso pode ser visto no Baphomet de Eliphas Levi, que aponta com um braço para cima e com o outro para baixo (em uma posição muito semelhante a representações de Shiva na Índia). No ocultismo, isso representaria o conceito que diz: “Assim é em cima, como é embaixo”.
Antes, porém, quero apresentar um personagem muito importante: Eliphas Levi Zahed é tradução hebraica de Alphonse Louis Constant, abade francês, nascido no dia 8 de fevereiro de 1810 em Paris. O maior ocultista do século XIX, como muitos o consideram, era filho do modesto sapateiro Jean Joseph Constant e da dona de casa Jeanne-Agnès Beaupurt. Tinha uma irmã, Paulina-Louise, quatro anos mais velha que ele. Apesar de mostrar desde menino aptidão para o desenho, seus pais o encaminharam para o ensino religioso.
Foi assim que, aos 10 anos de idade, ingressou na comunidade do presbitério da Igreja de Saint-Louis em L´lle, onde aprendeu o catecismo sob a direção do abade Hubault, que selecionava os garotos mais inteligentes que demonstravam alguma inclinação para a carreira eclesiástica. Desse modo, Eliphas foi encaminhado por ele ao seminário de Saint-Nicolas du Chardonnet, para concluir seus estudos preparatórios. A vida familiar cessou para ele a partir desse momento. No seminário, teve a oportunidade de se aprofundar nos estudos lingüísticos e, aos 18 anos, já era capaz de ler a bíblia em seu texto original.
Após 15 anos de estudos, Eliphas Levi deixou o grande seminário para ingressar no mundo; tinha então 26 anos de idade. Sua mãe, ao saber disso, suicidou-se. Abalado e sem nenhuma experiência do mundo, teve muitas dificuldades para encontrar um emprego. Essa barreira aumentava ainda mais pelo boato que correu, segundo o qual ele teria sido expulso do seminário. Após ter percorrido o interior da França, trabalhando em um circo, Eliphas encontrou em Paris alguns trabalhos como pintor e jornalista. Fundou, com seu amigo Henri-Alphonse Esquirros, uma revista intitulada As Belas Mulheres de Paris, na qual se aplicava como desenhista e pintor, e Esquirros atuava como redator.
Eliphas Levi passou por vários empregos, sempre perseguido pelo clero que via nele um apóstata. Foi então que escreveu sua Bíblia da liberdade, desejando dividir com seus irmãos as alegrias de suas descobertas (1841). Essa publicação lhe custou oito meses de prisão e 300 francos de multa! Foi acusado de profanar o santuário da religião, de atentar contra as bases da sociedade, de propagar o ódio e a insubordinação.
Ao sair da prisão, realizou pequenos trabalhos, principalmente pintura de quadros e murais de igrejas, e fez colaborações jornalísticas. Apesar dos contratempos materiais, não deixou jamais de aperfeiçoar seus conhecimentos e enriquecer sua erudição. Foi após Emanuel Swedenborg que encontrou os grandes magos da Idade Média, os quais o lançaram definitivamente no Adeptado: Guillaume Postel, Raymond Lulle, Henry Corneille Agrippa. Assim, em 1845, aos 35 anos de idade, escreveu sua primeira obra ocultista, intitulada O Livro das Lágrimas ou o Cristo Consolador.
Em 1855, fundou a Revista Filosófica e Religiosa (cujos artigos principais se encontram em seu livro A Chave dos Grandes Mistérios. Nesse mesmo ano, publicou seu Dogma e Ritual da Alta Magia e o poema Calígula, identificando no personagem o imperador Napoleão III. Por causa disso, foi preso imediatamente. No fundo da prisão escreveu uma réplica, o Anti-Calígula, retratando-se. Foi então posto em liberdade.
No dia 31 de maio de 1875, faleceu Eliphas Levi. Aqueles que o acompanharam até o último momento testemunharam sua grande coragem e resignação. No momento de expirar, estava bastante calmo. Sua vida tinha sido plena de realizações espirituais. Havia cumprido a missão de iniciado e de iniciador.
“Toda intenção que não se manifesta por atos é uma intenção vã,
e a palavra que a exprime é uma palavra ociosa. É a ação que prova a vida, e é também a ação que prova e demonstra a vontade.
Por isso está escrito nos livros simbólicos e sagrados que os homens serão julgados, não conforme seus pensamentos e suas idéias, mas segundo suas obras.
Para ser é preciso fazer…”
A ilustração mais famosa de Eliphas Levi sobre Baphomet, que muitos conhecem, seja de cartas de Tarot, como o demônio, seja como símbolo ocultista, é esta: “Figura panteística e mágica do absoluto. O facho colocado entre os dois chifres representa a inteligência equilibrante do ternário; a cabeça de bode, cabeça sintética, que reúne alguns caracteres do cão, do touro e do burro, representa a responsabilidade só da matéria e a expiação, nos corpos, dos pecados corporais. As mãos são humanas, para mostrar a santidade do trabalho; fazem o sinal do esoterismo em cima e em baixo, para recomendar o mistério aos iniciados e mostram dois crescentes lunares, um branco que está em cima, o outro preto que está em baixo, para explicar as relações do bem e do mal, da misericórdia e da justiça. A parte baixa do corpo está coberta, imagem dos mistérios da geração universal, expressa somente pelo símbolo do caduceu. O ventre do bode é escamado e deve ser colorido em verde; o semicírculo que está em cima deve ser azul; as pernas, que sobem até o peito, devem ser de diversas cores. O bode tem peito de mulher e, assim, só traz da humanidade os sinais da maternidade e do trabalho, isto é, os sinais redentores. Na sua fronte e em baixo do facho, vemos o signo do microcosmo ou pentagrama de ponta para cima, símbolo da inteligência humana que, colocado assim, embaixo do facho, faz da chama deste uma imagem da revelação divina”.
Esse panteu deve ter por assento um cubo e, para estrado, uma bola e um escabelo triangular. É uma boa representação; no entanto, peca historicamente e não deve ser tomado como “verdadeiro” Baphomet, pois essa figura é muito parecida com a curiosa representação do Diabo, esculpida alguns anos antes da sua “tese”, em 1842, no pórtico da igreja de Saint-Merri, em Paris.
Em relação aos Templários, encontramos uma gárgula que poderia ter servido de inspiração a Levi na comendoria de Saint Bris le Vineux que pertencia à Ordem.
Spectrum nos dá alguns esclarecimentos: “…Em meio às diversas polêmicas que compõem o tema do satanismo, alguns pontos não ficam totalmente esclarecidos. Por exemplo, a representação de uma cabra com corpo humano encontrada nos cultos do satanismo religioso é denominada Baphomet, que já era conhecida desde os tempos pré-cristãos. Portanto, não possui nenhuma relação com o demônio conhecido no cristianismo. Para os satanistas, Baphomet é uma energia da natureza que os motiva a conseguir nossos objetivos. Nesse caso, a cabra com corpo humano e asas simboliza força, fertilidade e liberdade, características muito valorizadas pelos povos pagãos.
O pentagrama é um símbolo encontrado originalmente nas culturas pré-cristãs com diversos significados. No caso do satanismo religioso, é utilizado com duas pontas voltadas para cima, representando a face de Baphomet.
A origem da cruz invertida nos remete a São Pedro, que não se julgava digno de morrer como Jesus e pediu para ser crucificado de cabeça para baixo. Esse símbolo é encontrado na Basílica do Vaticano, no trono ocupado pelo Papa. Porém, a cruz invertida também foi adotada por grupos que se intitulam satanistas ou anticristãos”.
Na época dos celtas, o homem reconhecia o espírito animador dos seres vivos. Ele era geralmente descrito como o Deus Cornudo, um homem com chifres. Era uma força sem moralidade, que não podia ser aplacada e com ela não se podia barganhar. Era simbolizada como o Deus Cornudo porque conferia certos poderes sobre os animais, e um homem com chifres porque representava algo extra que o homem poderia conquistar. Os chifres duplos simbolizavam a natureza bipolar da força que era tanto boa quanto má, luz e escuridão, beleza e terror, positivo e negativo. Ainda mais, a imagem do Deus Cornudo dava uma impressão da espantosa e temível natureza desse tipo de poder.
Blavatsky relaciona Baphomet a Azazel, o bode expiatório do deserto, de acordo com a Bíblia Cristã, cujo sentido original - segundo a célebre ocultista russa - foi deploravelmente deturpado pelos tradutores das Sagradas Escrituras. Ela ainda explica que Azazel vem da união das palavras Azaz e El, cujo significado assume a forma de um interessante “Deus da Vitória”. Não obstante a essa definição, Blavatsky vai além em seus preceitos, quando equipara Baphomet - O Bode Andrógino de Mendes - ao puro Akasha, a Primeira Matéria da Obra Magna.
O Akasha é o princípio original, o espaço cósmico, o éter dos antigos, o quinto elemento cósmico. Ele é o substrato espiritual do Prakriti diferenciado. Segundo a Teosofia, ele está relacionado a uma força chamada Kundalini. Eliphas Levi o chamou de Luz Astral. Na Filosofia Hindu é um lugar, o elemento éter. Também significa ar, atmosfera, luz. Designa o espaço sutil onde estão armazenados todos os conhecimentos e feitos humanos, desde os primórdios. É a memória da humanidade. Corresponde ao Inconsciente Coletivo de Carl Jung.
O deus Pã, antiqüíssima divindade pelágica especial para Arcádia, é o guarda dos rebanhos que ele tem por missão fazer multiplicar. Deus dos bosques e dos pastos, protetor dos pastores, veio ao mundo com chifres e pernas de bode. Pã é filho de Mercúrio. Era muito natural que o mensageiro dos deuses, sempre considerado intermediário, estabelecesse a transição entre os deuses de forma humana e os de forma animal. Parece, contudo, que o nascimento de Pã provocou certa emoção em sua mãe, ela ficou assustadíssima com tão esquisita formação. As más línguas diziam que, quando Mercúrio apresentou o filho aos demais deuses, todo o Olimpo desatou a rir. Mas como é provável que haja nisso um pouco de exagero, convém restabelecer os fatos na sua verdade, e eis o que diz o hino homérico sobre a estranha aventura: “Mercúrio chegou a Arcádia, que era fecunda em rebanhos; ali se estende o campo sagrado de Cilene. Nesses páramos, ele, deus poderoso, guardou as alvas orelhas de um simples mortal, pois concebera o mais vivo desejo de se unir a uma bela ninfa, filha de Dríops. Realizou-se então o doce enlace matrimonial. Por fim, a jovem ninfa deu à luz o filho de Mercúrio, menino esquisito, de pés de bode e testa armada de dois chifres. Ao vê-lo, a nutriz abandona-o e foge. Espantam-na aquele olhar terrível e aquela barba tão espessa. Mas o benévolo Mercúrio, recebendo-o imediatamente, colocou-o no colo, cheio de júbilos. Chega assim à morada dos imortais ocultando o filho, cuidadosamente, na pele aveludada de uma lebre. Depois, apresenta-lhes o menino. Todos os imortais se alegram, sobretudo Baco, e dão-lhe o nome de Pã, visto que para todos foi considerado um objeto de diversão”.
Conta-se que as ninfas zombavam incessantemente do pobre Pã em virtude do seu rosto repulsivo, e o infeliz deus, ao que se diz, tomou a resolução de nunca amar. Mas Cupido é cruel, e afirma uma tradição que Pã, desejando um dia lutar corpo a corpo com ele, foi vencido e abatido diante das ninfas que se riam.
O deus Pã, entidade silvestre extremamente lúbrica (por isso é metade homem, metade bode), assedia a deusa Afrodite, personificação do amor carnal, com um sorriso maroto; Eros, que personifica o impulso amoroso, empurra com ar brincalhão e malicioso os chifres de Pã, ocultando-os. Eros era considerado filho de Afrodite e de Ares, deus da guerra. Sua forma também me faz lembrar de outro deus, um deus Egípcio, AMON, que muitas vezes é representado também como um bode, com chifres grandes. Amon era o deus do oculto, do escuro… da noite… do invisível…
No século XX, o controvertido ocultista inglês Aleister Crowley desenvolveu um culto e uma religião que têm como um de seus principais fundamentos exatamente o referido ídolo templário, segundo sua própria e peculiar concepção de Baphomet. O entendimento de Crowley por certo lançará mais matérias à reflexão sobre este discutível tema, bem como ajudará a avaliar o modo polêmico de abordagem desse mistério, modo este que é típico de uma crescente vertente de ocultistas contemporâneos.
Ao longo das obras de Crowley, são fartas as referências a Baphomet, chamado por ele de “Mistério dos Mistérios”, no cânone central de sua religião, composto na forma de um missal denominado Liber XV - A Missa Gnóstica. Tal era sua identificação com Baphomet, que esse nome foi adotado como um de seus mais importantes pseudônimos, ou motes mágicos.
O assunto é tão relevante que nos Rituais de Iniciação da Ordo Templi Orientis, uma das Ordens lideradas por Crowley, praticamente todas as consagrações são feitas em nome de Baphomet, não importando se os consagrados estejam conscientes ou não a respeito do sentido de tal ato e muito menos de suas implicações futuras. Tamanha é a proeminência do conceito implícito ao termo que no VI Grau da referida Ordem, a título de ilustração, numa clara referência a suas supostas raízes orientais, a palavra Baphomet é declarada como aquela que comporta os Oito Pilares (as oito letras que formam a palavra) que sustentam o Céu dos Céus, a Abóbada do Templo Sagrado dos Mistérios, no qual está o Trono do Rei Salomão.
Ainda em sua Missa Gnóstica, Crowley identifica Baphomet com um símbolo chamado “Leão-Serpente”, que, assim como Baphomet, é a representação do andrógino ou hermafrodita. Mais especificamente, ele é um composto que possui em si mesmo o equilíbrio das forças masculinas e femininas transmu-tadas num só elemento.
O Leão-Serpente, na verdade, é uma forma cifrada de mencionar a concepção humana, a união dos princípios masculinos (Leão) com os femininos (Serpente), ou do espermatozóide com o óvulo, formando o zigoto. Há, seguindo com os preceitos de Crowley, diversos modos de mencionar essa dualidade: Sol e Lua, Fogo e Água, Ponto e Círculo, Baqueta e Taça, Sacerdote e Sacerdotisa, Pênis e Vagina, além de várias outras duplas de eternos polares. E eu tomo a liberdade de acrescentar A Espada e o Graal.
Originalmente, o símbolo representado pelo Leão-Serpente consta em alguns dos mais antigos documentos gnósticos, os quais remontam ao começo do século II d.C. Apresentado sob a forma de uma figura arcôntica com cabeça de leão e corpo de serpente, o Leontocéfalo era a própria imagem do Demiurgo do Mundo, sendo a versão gnóstica para o Jeová mosaico. Crowley, ao se utilizar desse mesmo simbolismo, pretendia resgatar os cultos de um cristianismo hoje considerado primitivo.
Crowley e seus adeptos, entretanto, não se detêm apenas em demonstrar o Mistério de uma forma puramente alegórica. A “Luz da Gnose”, como é chamada, é celebrada de modo literal. Assim, o ponto máximo da encenação de seu missal consiste na celebração do Supremo Mistério, ou seja, durante a realização das Missas Gnósticas ocorre a comunhão, por parte de todos os partícipes da cerimônia, das hóstias, também chamadas de hóstias dos céus, ou bolos de luz, preparadas com sêmen e fluido menstrual. De acordo com Crowley, Baphomet, sob o nome Leão-Serpente, surge desse composto, da matéria primeva, oriunda da grande obra, ou seja, do ato sexual entre Sacerdote e Sacerdotisa.
Por meio dos poderes mágicos dos operantes do rito da grande obra, a matéria primeva é transmutada em “Elixir”, ou “Amrita”. A grande obra, contudo, por meio das propriedades mágicas da fórmula de Baphomet, ainda teria a capacidade de transmutar os operantes do rito e não apenas as substâncias que o compõem. Baphomet, assim como concebido por Crowley, é então o Elixir ou tintura da sabedoria, o veículo da Luz da Gnose, a qual compõe o Mistério Místico Maior, também chamado segredo central de sua Ordo Templi Orientis.
Crowley considerava Baphomet como o supremo Mistério Mágico dos Templários, segredo este que estaria concentrado nos graus superiores de sua Ordem. Da mesma forma, ele clamava que esse era o mesmo mistério oculto nos graus superiores da Maçonaria. Será que ele se enganou? Ou conhecia um outro rito na Maçonaria?
Bibliografia:
BANZHAF, Hajo e THELER, Brigitte. O Tarô de Crowley - Palavras-Chave. São Paulo: Madras Editora, 2006.
BORGES, Jorge Luis. O Livro dos Seres Imaginários. Rio de Janeiro: Editora Globo, sd.
CARROLL, Peter James, texto traduzido por Pássaro da Noite.
CROWLEY, Aleister. O Livro de Thelema. São Paulo: Madras Editora, 2000.
KING, Francis. Sexuality, Magic & Pervesion, p. 98. Los Angeles: Feral House, 2002.
–. The Secrets Rituals of the O.T.O., p. 164. Nova York: Samuel Weiser, 1973.
LEVI, Eliphas. Dogma e Ritual de Alta Magia. São Paulo: Madras Editora, 2004.
–. A Chave dos Grandes Mistérios. São Paulo: Madras Editora, 2005.
RAPOSO, Carlos. In: “Baphomet”, Revista Sexto Sentido.
STANLEY, Michael (coordenação). Emanuel Swedenborg. São Paulo: Madras Editora, 2006.

(Extraído do blog de Wagner Veneziani Costa chamado O Editor)


Cemitério de Formigas

Quem tem jardim sabe a destruição que as formigas cortadeiras propiciam. E na minha casa de infância elas faziam suas trilhas carregando enormes pedaços de folhas. Observadora, deitava no chão, bem perto de suas trilhas, tentando descobrir como conseguiam carregar pedaços tão grandes, como se comunicavam, cada vez que uma formiga passava pela outra - dando uma paradinha e movimentando antenas ou se cheirando - depois seguindo seu caminho a um ninho que ninguém conhecia.

Iniciei minha experiência com esses insetos. "Quando crescer vou ser cientista", dizia pra todo o mundo. Ali deitada no chão, na terra, vendo a trilha organizada, retirei uma folha de uma formiga. Foi um estardalhaço! Elas se perdiam. Botava de novo o pedaço da folha perto da formiga. Chegava perto, cheirava ou algo parecido e ia embora, contando para todas as amigas que tinha alguém que podia puxar sua bagagem.

Esperava algum tempo. Colocava obstáculos na trilha. E era aquela alaúza de novo. E assim passava meu tempo, brincando com as formigas. Um dia, tive uma idéia (plutoniana): construir um cemitério no canteiro para as formigas. Passei um tempo procurando as formigas falecidas. Não achei nenhuma. Agora me comparo com o personagem, o  prefeito da novela da Globo, O Bem Amado, que queria que alguém da cidade morresse para poder inaugurar o cemitério municipal. Enfim, nenhuma formiga morria!

Matei uma. Enterrei-a numa pequena cova e fiz uma cruz com palito de fósforo. Botei uma flor. Inaugurei o cemitério de formigas. Ficou até bem bonito, com o tempo cheio de pequenas cruzes. Com lindas florezinhas coloridas (maria-sem-vergonha).

Como toda a criança, logo enjoei do meu cemitério e o abandonei. Urano natal proeminente deu as caras. Faria uma experiência radical com as formigas: congelá-las no congelador da geladeira. Peguei uma e ali no ambiente congelante a deixei para ver o que acontecia. Naturalmente, ficava dura, como o picolé. Retirava um tempo depois e a colocava sob o sol quente. Vertia uma aguinha dela e o bichinho saía caminhando. Sua vida havia parado por alguns minutos e ela nem tinha noção disso. Portanto, tinha o poder da vida e da morte das formigas. Plutão se manifestando cedo em minha vida!

Certa vez, deixei a pobre formiguinha muito tempo dentro do congelador. Corri e botei ao sol. Nada. Aquela tinha morrido. E lá ia eu enterrar o bichinho duro no cemitério. Uma florzinha no seu túmulo.

Já passa do tempo de enterrar os mortos

Uma vez, no meio do caminho, conheci um xamã. Adorável, parecia um viking que, segundo ele, tinha sido mesmo em outras vidas. Gordo, muito louro e com muita sabedoria; jovem, por volta dos quarenta. Contei a ele minha dificuldade em enterrar meus bebês mortos prematuramente. Propôs um trabalho xamânico exclusivo para essa dor que não passava. Pensei na sua proposta. Fui a seu escritório para planejar as datas das sessões e o pagamento. Algumas semanas se passaram. Organizada em tempo disponível e financeiramente liguei para sua casa a fim de combinar o começo do tratamento proposto.

- Alô, gostaria de falar com Haymar.

A voz ficou muda do outro lado da linha.

- Alô? - insisti.

- Lamento informar, ele faleceu semana passada - era a esposa dele.

- Como assim? - perguntei estarrecida.

- Ele teve um AVC (derrame cerebral)

Sem saber o que dizer, apenas "lamento muito", desliguei o telefone e desabei chorando.

Pronto! Mais um morto que vou precisar enterrar, se conseguir...

O processo do luto, tipicamente plutoniano, é algo difícil de elaborar. Provavelmente meu luto ainda se mantém vivo, doendo a cada instante, toda a semana, por anos e anos a fio. Quero enterrar meus bebês, não lembrar mais nada - não consigo. Talvez Haymar, lá do outro lado, consiga levá-los a passear por praças bonitas, verdejantes e floridas.

Bebês sentados no colo de Deus

Em homenagem ao Dia das Mãe, no segundo domingo de maio, homenageia-se também aquelas mulheres que não foram agraciadas com a maternidade. A maioria, assim como eu, não tem a mínima idéia do motivo da perda de seu filho (embrião ou feto); a medicina não tem tempo para este tipo de pesquisa médica. Provavelmente, a Natureza se encarregou deste descarte, em geral por má-formação. Todo o mundo quer um bebê sadio! Se você se identifica comigo no dia de hoje, seu bebê perdido está no colo de Deus, ninguém lhe deu um ramo de flores, nem presentes nem telefonemas e sentiu-se também bombardeada pela mídia (a semana inteira) dizendo das melhores ofertas para o dia das mães, então me dê sua mão, aquietemos nossos espíritos em meditação: nossos pequenos filhos talvez nos enviem uma mensagem
lá do céu, dizendo que, apesar de tudo, nos amam e gostariam de ter ficado conosco. A Natureza falhou conosco, mulheres pela metade. Feliz Dia das Mães pela Metade! 

terça-feira, 3 de maio de 2011

Bordado & Croché

Também tinha esta aula no colégio São Francisco de Assis. O nome era aula de artes, que incluía o aprendizado da costura, bordar e fazer croché. Pintura em tecidos até gostava, mas agulha e linha não era comigo - isso até hoje.

As aulas eram de manhã. De manhã nunca funciono muito bem. Funciono melhor de noite. Custo a acordar. Demorava uns trezentos anos para tomar a xícara de café com leite. Aquilo não esfriava nunca! Comia o pedaço de pão com manteiga ou presunto e o café com leite ali na xícara, pelando de tão quente. Assoprava. Não esfriava. Acho que tinha algo mágico nisso. Era irritante. Por fim despejava o café no pires pra ver se melhorava, E nada. Ia amornando devagar. E eu já tinha comido o pão. Não poderia me dar ao luxo de comer mais uma fatia de pão. Por fim, tomava um pouco daquela coisa eternamente quente e saía pra aula.

Lá pelas dez da manhã já estava com fome de novo. E tinha que aprender a fazer croché. A professora habilidosa era uma freira chinesa. Seu rosto perfeitamente redondo. Mal falava português. Sorrindo sempre me ensinava a pegar a agulha e linha. Não tinha jeito, eu não conseguia aprender aquilo. E as outras gurias já teciam rapidamente e podia ver algo tomar forma.

Satisfeita a freira chinesa andava em volta das alunas, orientava e sorria sem parar.Com fome e fingindo fazer croché, ficava pensando que ela poderia ensinar a fazer comida chinesa: isso eu aprenderia com prazer.

Sentada, lá num cantinho, fazendo de conta que fazia croché, esperava ansiosa a sineta tocar. A sineta tocou, era hora do recreio. Saía correndo e me enfiava no restaurante do colégio. Ali sim gostava de ficar. A freira cozinheira era ruiva, coberta de sardas, magra e alta. Era a única que usava o hábito com as mangas arregaçadas. Não se podia contemplar os braços das freiras! Mas ela sim, afinal, trabalhava no fogão e na limpeza, além de servir os lanches. O mais interessante é que ela tinha um gato exatamente da cor dela, malhado, cor de laranja. Adivinhe se eu não matava as aulas seguintes para brincar com o gato e comer?

Nunca aprendi a bordar nem fazer croché.

Meu bullyng favorito


Muito em moda hoje em dia, inclusive com nome em inglês. No meu tempo era implicância, encheção de saco, gente com espírito de porco. Estava no colégio das freiras, chamava-se São Francisco de Assis. Um santo maravilhoso que até hoje nele tenho fé. Pena que as freiras, na época, não estavam à altura do santo homem! Havia preconceito nesta escola, alunos com bolsa, alunos sem bolsa, ou seja, pagavam em dinheiro as mensalidades. E, como não poderia deixar de ser, tinha a Madre Superiora, aquela que interagia com mais proximidade com os alunos. Tinha que usar, sem desculpa, saia abaixo do joelho, camisa branca impecável, bermuda franzida para a ginástica. Imagine isso! Todas pareciam repolhos correndo para um lado e outro. Patéticas.

Lembro de numa manhã gelada e com nevoeiro ter sido mandada embora ao chegar no portão da escola para entrar. Meu uniforme não estava de acordo! Por baixo da saia fininha minha mãe tinha me sugerido usar uma calça de lã, o que a madre não admitiu!

E assim era a rotina naquele colégio. Lá pelas tantas, eu era líder de algumas meninas, enquanto que outra colega liderava outro grupo. Não lembro que encrenca tinha. Ninguém suportava se olhar. E o tempo foi passando e a implicância aumentando. A raiva do grupo oponente recaía sobre mim. E fui aguentando, aguentando, aguentando. Meu apelido: a gorda! Debochavam e me imitavam. Meu ódio subiu a níveis elevados. Um dia decidi. Vou dar fim nessa situação.

Esperei a guria líder do outro grupo sair do colégio. Sabia que ela fazia a pé o mesmo trajeto que eu. Foi fácil. Quando ela passou por mim não tive dúvidas, quebrei ela a pau, sem encostar minha mão! Só com a minha  enorme e pesada pasta de couro, rodopiando-a de um lado a outro. Um vizinho ouviu os gritos dela e veio apartar, acho que quebraria ela mesmo. Ela saiu correndo e eu, satisfeita, fui embora para casa. Pronto. Terminou a implicância, os apelidos, os desaforos.

Se você está sofrendo com alguma coisa semelhante, pense nisso. Uma boa surra resolve!

A Maldição

Maldições parecem ser coisa dos tempos medievais, coisa de bruxas antigas da Idade Média, contos de fadas e feiticeiras; ou mesmo a maldição de Tuthankamon, o faraó menino que deixou aviso na entrada de seu túmulo, dizendo que quem ali entrasse estaria amaldiçoado. Não nessas palavras, mas algo parecido. E todos que ali estiveram, morreram de causas desconhecidas, subitamente e não naturais. Menos o arqueólogo Howard Carter. Dizem que ele estava protegido pelo anel atlante. Sugiro pesquisa desse tema fascinante, tanto do anel atlante como a história dessa descoberta. Depois de minha peregrinação para descobrir por meios não convenconais por que razão perdi meus filhos dentro do útero - já que a medicina me virou do avesso e nada descobriu - fui parar na frente de um pai de santo, filho de Xapanã, que do outro lado da mesa dos búzios me disse:

- É praga.

Altamente recomendado por uma amiga, fiquei olhando pra ele sem entender. Pode uma praga ter esta força? Depois, com o tempo, analisando trânsitos planetários da época do primeiro aborto, reconheci que a resposta do pai de santo sobre meu problema tinha algum sentido. Sim, eu poderia ter sido amaldiçoada!

Estava com 26 anos. Fiquei grávida. Sem ter planejamento nenhum. Por acaso. Estava engordando e minhas roupas não cabiam em mim. Por ser mais barato, recomendaram uma costureira que recém tinha se mudado para perto da minha casa. Lá fui eu com a barriga crescendo, toda entusiasmada. Contato inicial sem problemas. Era uma mulher jovem, bonita e tinha olhos verdes. Tirei medidas. Comprei vários tecidos para batas e vestido. Quando chegou a hora de provar, ela me ligou dizendo para ir a sua casa. Bati na porta. Nada. Bati, bati, bati. Espiei pelo portão da garagem e lá estava ela, sentada nos fundos com outras pessoas. Bati na porta de ferro da garagem. Ela me olhou e continuou onde estava. Fui embora.

No dia seguinte fui lá de novo. Não me recebeu. Só abriu a porta e, muito zangada, me mandou embora. Eu, enfurecida, pedi meus tecidos de volta! A costureira jogou-os porta afora, tudo rasgado! Juntei tudo do chão e fui embora sem entender nada de nada. Por que a costureira agiu dessa maneira? Era louca? Era sensitiva e sentiu alguma coisa de minha energia que não lhe agradou?

Não sei, só sei que após alguns meses, perdi o primeiro nenê, e depois mais três! Nunca consegui ter filhos.

Viamão

Por insistência de uma amiga, lá fui eu me embrenhar por trilhas e matos à procura de grande cartomante, em Viamão, região metropolitana de Porto Alegre. Ela queria saber com qual namorado deveria ficar, tinha dois e não sabia se decidir. Eu, naturalmente, queria saber a mesma coisa de sempre.

Havia muita gente. Ficamos esperando atendimento umas três horas. Minha amiga foi à consulta primeiro. Quando chegou minha vez, entrei no local (separado da casa) em que a mulher atendia. Ela levantou a cabeça para me olhar e disparou:

- Vá embora! Saia daqui!!!!!!!!!!!!!!!!!!! - aos gritos.

Parecia que tinha visto o demônio pessoalmente.

Sem entender, saí rapidamente da casinha. De novo sem entender nada! E não entendo até hoje!

Teria eu a meu lado algo poderoso que assusta as pessoas? Meu anjo da guarda na verdade é um demônio da guarda?