terça-feira, 24 de maio de 2011

Rebelião de Lúcifer no apartamento de cobertura

Meu exu guardião você pode chamar do nome que quiser, originário de alguma falange, que também não importa. Pense bem, os nomes não importam, são forças telúricas e ponto final. Ignoro também que sejam participantes de giras na quimbanda, que se dedicam a fazer o mal, que bebem pelos becos na noite escura. Isso não é exu! Tem um nome impronunciável - que não importa. No meu entendimento, são detentores de grande sabedoria e magia, que sabem e ensinam as ciências ocultas, a cabala e a astrologia. Tem poder de cura e transformação. Esses são os verdadeiros agentes da magia, não beberrões de cachaça ou uísque na noite boêmia.

Mudei para a cobertura no dia 23 de abril, dia de Ogum, ou São Jorge. Acomodei meus compadres na casa de frente para a porta de entrada do apartamento na Freire Alemão, bairro Mont'serrat, em Porto Alegre. Naquele período tinha encerrado minha experiência na religião afro.

Uma tarde notei algo estranho por fora da casinha vermelha. Abaixei-me para ver melhor o que era aquilo. Espantada, tive certeza que algo estava muito errado. Eram milhares de vermes rastejando por dentro e por fora. Horrível!

"Acho que eles não querem mais ficar comigo", deduzi tristemente.

Enquanto não sabia o que fazer, joguei no jogo do bicho, coisa que nunca fazia. Tivera um sonho significativo e impulsivamente fiz um jogo. Quebrei a banca! Ganhei muito dinheiro! E dei muitas risadas, pois sabia de onde viera aquela intuição.

Certa noite, sozinha, sentada no carpete com as cartas do tarô, vi pelo rabo do olho uma figura gigantesca cor cinza passar por mim. Sabia ser ele que me pedia a liberdade. No dia seguinte levei-os embora para nova casa de religião e lá os abandonei.

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