domingo, 12 de janeiro de 2014

Arquétipo da bruxa


Arquetipicamente, a bruxa esteve e ainda prossegue estando no exílio do exílio — uma estranha mesmo entre estranhos.


Através da história, as bruxas têm se instalado no interior de todas as culturas, mas nunca francamente aceitas; elas têm representado estranhos papéis, sendo às vezes bodes expiatórios, comumente perseguidas, porém muitas vezes também procuradas como conselheiras, curandeiras ou em busca de consolo. Por meio da bruxa as pessoas encontram um elo com o mundo encantado, isto é, com uma realidade mágica que temem e desejam. Seguidamente temos de carregar a projeção de violentos anseios de outras pessoas, sexual ou psiquicamente, e algumas bruxas desempenham este papel, pois a natureza mágica pode ser mal-empregada, como qualquer outro poder.

Não acredito que possamos algum dia institucionalizar ou formalizar o culto às bruxas. Então, não seria mais feitiçaria. No entanto, creio que estamos maduras para uma volta às nossas raízes (dispersas?) em maior escala. Não vejo por que um grande número de pessoas não pode venerar a Deusa e o Deus, celebrando as estações, do modo como tenho descrito. Mas se fôssemos multidões, talvez não nos chamassem de bruxas (a não ser que tivéssemos imensas aptidões como lançadoras de feitiços, perdendo a estranheza arquetípica).

Mas o mundo dos meus sonhos é onde espero que algum dia chegaremos: o mundo da reconciliação.

Enquanto isso, como bruxas, podemos trabalhar magicamente, para ajudar o advento desse dia; mas temos um pé na terra das fadas e outro nos lugares onde vivem os miseráveis.

Somos os intrusos.

Por Rae Beth

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