Arquetipicamente, a bruxa esteve e ainda prossegue estando no exílio do exílio — uma estranha mesmo entre estranhos.
Através da história, as bruxas têm se instalado no interior de todas as culturas, mas nunca francamente
aceitas; elas têm representado estranhos papéis, sendo às vezes bodes
expiatórios, comumente perseguidas, porém muitas vezes também procuradas
como conselheiras, curandeiras ou em busca de consolo. Por meio da
bruxa as pessoas encontram um elo com o mundo encantado, isto é, com uma
realidade mágica que temem e desejam. Seguidamente temos de carregar a
projeção de violentos anseios de outras pessoas, sexual ou
psiquicamente, e algumas bruxas desempenham este papel, pois a natureza
mágica pode ser mal-empregada, como qualquer outro poder.
Não
acredito que possamos algum dia institucionalizar ou formalizar o culto
às bruxas. Então, não seria mais feitiçaria. No entanto, creio que
estamos maduras para uma volta às nossas raízes (dispersas?) em maior
escala. Não vejo por que um grande número de pessoas não pode venerar a
Deusa e o Deus, celebrando as estações, do modo como tenho descrito. Mas
se fôssemos multidões, talvez não nos chamassem de bruxas (a não ser
que tivéssemos imensas aptidões como lançadoras de feitiços, perdendo a
estranheza arquetípica).
Mas o mundo dos meus sonhos é onde espero que algum dia chegaremos: o mundo da reconciliação.
Enquanto isso, como bruxas, podemos trabalhar magicamente, para ajudar o
advento desse dia; mas temos um pé na terra das fadas e outro nos
lugares onde vivem os miseráveis.
Somos os intrusos.
Por Rae Beth
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