Se me fosse dada a permissão ao conselho:
Diria para que grites. Fale o mais alto que puder.
Ao menos uma vez.
Seja indelicado, frio. Diga o que não deve ser dito. Tome o salvo conduto do erro, ao qual padece a humanidade.
Fique sujo, inquieto. Não aceite a dor do irreconhecível. Escale uma montanha quando o corpo não permitir. E cante uma canção proibida, na mesa de família.
Entregue o jogo, pelo simples prazer da autodestruição. Ranja os dentes, e diga sua palavra mais suja, no púlpito.
Erre mais de uma vez o mesmo erro, e delicie-se com o resultado.
Faça o que nem veio à cabeça. Perca o controle. Esmurre algo sólido, duro. Sangre.
Exponha-se ao ridículo, desafine. Fique sem palavras, e não cale. Passe a vez, desista. Force a barra.
Engorde. Aproveite a feiura de um dia ruim. Tenha um prazeroso desafeto, excomungue.
Maltrate-se e trate-se como for. Finja de morto.
Suba, ao descer. Faça o contrário. Seja óbvio e torpe. Ria.
Disque um número qualquer, e dê notícias. Seja inconveniente, pesado. E abandone. Largue o que for de vidro. Recorte-se.
E morra. Ao menos uma vez.
Texto de Jonas Lewis
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