domingo, 31 de agosto de 2014
sexta-feira, 22 de agosto de 2014
Deus se enganou
Deus |
Desde a última vez que o vi era mais jovem, sem barba, cabelos encaracolados, sem rugas e tinha um jeito jovial e sem essa cara de mau humor aí do lado. Não estava rodeado por anjos nem batia boca com o demônio. Usava sapatos de boa qualidade feitos em Novo Hamburgo, não segurava esse pau ameaçador; roupas confortáveis e admitia que não era perfeito, pois arrependia-se de ter mandado seu filho Jesus a esse planeta para no fim morrer de forma tão cruel. Mas, enfim, já tinha feito e não podia desfazer.
Ele me disse:
- Sabe, minha filha, enviei Jesus pro planeta errado, na hora errada. Não queria seu sofrimento nem sua morte. Isso devia ter um final feliz, não trágico.
E eu fiquei pensando, se Deus se enganou com seu único filho, o que pensar de seu provável engano de me enviar para onde estou. Ele leu meu pensamento e me pediu perdão.
- Perdoe-me, cometi um erro. Mas da próxima vez vou te enviar pro lugar certo. Apenas tenha paciência.
Sentada ao lado desse velho de hoje, ajeitando-me na fofa nuvem branca, minha dor quase desapareceu.
- Obrigada, senhor Deus. Pense comigo, e se tivesse mandado no lugar de Jesus uma filha para salvar os homens daquela época...
- Eu tenho uma filha muito amada, mas não teria coragem de enfrentar todo aquele sofrimento na cruz, até porque ela rapidamente se apaixonaria e teria um bebê, meu neto. Então acho que Jesus cumpriu sua missão.
- E o senhor não pensa que sua filha teria essa coragem de lutar e levar a todos os homens a sua palavra! - indaguei.
- Confesso que não sei. Mulheres são complicadas, tem TPM e desejos estranhos... Por isso, as mulheres são feiticeiras, tem sabedoria e muitos poderes. Quem sabe num tempo distante eu possa mandar uma mulher para morrer na cruz e nos salvar. Quer se candidatar nessa futura missão, minha filha, - perguntou.
Ao que respondi:
- Já faço parte disso, meu senhor, pregada há anos nessa cruz num lugar errado, sem seguidores, desconhecida, amaldiçoada e sem descendentes. Aqui onde vivo todos ficam pendurados na cruz durante toda a vida. E quando morrem altares não se erguem, velas não se acendem, não há discípulos nem última ceia. O senhor se enganou.
Levantei-me da nuvem e fui embora. Em nome do pai, da filha e do espírito santo. Amem.
De longe, voando na minha vassoura surrada, gritei:
- Deus, não permita que o PT no Brasil vença as eleições!
quinta-feira, 21 de agosto de 2014
PT forever!
sábado, 16 de agosto de 2014
Trilha sonora para corrida presidencial no Brasil
quinta-feira, 14 de agosto de 2014
Sabotagem
Transcrevo aqui o texto garimpado em postagem no FB a respeito do "acidente" que tirou o presidenciável Eduardo Campos da corrida à presidência da República desse país do "me engana que eu gosto". Novamente tomei meu café da manhã assistindo uma tragédia aérea. O pão desce aos tropeços e o café esfria; isso que dá ter televisão na cozinha... mas enfim, agora a curiosidade aumenta e tenho medo de me defrontar com minha intuição. Não vou publicar aqui, pelo menos por enquanto, o que acho que há por trás de tudo isso. Se publicar, arranjo novo processo...
A seguir o texto:
COMEÇA A GANHAR CORPO AQUILO QUE NO INTIMO TODO BRASILEIRO JÁ PENSOU HOJE>>Esse avião não caiu, cairam ele.E quem tem a ganhar com a morte de Eduardo Campos é justamente aquele povo que disse que em eleição pode se fazer o diabo.(mascate)
A queda do avião que vitimou o candidato Eduardo Campos foi a menos de trezentos metros aqui da empresa.
No momento da queda ouvi barulho de turbinas e em seguida uma explosão.
Levei alguns segundos para entender o que estava acontecendo por dois motivos.
Ontem muita gente aqui da terrinha sentiu um tremor de terra seguido de um estrondo e até agora ninguém sabe o que aconteceu.
E o que pegou mais é que as janelas aqui do escritório são viradas para o mar, e o vento que sempre bate por aqui, ainda mais em dias com o tempo horrível como o de hoje fazem com que os vidros trepidem bastante.
No momento da queda ouvi barulho de turbinas e em seguida uma explosão.
Levei alguns segundos para entender o que estava acontecendo por dois motivos.
Ontem muita gente aqui da terrinha sentiu um tremor de terra seguido de um estrondo e até agora ninguém sabe o que aconteceu.
E o que pegou mais é que as janelas aqui do escritório são viradas para o mar, e o vento que sempre bate por aqui, ainda mais em dias com o tempo horrível como o de hoje fazem com que os vidros trepidem bastante.
No momento da queda percebi um ruido muito alto e em seguida um estrondo, num primeiro momento deu a impressão de uma rajada de vento seguida de um trovão. No caso o rei dos trovões, pois até a alma tremeu.
Quando percebi que o ruído não era bem o que a natureza costuma nos dar fui para a janela e vi uma coluna de fumaça preta e muita gente correndo naquela direção.
Fui ao local e percebi que a queda do "helicóptero" foi bem dentro do quarteirão, ou seja, não pegou fachada de casas, caiu dentro dos quintais. São terrenos com uns 50 metros de fundo, portanto longos.(o que faz se pressupor que o piloto fez de tudo e de modo consciente para evitar tragédia maior),o que o torna sem dúvida um heroi.
Quando percebi que o ruído não era bem o que a natureza costuma nos dar fui para a janela e vi uma coluna de fumaça preta e muita gente correndo naquela direção.
Fui ao local e percebi que a queda do "helicóptero" foi bem dentro do quarteirão, ou seja, não pegou fachada de casas, caiu dentro dos quintais. São terrenos com uns 50 metros de fundo, portanto longos.(o que faz se pressupor que o piloto fez de tudo e de modo consciente para evitar tragédia maior),o que o torna sem dúvida um heroi.
Vi muita gente saindo machucada de uma academia que foi atingida. Mas, o oba-oba era enorme e eu não tinha nada mais a fazer por lá. Voltei e comecei a tentar receber notícias. Um conhecido jurava de pés juntos que era um Lear Jet. E azotoridade falando em helicóptero de pequeno porte. pela explosão e pelo estrago pequeno porte é o caraleo. Caiu coisa grande....E caiu mesmo.
Bem, o que me causa espanto são alguns pontos dessa queda.
Primeiro o estrago no local é centralizado, uma queda de avião deixa rastros, no caso tem um "centro" coberto de pedaços espalhados pelos telhados e quintais da vizinhança.
A fuzelagem do avião..alguém viu? Não tem um pedaço inteiro que de para identificar.
Olhem a foto acima e procurem um pedaço que mostre que naquele local bateu um avião.
Lembrei do avião da TAM que bateu no armazem em SP, tudo destruído, mas a cauda intacta. Neste caso não tem nada meio inteiro. Apenas destroços e espalhados em círculo, coisa que leva a crer em explosão antes da queda.
Alguns moradores alegam terem visto uma bola de fogo no ar...então...
E a explosão foi muito forte, chegou a quebrar vidros há mais de 200 metros do local.
Primeiro o estrago no local é centralizado, uma queda de avião deixa rastros, no caso tem um "centro" coberto de pedaços espalhados pelos telhados e quintais da vizinhança.
A fuzelagem do avião..alguém viu? Não tem um pedaço inteiro que de para identificar.
Olhem a foto acima e procurem um pedaço que mostre que naquele local bateu um avião.
Lembrei do avião da TAM que bateu no armazem em SP, tudo destruído, mas a cauda intacta. Neste caso não tem nada meio inteiro. Apenas destroços e espalhados em círculo, coisa que leva a crer em explosão antes da queda.
Alguns moradores alegam terem visto uma bola de fogo no ar...então...
E a explosão foi muito forte, chegou a quebrar vidros há mais de 200 metros do local.
Na minha opinião, essa queda foi muito estranha, parece sabotagem.
O barulho das turbinas estava normal e não era um barulho de turbinas "cheias" como se o piloto estivesse acelerando para tentar levantar a aeronave. A pancada no solo foi forte, mas nada que demonstre uma queda em planagem ou aceleração. Tudo indica para uma explosão. Não sou especialista em queda de aeronaves, mas não sou burro e sei muito bem o que senti e ouvi.
O barulho das turbinas estava normal e não era um barulho de turbinas "cheias" como se o piloto estivesse acelerando para tentar levantar a aeronave. A pancada no solo foi forte, mas nada que demonstre uma queda em planagem ou aceleração. Tudo indica para uma explosão. Não sou especialista em queda de aeronaves, mas não sou burro e sei muito bem o que senti e ouvi.
Quando falaram em helicóptero ainda comentei com meu interlocutor que havia barulho de turbina de avião. Não podia ser helicóptero pelo barulho, pela pancada e pelo estrago na vizinhança. Mas...
Esse avião não caiu, cairam ele.
E quem tem a ganhar com a morte de Eduardo Campos é justamente aquele povo que disse que em eleição pode se fazer o diabo.
Esse avião não caiu, cairam ele.
E quem tem a ganhar com a morte de Eduardo Campos é justamente aquele povo que disse que em eleição pode se fazer o diabo.
Só fico preocupado com a combalida democracia Tupiniquim, se a queda foi atentado, vivemos em tempos extremamente difíceis para as liberdades sociais, e a instalação de uma ditadura está caminhando aceleradamente para sua efetivação.
Será que teremos um novo Celso Daniel?
Será que teremos um novo Celso Daniel?
Estranho...muito estranho....
Em menos de um mês morrem dois ilustres pernambucanos. Suassuna e Campos.
Um outro pernambucano filhodaputa nem câncer mata!!
Em menos de um mês morrem dois ilustres pernambucanos. Suassuna e Campos.
Um outro pernambucano filhodaputa nem câncer mata!!
Caio Portella
À procura de meu espaço sagrado
quarta-feira, 13 de agosto de 2014
Os quatro elementos no mapa natal e o facebook
Fogo, terra, ar e água compõem todo o gráfico astrológico |
No fim quem sofre mais com expectativas de carinho, interação e alguma emoção por parte do outro é aquele que tem o mapa de nascimento com muita água.
Isso acontece sobretudo nas interações nas redes de relacionamento com as opções curtir, comentar e compartilhar. Esse é meu exercício diário de aferir os elementos dos contatos. E o que mais me incomoda é a falta de foco relativo à afetividade: não curtem, não comentam, nada fazem. São os fantasmas. Isso me incomoda. Tem-se expectativas demais com relação aos outros e não nos devolvem nem um cumprimento, um ok, eu vi e concordo, vi e não concordo... nada.
O pessoal que, como eu tem o elemento água preponderante, interage sempre. E a comunicação flui sem problemas.
Recentemente precisei bloquear alguns amigos exatamente por falta dessa interação. Os desaguados adoram ser curtidos com suas postagens e fotos e textos; por outro lado, não dão sinal de vida quando é você quem posta alguma coisa. Tudo bem. Mas entra ano e sai ano a criatura que se diz sua amiga posta inúmeras fotos de festas em sua casa ou outro lugar desfilando alegria com alguns amigos escolhidos e não tem a educação ou sensibilidade de convidar ao seu aniversário, por exemplo, é demais da conta. Esse mesmo "amigo" recebe uma mensagem privada e não responde é o cúmulo. Nesse caso específico tem excesso de ar.
Desde os tempos do orkut tais escorregões já aconteciam. Eu ia deixando passar. Porém tem uma hora que chega. Essa mesma pessoa diz pessoalmente:
- Amiga, vou fazer uma festa pros filhos, vou te convidar.Fico feliz aguardando o convite.
A festa acontece, você vê as fotos no facebook e seu convite foi esquecido. E situações semelhantes a essa se repetem indefinidamente. Então fico pensando que diabos de amigo é esse!
Essa mesma criatura combinou que me levaria em tal lugar, também pessoalmente. No dia agendado ligou dizendo não poder ir, mas na próxima semana me levaria. Entrou semana, passou semana e nunca mais se falou no assunto. Isso que era por uma boa causa.
Isso é amizade, pergunto! Não da maneira que sinto. Lamentável.
No facebook tenho mais "amigos" bloqueados do que atuantes... Inclusive parentes!
Essa rede de relacionamentos deve ser desaconselhável para quem tem excesso de água no mapa astral!
Todos os carros são mágicos
Talvez nunca tenha prestado atenção, talvez sua sensibilidade não tenha aumentado a tal ponto, sua sintonia fina não esteja tão fina assim, mas a magia também habita os automóveis. Se nada percebe ou sente a culpa não é do seu carro, é sua.
Desde criança tinha uma estranha relação com carros em geral, principalmente do meu pai. Ele amava fuscas. E eu amava carros. Sempre tive um carinho e cuidado especial com cada um que tive. Tive um Puma vermelho que sempre beijava antes de deixar estacionado na rua; conversava com ele explicando que já voltava. Ali na lataria ficava a marca da minha boca com batom. Os carros tem personalidade e alma; os faróis são seus olhos, buzina e rádio fazem parte da voz, combustível é o sangue, motor é o coração, a direção é seu contato direto com o ser mecanizado e sensível, a lataria é a pele, os pneus são seus pés, quatro pés... Seu carro sofre quando "dá-lhe pau", freia bruscamente, ou seja, dirige como um louco. Numa dessas ele pode morrer, se ferir. Carros sentem dor, prazer. Cuide de seu carro e ele retribuirá com eficiência e lealdade. Um risco, um amassado ou qualquer dano me faz sofrer, e ele sofre também. Jamais me envolvi em acidente de trânsito ou ocasionei qualquer dano a terceiro; não tenho multas. Amo carros. Se pudesse teria vários.
Entretanto essa interação amorosa com automóveis, ônibus, caminhões e tudo que tem rodas não fui eu que inventei, faz parte da história do amor do ser humano pelos carros. O cinema conta essas histórias.
Esse adorável carro voador; não lembro da história, era muito criança. |
O Rolls Royce Amarelo, o carro casamenteiro |
Herbie inesquecível e incomparável. Assisti trocentas vezes! |
Esse poderoso tem meu nome. Seu dono adolescente que o tirou do ferro velho sofria bulliyng dos colegas. Christine se vingou de cada um deles. Conto de terror de Stephen King. |
quinta-feira, 7 de agosto de 2014
"Casas que matam, até quando!"
CASAS QUE MATAM ATÉ QUANDO?
Fonte: studioarquitetura.blogspot.com.br
Como pensar a casa como o espaço do afeto e o lugar de matar? Que lugar pode matar? Matar ou esconder os conflitos inerentes à vida em comum, esconder o afeto? Neste trabalho, buscar-se-á demonstrar uma diversidade de olhares no significado de casa, seus moradores e a arquitetura. Utilizaremos a palavra matar no sentido de morte da independência,da segurança, da convivência. A arquitetura não mata por si mesma, mas quando ela interfere nas necessidades de conforto do ser humano, ela mata aos pouquinhos sem que se perceba. Um ambiente físico não é determinante, mas pode desencadear doenças no ser humano.
Desde o tempo das cavernas, o homem utiliza espaços para se proteger do clima, das intempéries, das invasões de animais, dos inimigos. A casa (tenda, caverna, cabana) envolve o indivíduo, para lhe dar abrigo, espaço para sobrevivência sua e de sua família. Gaston Bachelar (1996, 25) descreve a casa como nosso canto do mundo, nosso primeiro universo, verdadeiro cosmos: "A casa, como o fogo, como a água, nos permitirá evocar, (...) luzes fugidias de devaneio que iluminam a síntese do imemorial com a lembrança. São lembranças de infância, de proteção – memória e imaginação: a casa protege o sonhador, permite sonhar a paz." Se Bachelar afirma que a casa é um local de intimidade, proteção e calor, de criação. Não havendo intimidade, nem conforto e habitabilidade, a casa pode matar? A casa constitui-se num símbolo situado entre o micro-cosmos do corpo humano e o cosmos, "um meio termo do qual a configuração iconográfica (...), importante no diagnóstico psicológico e psico-social", e para o "simbolismo da identidade" (Durand citado por Duarte, 2000). A importância da casa está, também, no poema "Aniversário" de Álvaro de Campos, homônimo de Fernando Pessoa:
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há
séculos,
séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa como uma religião
qualquer.
qualquer.
(...)
O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas
lágrimas),
lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim- mesmo como um fósforo
frio...
frio...
A casa carrega em si um significado e cada parte tem um significado. Ela é metáfora do próprio dono: abrigo, território, domínio, lar. Referencial. Daí a importância das barreiras arquitetônicas, impedindo a circulação, o acesso dos estranhos, o que com freqüência pode impedir a convivência, a comunicação. Uma casa pode matar quando a sua estrela não é o relacionamento entre as pessoas, mas a televisão. Casas que matam impedem a convivência. Criar espaços para o não-diálogo é criar espaços de matar.
Quando são criados espaços para não se ver, não se encontrar, não viver em comunidade, estimulando um viver de forma isolada e egocêntrica, as relações humanas podem morrer. É o que se pode observar nas suítes para adolescentes ou quartos segregados para os idosos.
Quando são criados espaços para não se ver, não se encontrar, não viver em comunidade, estimulando um viver de forma isolada e egocêntrica, as relações humanas podem morrer. É o que se pode observar nas suítes para adolescentes ou quartos segregados para os idosos.
A dimensão dos espaços também é importante. Casas grandes demais podem isolar seus moradores. Cria-se casas dentro de outras casas onde o encontro é eventual. Na busca pelo conforto máximo, a individualidade se impõe. Espaços muito grandes com baixíssima densidade de indivíduos poderão gerar distanciamento e solidão. A casa mata porque é incomunicável.
A cultura influi nas necessidades de espaço, disse Okamoto (1997). Dependendo da cultura, casas pequenas podem ser promíscuas. Se o homem morar em aglomerações, onde o território é pequeno e a densidade é alta, a perda de privacidade pode fazê-lo adoecer. As relações humanas são conflituosas em espaços inadequados. A falta de privacidade e de território individual é causa de sofrimento.
Para Humberto Eco (1991,198), a casa "denota uma forma do habitar", referindo-se à sua função. Uma janela tem a função de abrir/fechar, ventilar, permitir visão para o exterior, possibilitar o acesso da luz. Uma janela que não possui função de abrir/fechar pode existir, porque o homem se apropria de seu significado. Esta janela sem função influencia no bem-estar das pessoas? Estudos comprovam que a visão para o exterior reduz o tempo de permanência dos pacientes em hospitais. E as casas que não tem janelas funcionais? Pertenceriam a um tipo de casa de matar?
Uma casa pode matar quando os corredores são longos, as escadas são muitas, a comunicação entre os ambientes é precária. Uma casa com muitos desníveis é para atletas e pessoas que tem boa visão. Percorrer longos caminhos no dia-a-dia, num período em que o tempo é precioso, gera cansaço pelo esforço repetitivo, angústia e sensação de perda de tempo na vida. Muitas vezes, o terreno obriga que se faça um projeto com vários pavimentos, porão, térreo e sótão, ideais para completar nossos ícones. Mas qualquer casa exige muitos cuidados e trabalhos que cansam. E o investimento físico futuro? Uma escada poderá ser barreira a uma pessoa doente, quando o seu objetivo é dar acessibilidade. O usuário da casa sabe o que lhe reserva a vida adiante? A casa com escadas poderá romper relações com seu próprio dono.
Quem são seus usuários? doentes? desportistas? esquecidos? excluídos? crianças? deficientes físicos? um homem só? uma mulher independente? a criança abandonada? o adolescente? o doente mental? a grávida? idosos? Em meados do ano 2000, o número de idosos no mundo superou o número de crianças e adolescentes pela primeira vez. No Brasil, isto deverá ocorrer em torno de 2050.
No Brasil, 10% da população é portadora de alguma deficiência; 70% da população tem visão residual. Com o portador de deficiência visual é pior. Ele se machuca nas lixeiras, nos orelhões, nos tapumes, nos camelôs, em casas desorganizadas.
As casas têm sido feitas para os saudáveis, muitas vezes, sem considerarmos suas atividades. As pessoas carregam pacotes, abastecem a casa. Mulheres carregam seus bebês, levam carrinhos. Sem conhecer os moradores, sem estudar seus costumes, sem conhecer o ser humano saber-se-á seus desejos, suas necessidades?
Conhecer o ser humano e suas necessidades de conforto para desempenhar suas atividades é fundamental antes de projetar.
Casas que matam não tem conforto. Nelas, o ruído penetra impedindo o descanso, a luz urbana penetra pelas janelas atrapalhando o sono, o calor ou o frio penetra demasiado porque sua orientação solar foi inadequada ou o material não tem boa inércia, não isola. Aronin (citado por Tedeschi, 1978) relata que os japoneses davam muita importância à luz solar em suas casas e consideravam que a boa orientação estava relacionada com a felicidade de seus habitantes. Além disso, a temperatura interfere. O frio traz consigo a redução das resistências às doenças, o calor baixa a pressão, deixa as pessoas indolentes, cansadas. Cuidar da orientação solar nos projetos e orientar o usuário quanto ao uso de suas aberturas pode proporcionar melhor desempenho das casas.
A casa é um espaço que existe porque existe arquitetura? Forma e matéria, dentro e fora, luz e escuridão? Ou porque existe o indivíduo e o espaço circundante, mas não existe domínio, nem território próprio? Casas que são calçadas, bancos de praças, um lugar qualquer embaixo de uma marquise ou de um viaduto? Casas ausentes.
A casa é um espaço que existe porque existe arquitetura? Forma e matéria, dentro e fora, luz e escuridão? Ou porque existe o indivíduo e o espaço circundante, mas não existe domínio, nem território próprio? Casas que são calçadas, bancos de praças, um lugar qualquer embaixo de uma marquise ou de um viaduto? Casas ausentes.
Na pesquisa dos moradores de rua no Rio de Janeiro, feita pelas arquitetas Ana Lúcia de Santos e Cristiane Duarte (2001), foi constatado que, quando mais estruturados, os indivíduos representam a casa concretamente, através de barracos ou barricadas. Os menos estruturados, que perderam o contato com a realidade, não têm mais referencial. Ao perderem a função primária de proteção, o indivíduo desumaniza-se, perdendo também o contato com a realidade. Sua casa "ausente" é o espaço urbano. Outra casa que mata?
Na Idade Média, os primeiros hospitais, chamados de enfermarias, eram casas de pedra com paredes muito grossas, com alto pé-direito e totalmente insalubres, com minúsculas janelas, isoladas das cidades. Havia medo de morrer ao ir para lá, pois acreditava-se que o ar contaminava por causa dos miasmas... Não havia antibióticos e a vida humana chegava próximo dos 40 anos, quando chegava. Eram casas de matar, mesmo.(Costi,1997)
Na Europa do séc. XIX, com o aumento da densidade populacional nas áreas urbanas, velhos bairros se transformaram em áreas degradadas, casas velhas em áreas mais antigas viravam cortiços. Era preciso morar próximo dos centros urbanos e de locais de produção porque não havia transporte. As moradias não tinham luz nem ventilação adequadas. Relata Kenneth Frampton (2000, 14) que "as condições sanitárias eram péssimas: latrinas e lavatórios que eram externos e comuns, além de despejo de lixo contíguos.
Com um escoamento precário e uma manutenção inadequada,
tais condições levavam à acumulação de excrementos e lixo e a inundações, o que
provocava naturalmente uma alta incidência de doenças – primeiro a
tuberculose,depois, ainda mais alarmante para as autoridades, os surtos de
cólera na Inglaterra e na Europa Continental, nas décadas de 1830 e 1840.
tais condições levavam à acumulação de excrementos e lixo e a inundações, o que
provocava naturalmente uma alta incidência de doenças – primeiro a
tuberculose,depois, ainda mais alarmante para as autoridades, os surtos de
cólera na Inglaterra e na Europa Continental, nas décadas de 1830 e 1840.
No Brasil, em 1855, foi feito um relatório da cidade do Recife pelo engenheiro francês L.L. Vauthier (Freyre, 1979). Sob a influência de tal documento, higienistas pernambucanos passaram a criticar o sistema de edificação ainda predominante na cidade e insistem na necessidade de uma reforma baseada em "luz solar" e "ventilação". Em colaboração com arquitetos e engenheiros, trataram dos despejos dos excrementos das casas nas praias, das estrebarias de aluguel dispersas pela cidade sem esgotos para as urinas dos cavalos. Desde 1854, havia ameaça do "colera-morbus" e ele realmente invadiu a cidade. Era o tempo que a casa matava a cidade e conseqüentemente seus habitantes. Assim, velhos bairros degradaram, casas morriam e suas instalações matavam. Mas isto também se encontra na área onde se inseriu as moradias para pacientes do Hospital Psiquiátrico São Pedro. A Vila São Pedro não se encontra urbanizada, cavalos defecam pelas vias sem pavimentação, o lençol freático é superficial (quando chove, o lamaçal toma conta da rua) e o cheiro de lixo exala entre as suas casas degradadas. Na tentativa de dar cidadania aos ex-internos, dando-lhe casa, aconchego e território, a insalubridade e outros riscos passaram a fazer parte de seu dia-a-dia.
A chegada do vidro no período 1910-1925 trouxe leveza à arquitetura que rompeu o envelope rígido de contenção das atividades e projetou o olhar do usuário tanto para o exterior e quanto para o interior. Frampton (op.cit., 139) fala da visão do poeta Paul Scheerbart: "o vidro introduz à nova era", "o vidro colorido acaba com o ódio". O fato influirá na arquitetura de forma profunda. Torres de vidro, peles de vidro que têm esse caráter da modernidade são utilizadas sem escrúpulos em edifícios habitacionais, a funcionalidade das esquadrias enquanto protetora da radiação solar passou a ser desconsiderada, a imagem e a visão passaram a ser mais importantes que a privacidade. Sol e vidro formaram estufas que exigiram o ar-condicionado durante todo o século XX. Só na sua última década, passou-se a reconhecer que o ar interno se encontrava mais contaminado que o externo devido à falta de manutenção e cuidados dos equipamentos. No Brasil, tal problema só se tornou público após à morte de um Ministro de Estado, vitimado pela contaminação aérea. Antes disso, diversos estudos já estavam sendo feitos comprovando que os materiais utilizados nos interiores tais como certos tipos de cola, fenóis e revestimentos, causavam enxaquecas, rinites, fadiga entre outras doenças. (Siqueira,1996) Casas que matam.
A casa é o resultado da sociedade ou do arquiteto que é o seu reflexo? As casas de Mies Van der Rohe, planta livre, vidro e aço, nos remetem ao seu gênio criador e marco na história da arquitetura. Sua intenção foi revolucionária e a concretizou. Mas os primeiros donos de dois de seus pavilhões tiveram que se mudar porque seu território, conforto e privacidade foram destruídos devido ao trânsito da rodovia próxima. Apesar da integração homem-natureza através da visibilidade dos panos de vidro, a Casa Farnsworh (1945-50) impedia que as aves reconhecessem o limite entre o exterior e o interior: elas se batiam no espelhamento que o vidro criava e se machucavam. (Smithson, 2001). O automóvel matando a casa... E a casa agredindo o homem e a vida animal no entorno.
Qualidade de vida implica em qualidade ambiental também. Não basta uma casa bela se ela não oferece conforto: acústica, iluminação, temperatura, ventilação. Não adianta um bom atendimento médico, se a casa está sobre um valão de esgoto. De que adianta ter o que comer, se quando chove há desproteção? Um local de morar pode ser causador de doenças, pode matar. Por isso se discute tanto a necessidade de infraestrutura. Técnicos da áreas de saúde e o próprio Presidente da República, afirmam veementemente, que se gasta muito mais com remédios do que com prevenção. Prevenção é investir em esgoto, água potável, energia. Habitação com dignidade.Le Corbusier (Ver une architecture in Frampton, op.cit.) escreveu:
Se eliminarmos de nossos corações todos os conceitos mortos a propósito das
casas e examinarmos a questão a partir de um ponto de vista crítico e objetivo,
chegaremos à "Máquina de Morar", a casa de produção em série, saudável (também
moralmente) e bela como são as ferramentas e os instrumentos de trabalho que
acompanham nossa existência.
casas e examinarmos a questão a partir de um ponto de vista crítico e objetivo,
chegaremos à "Máquina de Morar", a casa de produção em série, saudável (também
moralmente) e bela como são as ferramentas e os instrumentos de trabalho que
acompanham nossa existência.
Mas para Freyre (1979), a casa é mais que máquina de morar, é local de convivência, todo um ethos, onde decorrem experiências habituais, influências culturais de heranças familiares e o meio, em várias datas e em vários espaços.Lugar complexo a partir de onde a existência se configura e expande. A casa em série proposta por Le Corbusier não se desenvolveu adequadamente para todos. Talvez porque os conceitos estão mais arraigados do que ele pensava e a capacidade crítica e objetiva passou a se tornar o alvo dos especuladores. Muitos edifícios já nasceram mortos pelo descaso de seus construtores e pela falta de cultura para o uso de equipamentos até então desconhecidos. Vasos sanitários foram arrancados e muitos viraram vasos de flores em condomínios habitacionais de baixa renda na década de 60. O que se constata é que a sociedade, apesar da tecnologia que tem, não tem considerado as necessidades de seus usuários e a sua cultura, seu grupo social.
A churrasqueira tão importante para os eventos sociais entre grupos e familiares, passou a ser para póucas pessoas. Hoje, elas estão na maioria dos novos apartamentos, mas os usuários perguntam: "E o espaço para os amigos?"
Muitos governos tentaram resolver o problema habitacional no Brasil, mas a violência urbana, decorrente do crescente empobrecimento da população, assume caráter nacional a partir da expansão incontrolável dos assentamentos metropolitanos, cujos governos não contam com recursos para atender ao mínimo de infra- estrutura. (FINEP, 1985) Os terrenos distantes inviabilizam a qualidade da casa, porque uma casa não é só metáfora: ela é também o seu entorno: a escola, a farmácia, o posto de saúde, o esgoto, a água potável, o abastecimento, o transporte para o trabalho. Conjuntos habitacionais da década de 60 e 70, no século XX, demonstram a distância dos recursos e a falta de identidade, que é o que vai ser estudado por muitos pesquisadores que verificam que os usuários, na sua busca de identidade ou por falta de cultura, vão alterando a casa, mudando aqui ou acolá, juntando lixo, marcando seu território.
Muitos governos tentaram resolver o problema habitacional no Brasil, mas a violência urbana, decorrente do crescente empobrecimento da população, assume caráter nacional a partir da expansão incontrolável dos assentamentos metropolitanos, cujos governos não contam com recursos para atender ao mínimo de infra- estrutura. (FINEP, 1985) Os terrenos distantes inviabilizam a qualidade da casa, porque uma casa não é só metáfora: ela é também o seu entorno: a escola, a farmácia, o posto de saúde, o esgoto, a água potável, o abastecimento, o transporte para o trabalho. Conjuntos habitacionais da década de 60 e 70, no século XX, demonstram a distância dos recursos e a falta de identidade, que é o que vai ser estudado por muitos pesquisadores que verificam que os usuários, na sua busca de identidade ou por falta de cultura, vão alterando a casa, mudando aqui ou acolá, juntando lixo, marcando seu território.
Ainda são produzidas casas que distanciam física e mentalmente os indivíduos. A vida útil de uma casa deve ser, no mínimo a de seu dono. Ninguém faz uma casa própria pensando que no ano seguintevai trocar de casa como quem troca de roupa a cada estação. Mesmo que a casa seja para toda a sua vida, ao sonhar com ela e a projetar através de um arquiteto, o homem omite sua velhice como se a juventude fosse permanente como a mídia propaga.
Atualmente, a casa é uma prisão. Seus usuários a fecham a sete chaves. São alarmes, câmeras, guardas, guaritas, grades, cercas elétricas. Este "esconderijo" para si mesmo e de si mesmo não é saudável. Cada vez mais o indivíduo, de medo, se fecha, prendendo-se, mata um pedaço de sua liberdade. Destrói parte de si que precisa se expressar e sentir o exterior para viver. A arquitetura vem convivendo com os problemas sócio-econômicos mas ainda não encontrou uma solução para impedir que o homem seja prisioneiro de sua própria casa.
Uma casa que segrega, que limita, que controla, que retira a individualidade pode conter a agressão? A agressividade que se encontra contida em penitenciárias, hospícios, favelas, é tanto assustadora quanto deprimente. Associar a agressividade, a miséria, a doença mental e a velhice a um tipo de edificação? Poder-se-ia descrever muitos problemas sociais e descortinar atrás deles, um tipo de arquitetura, um caráter. Tentativas de agregação e sociabilidade em tais conjuntos vêm ocorrendo, historicamente, mas a morte social, mental ou física é real. Mesmo que parte da sociedade venha tentando mudanças para reintegrar o homem, ainda estamos muito longe de soluções definitivas.
A agressão ao planeta é ato desumano e passa pela arquitetura. É o que a televisão mostrou em 11 de setembro de 2001. A arquitetura: objeto, símbolo, destruição. Tal tipo de arquitetura também pode destruir o meio ambiente. As torres de vidro estão modificando microclimas: ambientes que parecem ter conforto porque são climatizados, podem estar destruindo um ecossistema. O uso inadequado de materiais pode provocar alterações microclimáticas. Em São Paulo, existem ilhas de calor com diferenças térmicas de 15 graus Celsius, devido à inexistente vegetação urbana, ao ar-condicionado que joga para a área urbana o calor solar absorvido pelo envelope dos edifícios.
Uma casa que pode matar é aquela onde existe risco de vida aos seus usuários e de seus vizinhos. Em áreas urbanas, mantas aluminizadas vêm sendo colocadas em telhados sem critério, nem o município regulamenta nem exerce controle. Como espelhos, dependendo da inclinação dos telhados, jogam calor para as superfícies do entorno, impedindo que as pessoas abram suas janelas, podendo prejudicar a visão e alterando flora e fauna. Mata-se a casa do vizinho em benefício próprio. Havendo risco para os seus usuários, suas prováveis causas são: deficiência no projeto, má construção, mau uso dos espaços concebidos e ausência ou manutenção precária (Ornstein,1992).
Acidentes ou o envelhecimento do ser humano não devem obrigam as pessoas a trocarem de casa. Os desníveis que podem deixar os espaços bonitos, podem inviabilizar um futuro uso. O arquiteto tem a responsabilidade ao projetar, de possibilitar uma reformulação do espaço no futuro. Na Holanda, não se projeta mais sanitários com portas de 60 cm de largura, pois as adaptações se tornam muito caras e dependendo do projeto, são inviáveis. Nos países desenvolvidos, existe a procura de um desenho universal, enquanto no Brasil ainda estamos preocupados com rampas, corrimões, pisos irregulares e nem conseguimos fazer cumprir a NBR 9050, de 1985 que trata da Adequação das edificações e do mobiliário urbano à pessoa portadora de necessidades especiais. Qualquer casa deveria ser universal e protetora do ser humano. Portas que abram para fora dos ambientes tais como sanitários e quartos, larguras das portas que permitam passagem de cadeiras de rodas, níveis diferenciados com barreiras de proteção, móveis ergonométricos adaptados às individualidades de cada um, corrimãos, peitoris, alarmes, campainhas, interruptores mais baixos, materiais fáceis de manter e de movimentar, que permitam adaptações simples e baratas. Colocar rampa para acesso de carrinho com compras é uma solução singela e adequada. Mas o que encontramos são degraus muito altos que exigem um esforço para serem vencidos, vagas de estacionamento estreitas, zonas de embarque distante dos acessos, desníveis inadequados, falta de proteção pluvial, falta de sinalização táctil ou sonora, rampas com declividade acima do permitido ou a ausência de rampas. A casa que mata é inflexível, pois não acompanha as modificações pelas quais passarão os seus usuários.
Acidentes ou o envelhecimento do ser humano não devem obrigam as pessoas a trocarem de casa. Os desníveis que podem deixar os espaços bonitos, podem inviabilizar um futuro uso. O arquiteto tem a responsabilidade ao projetar, de possibilitar uma reformulação do espaço no futuro. Na Holanda, não se projeta mais sanitários com portas de 60 cm de largura, pois as adaptações se tornam muito caras e dependendo do projeto, são inviáveis. Nos países desenvolvidos, existe a procura de um desenho universal, enquanto no Brasil ainda estamos preocupados com rampas, corrimões, pisos irregulares e nem conseguimos fazer cumprir a NBR 9050, de 1985 que trata da Adequação das edificações e do mobiliário urbano à pessoa portadora de necessidades especiais. Qualquer casa deveria ser universal e protetora do ser humano. Portas que abram para fora dos ambientes tais como sanitários e quartos, larguras das portas que permitam passagem de cadeiras de rodas, níveis diferenciados com barreiras de proteção, móveis ergonométricos adaptados às individualidades de cada um, corrimãos, peitoris, alarmes, campainhas, interruptores mais baixos, materiais fáceis de manter e de movimentar, que permitam adaptações simples e baratas. Colocar rampa para acesso de carrinho com compras é uma solução singela e adequada. Mas o que encontramos são degraus muito altos que exigem um esforço para serem vencidos, vagas de estacionamento estreitas, zonas de embarque distante dos acessos, desníveis inadequados, falta de proteção pluvial, falta de sinalização táctil ou sonora, rampas com declividade acima do permitido ou a ausência de rampas. A casa que mata é inflexível, pois não acompanha as modificações pelas quais passarão os seus usuários.
O arquiteto Adolf Loos, filho de um pedreiro, nascido em 1870, escreveu A história de um pobre homem rico. Certa vez o cliente, comemorava seu aniversário. Havia ganhado presentes da mulher e dos filhos. Ele apreciou tudo e estava desfrutando ao máximo.
Logo, porém, chegou o arquiteto para pôr as coisas em seu lugar e tomar
todas as decisões sobre os problemas mais difíceis." O proprietário recebeu-o
com grande prazer, quando ele entrou na sala, pois tinha a cabeça cheia de
idéias, mas o arquiteto nem pareceu tomar conhecimento de sua alegria. Tinha
descoberto algo muito diferente e ficou lívido. "Que chinelos são esses que você
está usando?", perguntou, como se a dúvida o enchesse de dor. O dono da casa
olhou para seus chinelos bordados, mas em seguida respirou aliviado. Desta vez,
sentiu-se sem culpa alguma. Os chinelos haviam sido confeccionados segundo a
concepção original do arquiteto. Ele então respondeu, assumindo ares superiores:
"Ora, senhor Arquiteto! Já se esqueceu de que foi o senhor mesmo quem os
desenhou?" "Claro que não me esqueci", trovejou o arquiteto, "só que foram
feitos para serem usados no quarto! Aqui, não dá para perceber que essas duas
manchas impossíveis de cor acabam completamente com a harmonia da sala?"
(Frampton, op.cit., 103)
todas as decisões sobre os problemas mais difíceis." O proprietário recebeu-o
com grande prazer, quando ele entrou na sala, pois tinha a cabeça cheia de
idéias, mas o arquiteto nem pareceu tomar conhecimento de sua alegria. Tinha
descoberto algo muito diferente e ficou lívido. "Que chinelos são esses que você
está usando?", perguntou, como se a dúvida o enchesse de dor. O dono da casa
olhou para seus chinelos bordados, mas em seguida respirou aliviado. Desta vez,
sentiu-se sem culpa alguma. Os chinelos haviam sido confeccionados segundo a
concepção original do arquiteto. Ele então respondeu, assumindo ares superiores:
"Ora, senhor Arquiteto! Já se esqueceu de que foi o senhor mesmo quem os
desenhou?" "Claro que não me esqueci", trovejou o arquiteto, "só que foram
feitos para serem usados no quarto! Aqui, não dá para perceber que essas duas
manchas impossíveis de cor acabam completamente com a harmonia da sala?"
(Frampton, op.cit., 103)
A responsabilidade do arquiteto tem sido cada vez maior: abrigar pessoas que perderam parte de suas capacidades motoras e dar-lhes vida digna em suas casas e na cidade será sempre um desafio. A casa deverá prolongar a vida porque será feita para impedir acidentes, possibilitará independência e os equipamentos serão facilitadores de trânsito, haverá apoios nas atividades, barras, luzes para iluminar os caminhos, espaços estimuladores de convivência social, locais seguros, acessibilidade.
Woods, em 1968, na Trienal de Milão afirmou: "nossas armas estão cada vez mais sofisticadas e nossas casas brutalizam-se cada vez mais. Será este o balancete da mais rica civilização desde o início dos tempos?" As casas precisam de equilíbrio, assim compreendido por Lisistzky (1923): "O equilíbrio que procuro obter nesse espaço deve ser elementar e capaz de mudar para que não possa ser perturbado por um telefone ou uma peça de mobiliário padrão. O espaço está ali para o ser humano- e não o ser humano para o espaço." (Frampton, op.cit., 159). Este tema foi retomado por De Carlo que criticou ao revisar as conseqüências da declaração de CIAM, (Congresso Internacional de Arquitetura Moderna,1928):
(...)temos o direito de perguntar"por que"a moradia deve ser o mais barata
possível, e não por exemplo, relativamente cara, "por que", em vez de fazer todo
esforço possível para reduzi-la a níveis mínimos de superfície, de espessura, de
materiais, não deveríamos torná-la espaçosa, protegida, isolada, confortável,
bem equipada, rica em oportunidades de privacidade, comunicação, intercâmbio,
criatividade pessoal. Ninguém, na verdade, pode dar-se por satisfeito (...)
quando todos sabemos o quanto se gasta nas guerras, na construção de mísseis e
de sistemas antibalísticos, nos projetos de exploração à Lua, (...) na persuasão
secreta, na invenção de necessidades artificiais, etc."
possível, e não por exemplo, relativamente cara, "por que", em vez de fazer todo
esforço possível para reduzi-la a níveis mínimos de superfície, de espessura, de
materiais, não deveríamos torná-la espaçosa, protegida, isolada, confortável,
bem equipada, rica em oportunidades de privacidade, comunicação, intercâmbio,
criatividade pessoal. Ninguém, na verdade, pode dar-se por satisfeito (...)
quando todos sabemos o quanto se gasta nas guerras, na construção de mísseis e
de sistemas antibalísticos, nos projetos de exploração à Lua, (...) na persuasão
secreta, na invenção de necessidades artificiais, etc."
O arquiteto tem que conhecer a sociedade onde vive, os diferentes grupos sociais, as necessidades psicológicas, sócio-econômicas e culturais, com um olhar realista e empático. O regionalismo crítico (década de 60) propõe uma arquitetura que busca sua identidade cultural, dando ênfase aos valores específicos do lugar: topografia, luz que incidirá e seu valor tectônico, respondendo de forma articulada às condições climáticas, opondo-se à tendência da "civilização universal" de privilegiar o ar-condicionado em detrimento da arquitetura bioclimática, tratando as aberturas como zonas de transição com capacidade de reagir às condições específicas do lugar, pelo clima e pela luz. Ele refere-se à percepção do ambiente, não só relativo à visual, mas de forma holística pois o ser humano é sensível às variações de iluminação, de calor e frio, umidade e deslocamento de ar, bem como à diversidade de aromas e sons produzidos por materiais de diferentes volumes, acabamentos de pisos que exigem mudanças no modo de andar. Afirma que é necessário opor-se à "tendência, numa época dominada pelos meios de comunicação, de substituir a experiência pela informação." (Frampton, op. cit.)
Tais metas influenciam projetos, mas não informam sobre as necessidades do ser humano. Uma casa que pode ser adequada a um indivíduo, poderá não ser adequada para outro. Portanto, há que ouvir os usuários, entender suas necessidades e projetar para eles. Ninguém deseja uma casa que mata. Mas ao construí-la, esquece-se que a velhice é um fato concreto e o futuro de todos, esperado pelo menos. É preciso que haja a possibilidade de a usufruir sem o sofrimento da dependência. Autonomia é vida. Para que se possa afirmar, como no folclore português: "A minha casa/A minha casinha/ Não há casa/ Como a minha", a casa futura, um grande desafio, deverá ser mais "da vida", a que permitirá e estimulará o homem em qualquer momento ou idade, deverá ter conforto e acessibilidade, estimulará o convívio social, a solidariedade e a comunicação entre seus moradores.
Texto de autoria de Marlice
Costa extraido da coluna do
IAB-RS
Costa extraido da coluna do
IAB-RS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bachelard, Gaston (1993). A poética do espaço. São Paulo: Martins Fontes.
Costi, Marilice (1997). A sala de morrer e a máquina de curar - a enfermaria gótica e o hospital renascentista. Monografia. Porto Alegre: Faculdade de Arquitetura . Programa de Pós-Graduação em Arquitetura. UFRGS.
Eco, Umberto (1991). A estrutura ausente. São Paulo: Perspectiva. 7e.
FINEP – GAP (1983). Habitação popular: inventário da ação governamental. Rio de Janeiro.
FINEP – GAP (1983). Habitação popular: inventário da ação governamental. Rio de Janeiro.
Freyre, Gilberto (1979). Oh de casa! Rio de Janeiro: Artenova.
Frampton, Kenneth (1997). História crítica da arquitetura moderna. São Paulo: Martins Fontes.
Okamoto, Jun (1996). Percepção ambiental e comportamento. São Paulo: IPSIS.
Ornstein, Sheila; Roméro, Marcelo (1992). Avaliação pós-ocupação do ambiente construído. São Paulo: Studio Nobel, EDUSP.
Siqueira, Luiz Fernando (1996). Arquitetura e bem-estar dos pacientes. Em:CONGRESSO DE Oftalmologia, 1º Congresso Internacional de Catarata e Cirurgia Refrativa, 27 a 30 abr.TV MED vídeo, São Paulo. Fita de vídeo. n. 00291/64.
Smithson, Alison y Peter (2001). Cambiando el arte de habitar. Barcelona: Gustavo Gilli.
Duarte, Cristiane Rose; Santos:Ana Lúcia Vieira dos.(2000) Usos, percepção e transformações no espaço urbano por populações de rua: um estudo de caso no Rio de Janeiro. Em: SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE PSICOLOGIA E PROJETO DO AMBIENTE CONSTRUÍDO. Rio de Janeiro. Anais. UFRJ. Cd rom.
Tedeschi, Enrico (1978). Teoría de la arquitectura. Buenos Aires: Nueva Visión.
Casas promíscuas na zona sul
Se está querendo comprar uma casa nos novos bairros da zona sul - que deveria ser tudo de bom - não se iluda, as casas geminadas ou grudadas devido à ganância dos construtores, tornaram-se casas promíscuas. Pode mandar rezar uma missa, não adianta, seu vizinho vai fazer algum barulho, nem que seja caminhando ou subindo escadas de ferro, espirrando, ouvindo alguma música a qual não coincide com seu gosto musical. Vai saber a hora que está saindo com seu carro, a hora que a máquina de lavar funciona, o cão que ladra ou é maltratado, uma criança que berra, as visitas que chegam e por aí vai, na promiscuidade e total falta de privacidade.
Inventar outro adesivo pra botar no carro: Zona sul, ser pobre é foda!
Parabéns senhores investidores imobiliários da zona sul com sua invenção da máquina de morar e enlouquecer gente.
Inventar outro adesivo pra botar no carro: Zona sul, ser pobre é foda!
Parabéns senhores investidores imobiliários da zona sul com sua invenção da máquina de morar e enlouquecer gente.
"Boom" imobiliário da zona sul: máquinas de morar
Refiro-me à zona sul de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul. Porto Alegre e seus bairros tradicionais e mais próximos ao Centro Histórico, onde parece que não há mais espaço para moradores. A opção encontrada recentemente foi expandir o município para o sul. Quando criança era onde se chegava nas praias do rio (ou estuário, ou lago) Guaíba para banhos e piquenique com minha família. Ou mesmo passeios com pais, tios e primos no bairro Belém Novo com o tradicional café e lanche em restaurante na beira do rio. Muitas famílias tinham casa de veraneio e fins de semana nesse bairro.
De uns dez anos pra cá, construtores e investidores tiveram a próspera ideia de construir condomínios. Bingo, enriqueceram rapidamente. Já que o povo pôde finalmente comprar uma casa nova com preços acessíveis. As casas à venda próximas do centro são antigas e muito mais caras. Lindas e antigas, mas caras. E obviamente sempre necessitam reforma.
E o "boom" da zona sul explodiu comigo aqui dentro de um residencial que cresceu em proporção estratosférica. "A Zona Sul é tudo de bom", adesivo que desfila nas traseiras dos carros dos moradores apaixonados pelo "novo bairro".
Eu diria de outra maneira: "A Disneylândia do Cimento é uma Merda"! Refiro às milhares de casas de alvenaria dos novos condomínios abertos e fechados, tudo na base do tijolo, ferro, areia e cimento, muuuito cimento! Festival do cimento e do impacto ambiental que a região com mata nativa, banhados e restinga sofreram. Na maioria das vezes, senão sempre, os restos e entulhos das obras iam parar nos lotes vizinhos e vazios, virando berçário para esconderijo de cobras, aranhas, escorpiões e ratos. As corujas buraqueiras antigas moradoras do meu condomínio foram expulsas, taparam seus buracos!
VIVENDAS DO ROUBA SOL
Eis uma nova sugestão para troca de nome do meu residencial. Aqui também é proibido construir casa de madeira. Na tentativa de aproveitar o máximo da metragem de cada terreno, constroem-se verdadeiras torres residenciais com três pisos e mais um sótão ao lado de casas térreas ou nos fundos. Sou uma vítima agora da ausência do sol no pátio dos fundos e do sol da manhã que podia ver nascer no verão em frente a minha casa. Também podia apreciar o nascer da lua cheia. Agora nada mais.
Disneylândia do cimento constrói máquinas de morar, não casas... |
Qual seu estilo de morar
O meu estilo eu sei, casa de madeira! Madeira-de-lei, naturalmente. É uma casa saudável, não retém cheiros, nem umidade, nem traças penduradas na parede nem rastejando pelo chão. Não mofa! Na cozinha não precisa coifa, não fica cheiro de comida ou fritura. Casa de madeira é acolhedora, quente, simpática e sua durabilidade é alta. Pelo feng shui é uma casa associada ao elemento terra; casa de madeira tem vida! Para equilibrar, segundo o feng shui, apenas colocar elementos, móveis ou decoração em metal, vidro.
Tenho apenas uma curiosidade com relação ao financiamento bancário para construção de casa de madeira ou mista: no Brasil nenhum banco financia! Por quê! Preconceito, certamente.
A casa dos meus sonhos é esta!
Wunderhaus: loja em Gramado e Campo Bom, no Rio Grande do Sul A casa fria |
É a casa mais comum, a maioria em alvenaria, puro cimento. A casa fria e contemporânea os bancos financiam sem problema nenhum. Os bancos adoram casas sem vida, um gelo do piso enjoado de porcelanato ao forro de cimento armado. Uma casa sem aconchego, absolutamente desprovida de sensação. Pergunto se os moradores dessas casas inertes também não seriam pessoas sem sentimento...
As casas frias tem excesso do elemento água, segundo o feng shui, devendo equilibrar com madeira em móveis e objetos de decoração. A casa estilo frio contemporâneo se dão ao "luxo" de nem usar aberturas em madeira, usam pvc! Coisa horrível! Algumas mais modestas usam forro de plástico!
Esses monstrengos gelados os bancos financiam! E em todos os condomínios podem e devem ser construídas como se fossem algo "normal". Mais uma excentricidade à brasileira, enquanto que no resto do planeta não há distinção.
Descobri Cariló!
Até hoje não descobri o que nossos hermanos argentinos vem fazer aqui no Brasil! Suas cidades turísticas dão de dez a zero às nossas! Não as conheço, só por fotos e documentários. Ushuaia, lá no pé do continente sul-americano é fantástica, Bariloche bota nossas serranas Gramado e Canela no chinelo com facilidade; Buenos Aires tem jeito e clima de cidade européia. Não sei o que eles vem fazer aqui!
Há tempos assisti no canal TLC um documentário sobre uma praia com bosque na Argentina. Praia com bosque! Fiquei fascinada, mas não consegui memorizar o nome do lugar. As casas eram todas no estilo que gosto, rústicas, lindos gramados, muitos pinheiros, tudo sem cercas... A área central com comércio e restaurantes com arquitetura também rústica, casario lindo de madeira e gnomos por todo o lado! Gnomos! Caldeirão com bruxa! Tudo a minha cara!
Ontem pesquisando moradias no país vizinho, li Cariló em alguma foto de casa adorável. Tava ali o nome que havia esquecido. Descobri o lugar! Pesquisei direto sobre a praia com bosque. Santo Deus, é lindo! Imagina morar em meio a bosque e depois dar uma caminhada e chegar na beira da praia.
Compartilho com todos esse pedaço de paraíso. Lá é diferente das nossas praias de mar ao pé da serra e da Mata Atlântica, onde tem muito calor, borrachudos, mosquitos, moscas e outros rastejantes, sapos e lagartixas. Cariló tem clima temperado e um bosque com gnomos e duendes... Seria como se Gramado fosse na beira do mar...
A seguir, texto de um site sobre o assombroso lugar...
Classe e requinte
Cariló está localizada a 360 km da Cidade de Buenos Aires (Rodovia Buenos Aires-La Plata, Rodovia 2 até Dolores e Rodovia 63 até Esquina de Crotto, Rodovia 11, Rodovia 56 e outra vez Rodovia 11). Minha viagem foi feita em ônibus, saindo da estação de Retiro até Pinamar e daí pegando um táxi para Cariló.
É uma pequena cidade imersa num enorme bosque, o que lhe confere um clima muito especial. A arquitetura é impressionante, com casas que mantêm um estilo homogêneo e refinado.
A cidade tem ruas de areia e não possui iluminação pública, já que a intenção é preservar as características naturais do lugar. Existe um centro comercial que ocupa vários quarteirões, cuja arquitetura é harmoniosa com o resto da cidade. Lá você poderá comer e fazer compras.
Se a sua idéia for não gastar dinheiro, passe longe de Cariló. Como tudo o que é bom na vida, a cidade é bastante cara.
O hotel onde eu me hospedei é altamente recomendável, com piscina climatizada, sauna, ducha escocesa... tudo de excelente nível.
Das cidades que conheço na Argentina, acho que Cariló é uma das melhores. É o lugar ideal para descansar e estar em contato com a natureza.
Cariló está localizada a 360 km da Cidade de Buenos Aires (Rodovia Buenos Aires-La Plata, Rodovia 2 até Dolores e Rodovia 63 até Esquina de Crotto, Rodovia 11, Rodovia 56 e outra vez Rodovia 11). Minha viagem foi feita em ônibus, saindo da estação de Retiro até Pinamar e daí pegando um táxi para Cariló.
É uma pequena cidade imersa num enorme bosque, o que lhe confere um clima muito especial. A arquitetura é impressionante, com casas que mantêm um estilo homogêneo e refinado.
A cidade tem ruas de areia e não possui iluminação pública, já que a intenção é preservar as características naturais do lugar. Existe um centro comercial que ocupa vários quarteirões, cuja arquitetura é harmoniosa com o resto da cidade. Lá você poderá comer e fazer compras.
Se a sua idéia for não gastar dinheiro, passe longe de Cariló. Como tudo o que é bom na vida, a cidade é bastante cara.
O hotel onde eu me hospedei é altamente recomendável, com piscina climatizada, sauna, ducha escocesa... tudo de excelente nível.
Das cidades que conheço na Argentina, acho que Cariló é uma das melhores. É o lugar ideal para descansar e estar em contato com a natureza.
Onde comer: No centro comercial existem alguns restaurantes e, como tudo na cidade, o ambiente deles é muito agradável.
Fui a um restaurante de comida mexicana muito bom. Não vai ser difícil encontrá-lo porque é o único que existe.
Fui a um restaurante de comida mexicana muito bom. Não vai ser difícil encontrá-lo porque é o único que existe.
Clima: Apesar de ter viajado em abril, os dias foram ensolarados e inclusive permitiram ficar na praia.
O pior: Sem carro, caminhar de noite não é muito agradável. Como parte da preservação natural da região, não existe iluminação nas ruas e de noite onde não há construções. Só existe uma absoluta e profunda escuridão. A praia, como toda praia argentina, não é muito boa. Muito vento e água gelada.
Às vezes a ostentação em excesso de seus visitantes chega a incomodar. Tem gente que precisa se mostrar para se sentir bem.
Às vezes a ostentação em excesso de seus visitantes chega a incomodar. Tem gente que precisa se mostrar para se sentir bem.
O que você não deve deixar de fazer: Não deixe de alugar umas bicicletas para conhecer a cidade pedalando. É um jeito bem legal de ver o bosque e as casas, apesar de que o aluguel equivale a 10% do valor da bicicleta...
Lembre-se de passar na "Abuela Goye". É um café localizado na área comercial onde você vai poder comprar ótimos chocolates e tomar café… é muito agradável.
Lembre-se de passar na "Abuela Goye". É um café localizado na área comercial onde você vai poder comprar ótimos chocolates e tomar café… é muito agradável.
Ficha
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Cidade | Cariló, Província de Buenos Aires |
Transporte | Ônibus (de e para Buenos Aires) - Empresa Plusmar |
Data da viagem | Abril de 2005 |
Duração | 2 dias |
Hospedagem | Hotel Talara www.talarahotel.com.ar |
Pontuação |
À esquerda um gnomo pendurado! |
As casas à venda todas ou tem piso em tabuão ou rústicas lajotas, exatamente como gosto. Casa do sonho! |
terça-feira, 5 de agosto de 2014
A estranha sensação de não pertencer
A única certeza que tenho é que pertenço a mim mesma. Esse sentimento nasceu quando iniciei meu caminho de autodescoberta a partir da iniciação em astrologia. Era apenas eu e ninguém mais. Parece ser algo egocêntrico ou individualista, mas não era. Apenas de pertencer a mim mesma, talhar minha máscara na solidão, não ter medo de ficar sozinha e me encarar na frente do espelho vendo a minha imagem real, sem retoques, sem maquiagem, finalmente pude ser eu mesma. E me descobria bruxa, acima de tudo. Ficar em silêncio, meditar e me permitir que uma nova mulher emergisse das entranhas. Cursos e mais cursos, livros novos quando recebia meu salário, brincos e roupas indianas, longos passeios pela avenida Independência a olhar vitrinas nos sábados. Nessa época montei meu primeiro altar num cantinho embaixo da escada. A magia inundou meu ser sedento de conhecimento. Hoje aceito que o conhecimento possa ser um fardo, ou que a gente acaba sem saber o que fazer com ele. O caminho da consciência, em tese, parece ser tão lindo, parece dar sentido à vida e a todas as coisas. Dói subir esses degraus, ficamos sós. Como não tinha com quem compartilhar os novos conhecimentos, escrevia.
Gostava especialmente de participar todos os sábados do sarau com o grupo de astrologia, onde se trocava experiências, insights, sonhos ao sabor de chás e bolos e salgadinhos. Depois o sarau foi minguando, as pessoas desaparecendo, a professora mudando para outras atividades. E novamente fiquei só.
Meus familiares me excluíram por não "aceitarem" que o conhecimento da astrologia fosse assim tão essencial na minha nova vida; poucos amigos também me abandonaram. Época rica em aprendizado, em vida interior intensa, em experiências psíquicas, aumento da intuição. Eu me fiz por mim mesma. Na solidão e na escuridão da alma.
Mergulhando também na magia, fui aceitando o fato de que toda a bruxa e bruxo tem que aprender a decifrar sua lenda pessoal, ela dá significado, objetivo, clareza e escuridão. Sempre houve momentos de dúvidas, de vontade de desistir, sair correndo, fechar essa porta recém-aberta e dizer pro Grande Espírito:
- Quero minha vida de volta!
Ele sabe que isso não mais é possível, e, na realidade, no fundo de seu coração, também! As portas atrás de si foram fechadas, muitas desapareceram. Agora chegou a vez de entrar pela escuridão da nova porta aberta. Coragem e coração. É o que basta.
A estranha sensação de não pertencer a nada, ninguém, de se sentir uma estranha no ninho que nada tem a ver comigo ainda persiste. Especialmente agora, depois dessa longa jornada em busca de mim mesma, onde possa fazer sentido, falta, acolhimento. Ser imprescindível na vida de alguma pessoa, de um ser, nem que seja um gato, um jardim, uma plantação de gerânios. Sinto uma sensação de fracasso, de faltar um pedaço em algum lugar esquecido.
Hoje olho o que restou do meu pessegueiro aleijado com apenas alguns brotos da flor que tanto gosto, mutilado sem cerimônia por pessoas sem um pingo de educação e sensibilidade e sinto uma inutilidade tão grande que chega a doer. E isso me dói todos os dias. Vejo os galhos pelados e retorcidos de uma árvore que acabou sendo prensada numa parede com pouco sol rodeada por fios elétricos inúteis que me renderam muita incomodação.
Isso deve fazer parte da minha lenda pessoal, aprender a sublimar a raiva, a fúria e me movimentar em busca de significado e justiça.
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