sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Oi, Brasil

Não sei por que vim parar aqui


Contudo vim, e aqui estou eu, tentando entender meu país e o que ele tem a ver comigo. Claro, para tudo tem uma razão de ser e de encarnar num determinado local, muito embora a gente não se identifique inteiramente com suas tradições, sua história, seu povo. Confesso, aqui me sinto uma estranha no ninho. Aqui não me sinto acolhida, amparada, cuidada. Tenho diariamente atitudes de cidadania e as pessoas passam por cima de mim sem nem notarem nada, nem comentam. Muitos me olham como uma criatura esquisita pela maneira como me comporto ou me visto. Futebol é Gre-nal, no Carnaval eu me escondo, no samba tropeço, no Natal com temperatura de média de 37 graus, prefiro um Papai Noel de bermudas, o Coelho da Páscoa bota ovos de chocolate, não aprecio populismo nem sou nacionalista. A modinha ditada pelas novelas da Globo me enjoam, o Big Brother é um mau exemplo e um retrocesso, a corrupção não tem vergonha nem esconderijo, pagode e música sertaneja doem meus ouvidos; o culto à bunda me irrita, a falta de imaginação ainda mais.

Não sei por que vim parar aqui. Mas alguma razão há de ter.

Como astróloga não reconheço o ascendente Aquário deste Brasil; Peixes combina muito melhor. Não vejo o Brasil em seu mapa natal dito oficial. Aliás, aqui o oficial não é muito usado. Usamos mais o artificial, a fantasia, o mundo do faz de conta e reiteramos todos os dias o que De Gaulle declarou há muito tempo:"O Brasil não é um país sério". Concordo inteiramente com ele.   


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