sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Perfume...

Alguém ou alguma coisa passou por
aqui agora... perfume de flores.
Gosto especialmente de estar
conectada aqui ou em qualquer outro espaço que possa escrever; a inspiração é
virtual, mas também pode ser espiritual. Talvez seja uma nova modalidade de
psicografia... O que tenho feito aqui é resgatar situações dolorosas ou não, mas
que, ao escrevê-las, posso ter um novo entendimento do fato e me aprofundar na
minha alma. Alma sim, porque meu corpo aqui não se encontra, apenas a conexão
com algum plano desconhecido que digitam esses textos como se meus fossem. As
histórias são reais, os dedos digitando têm vida própria. Estranho. Melhor ir
dormir.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Criatura estranha desde pequena

Era noite de Natal na casa da minha tia Alzira, no bairro Menino Deus, em Porto Alegre. Cheirinho de bacalhau cozinhando inundava toda a casa. Descendentes de portugueses sempre comem bacalhoada à portuguesa na ceia. Eu estava entusiasmada com a chegada do Papai Noel. Enorme árvore de Natal na saleta de entrada da casa.

A casa era em frente ao velho estádio dos Eucaliptos, do Inter. Ali vesti a camiseta. Pra fazer companhia pro meu pai e porque já amava a cor vermelha.


E o bacalhau cozinhando no panelão. Andava pra lá e pra cá, tentando adivinhar o meu presente que já estava sob a árvore. Inúmeros pacotes. O meu tinha que ser o maior, pois tinha pedido ao Papai Noel o jipão de "entrar dentro", com pedais e direção. Verde igual do exército, com a estrela em cima. Falei nisso o ano inteiro.

Sabia que era um brinquedo caro, mas meu pai sempre fazia minhas vontades. Ele me dava mais carros do que bonecas.

Minha mãe que tinha mania de me dar bonecas. Tive uma que a boca era um buraquinho pra mamar ou botar o bico.

Sem muito jeito, dava mamadeira pra ela, feita com leite de verdade. Resultado: a boneca tinha cheiro de leite podre!


Passada a ceia tradicional com todos reunidos, a entrega dos presentes. Chamada! Chegou a minha vez, o pacote era enorme. "Meu jipão"... rasguei o papel com rapidez. Apalpei primeiro, não parecia que tinha quatro rodas, era mais fino.

 Desastre: um carrinho de bonecas! Botei a boneca com cheiro de leite podre pra passear. Um dos natais mais tristes da minha vida!

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Divagando sem escorregar nessa estrada feita de gel

Ciro Lewis, meu primeiro mestre
Deslizo pelo gel da estrada. fzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz não dá pra definir minha velocidade, deslizo sem parar, não há nada pra ver no caminho, não tem pedras nem árvores, apenas um nada feito de gelatina. Não sei o que visto nem o que uso nos pés. Estaria nua? Me lembro que hoje não escovei os dentes, não lavei o rosto nem penteei os cabelos. Mas sei que lavei a louça, arrumei o balcao novo da cozinha. São só lembranças. Nesse deslizamento em gel, posso me considerar apenas um ente etéreo. Deslizando. Não está escuro nem claro. O céu se confunde com a terra. Não há horizontes, nem pássaros, nuvens, nada. Deslizo.

PORTA PARA A ESCURIDÃO


Isso me faz recordar um sonho inquietante. Sonhei que estava (deslizando num grande salão, meio amarelado, como prédio antigo). Pessoas conversando aqui e ali, em pequenos grupos. Não reconheci ninguém.


Olhei à direita, um homem desconhecido tocando piano, tipo dedilhando, brincando. Recostado no piano, reconheci meu tio bruxo (ele já havia morrido).


Deslizando me aproximei dele e beijei sua mão, como que pedindo seu consentimento para seguir meu deslizamento. Ele sorriu dando permissão. Então deslizei atravessando o salão. Na minha frente uma porta aberta. Parei. Do outro lado: total escuridão. Não fiquei com medo e entrei.


Quando contei este sonho à minha mãe, ela disse que meu tio tinha um primo que tocava piano e ele também já havia morrido.


Você tem medo do escuro?

Acima a foto do meu tio Ciro, mago e astrólogo. Quando me iniciava com ele na magia, recomendou que nunca, mas nunca mesmo colocasse sangue em minha cabeça. Portanto, ele já sabia que eu era abikum!

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Pardal morto no jardim

Meu primeiro contato com a morte. Nunca tinha visto um ser morto; era uma menina estranha, vivendo num mundo de gnomos e fada, musgos e liquens. Sozinha, peguei o pardalzinho em minhas mãos e desejei ter o poder de ressuscitá-lo. No meio das palmas da mãos, fechei os olhos e orei fervorosamente que Deus permitisse que ele voltasse a viver. Fiquei alguns minutos, concentrada, em oração; o bichinho gelado dentro das mãos em concha. Rezei muito. Vez em quando espiava pra ver se estava se mexendo, os olhinhos abertos. Nada. Não tinha o poder de ressuscitar. Ele tinha morrido definitivamente. Chorei e pedi a Deus que me concedesse a magia de fazer reviver pardal morto. Amo os pardais!
Por fim, no canteiro da casa, enterrei-o com pompas fúnebres.
O tempo passou, cresci e aprendi o conhecimento da magia wicca: todos os pássaros estão ligados à direção norte, a direção do poder, para todos os bruxos e xamãs. E até hoje, alimento todos os tipos de pássaros que se aproximam de mim e da minha casa. De manhãzinha, sempre ofereço a eles, alpiste, painço, para os predadores João de Barro, Bem-te-vi e até mesmo carne crua para os gaviões que sobrevoam a casa na beira do mar. Gratificante! Mágico! Esta conexão é surpreendente! O casal de gaviões, pousados nas dunas de areia, aguardavam ansiosos pela porção de carne.
Quando demorava a oferenda, sobrevoavam a minha cabeça, querendo dizer:
- Como é que é, nossa comida vem ou não?
Quando chegava a noite, era a vez dos gambás; frutas, ovos, maçãs...
Saúdo a direção norte, os pássaros e os seres ligados à terra, tesouros e cavernas; sempre me proporcionam prosperidade! Por que não experimenta? O dinheiro dentro de sua carteira vai aumentar!

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Eu vou morrer

Claro, vc também vai morrer. Nascemos para morrer. Só que o meu morrer é diferente do seu. A maioria das pessoas têm descendentes. Eu não tenho. Sou única! Meu dna morre comigo. Eu desapareço da face deste planeta. Nada de mim ficará para lembrança. Não ter descendentes é algo desesperador para uma criatura plutoniana como eu: Plutão em Leão na casa um e Sol em Escorpião. Quando eu morrer, morrem comigo todas as minhas idéias, ninguém herdará a cor do meu cabelo, meu jeito de ser, minha maneira de andar. Morrerei e não permanecerá nada de mim em ninguém.

Abikum

ABIKUM.A este fenômeno e muito raro ocorrer.
Que os ocultistas chamam:
“Imantação”, ou seja, forças que aderem a uma pessoa e que aí permanecem.
Por exemplo:
É um Òrìsà, com muita “luz e força”, de uma pessoa que morreu (linhagem Nagò) e por herança passou à outra pessoa, seja familiar ou estranho ao meio.
Quando esse Òrìsà vêm novamente ao mundo, causa um espanto, Ele, chega e já vai dando o seu nome e normalmente, existe certas semelhanças a do Òrìsà, que chegou, com o do ante-passado.
Este se constitui portanto um “Òrìsà Feito” (como se diz: nasceu feito), inclusive com a liberdade de fala.
Neste caso só se deve fazer a confirmação, e qualquer obrigação feita à essa pessoa, só realizar na cabeça, por exemplo:
Ó-Obórí de quatro pés (completo), podendo colocar todos os utensílios na cabeça como búzios, moeda, guias do Olórí, antes de realizado a Obrigação é colocado uma apara na cabeça, para depois fechar ou colocar sobre a cabeça uma cuia (porongo) pintado externamente de branco, cobrindo tudo com “tussú”, ojá branco (turbante branco).
Após alevantação da mesma, é armado os utensílios do Ó-Obórí na manteigueira e sobre a mesma, será colocado a cuia cobrindo toda a “Obrigação.
A colocação da cuia, por cima do Ó-Obórí, isto é um segredo (eró).
Observação:
O nome Abiku ou Abikum – Também podemos definir como:
“O que vai morrer”, mais propriamente os que nascem destinados à morrer criança, antes de atingir a juventude.
Vulgarmente, chamado, uma criança fujona, ou se já, que na maioria não fecha os sete anos.
O Feitor (a), sabem realizar as seguranças de vida à essas crianças, que são feitas aos sete, quatorze e aos vinte e um anos de vida.
Após, aos vinte e um anos, a pessoa a ser um “Omorisà” ou realiza uma “Obrigação à Òrìsà”, para dar continuidade inclusive na Religião.

Comparando


Os xiitas ferrenhos do anti-aborto, abortos provocados, podem se dar ao luxo de sentar na frente da tv, comodamente, e se indignar com as mulheres que provocam abortos deliberadamente. Crime! E sabe alguma coisa de história de vida dessa mulher abortadora? Tem conhecimento do motivo pelo qual optou por interromper a gravidez? Antes de sair gritando que ela é criminosa, desavergonhada, insensível, pare, pense. Imagine o quanto sofreu para optar por esta decisão, que certamente vai permanecer pro resto de sua vida; o bebê que eu matei...


Aqui não me importa motivos; me importa a mulher e a decisão sobre seu próprio corpo.


A estas alturas, comparando o aborto provocado e o espontâneo, choca-me muito mais profundamente o último, os quatro que vivenciei, sem nenhuma explicação médica, sem nenhuma justificativa divina ou filosófica. Deus ou a Deusa nem tomam conhecimento disso, de sua dor, desespero. Não existem respostas, só perguntas!

Ainda me dói muito isso tudo!




Tão pequenos, indefesos, mas todos têm um grande poder de transformar mulheres em almas penadas em vida, vagando pela terra, sem entender o que acontece em seus corpos.




Primeiro a alegria de se descobrirem grávidas, compram enxovais, encomendam o berço, a cômoda, fazem sapatinhos de lã, escolhem nomes, os padrinhos e madrinhas, começam a se cuidar, alimentam-se melhor, deixam de fumar, beber, seguem à risca o exame pré-natal, a barriga vai crescendo... lá pelas tantas, ele pára de se mexer, não chuta mais. Vai ao médico. Faz ecografia (só pra confirmar): feto está morto, gravidez interrompida.




Próxima etapa: ingerir um remédio abortivo pra apressar contrações e parir o feto morto - com todas as dores características de um parto de bebê vivo _ só que o seu está sepultado em sua barriga. Engordou, têve enjôo, escolheu o nome, fez enxoval, encomendou o bercinho, pintou e decorou o quartinho e... nada, ninguém veio ao mundo. Veio, chegou em silêncio. Morto. Como meu último bebê, nasceu com quase um quilo de peso, teve que ter atestado de óbito de natimorto, comprar o caixão e enterrar. Pobre serzinho, inanimado, sem nome. Seu nome ficou como natimorto. Há dor maior do que esta?




Próxima etapa: depressão. Para algumas mulheres, terapia psiquiátrica e mesmo internamento em clínica.




Próxima etapa: brigar com Deus! Pelo menos pra mim!

Bebês mortos não choram


Infelizmente, a história ainda não terminou. Aos 26 anos engravidei pela primeira vez, sem problema nenhum. Quando completei 4 ou 5 meses de gestação, precisei ser hospitalizada. Ecografia acusava feto morto, coração parado. E lá fiquei na sala de pré-parto do hospital escutando as mães gritando e depois sendo levadas rapidamente à sala de parto. Bebês choravam. Eram mães de verdade. E eu continuava ali, com soro para apressar contrações a fim de expulsar feto morto. Meu problema? Pré-eclâmpsia; ou seja, metabolismo totalmente alterado devido à pressão arterial alta, edema; placenta inoperante para alimentar o bebê - que em meu leigo entendimento - tinha morrido de fome dentro de mim.




A partir daí, eu era uma mulher pela metade, interrompida.




- Você vai engravidar de novo e tudo vai dar certo, - dizia o médico.




QUATRO GRAVIDEZES DE ALTO RISCO - quatro bebês mortos




O último, com mais ou menos 7 meses e meio, nasceu morto, com cordão umbilical enrolado no pescoço. Dores, contrações e o silêncio. Bebês mortos não choram, só a mãe!




E assim, mais uma vez, meu destino abikum se cumpriu, como bem relata o texto pesquisado na net.




Ser mãe, o desejo natural de uma mulher com Câncer ascendente, não era meu caminho.

Jussara, minha irmazinha abikum


Esta sou eu com 7 anos. Desdentada

Meu signo ascendente está enquadrado pelo Urano e Plutão, portanto, não sou pessoa de história light, normal. Nasci rapidamente (Urano), num ambiente de luto (Plutão).

Poucos anos antes do meu nascimento, tive uma irmã que não conheci: morreu com 3 aninhos, chamava-se Jussara. Era linda, morena, alegre e cantava. Febres altas desencadearam convulsões, afetando as meninges. O médico explicou que se sobrevivesse, não mais seria uma menina normal. Morreu rapidamente. Minha mãe, desesperada, ficou de luto por muito tempo, com sua dor.


Avô recomendou que comprasse para ela, imagem de Nossa Senhora da Conceição


Minha mãe não comprou e se sentiu culpada por não ter atendido a recomendação.

Conforme os textos sobre crianças abikum, ou abiku, possivelmente a alegre menina linda foi um deles. Partiu muito rápido.


Depois veio eu!


Ainda com a lembrança vívida dos momentos terríveis das dores da perda, minha mãe engravidou de mim, fazendo promessa para Nossa Senhora da Conceição: ela vai se chamar Maria e a senhora terá que protegê-la durante toda a vida. Não tive convulsões e nem maiores problemas de saúde. Mas não era alegre nem tão bela quanto Jussara, também não costumava cantar. Era apenas estranha (Urano no ascendente)... Então nasci rapidamente, em casa, com parteira. Naturalmente, minha mãe comprou a tal imagem recomendada para a filha morta anteriormente. Nasci nesse ambiente de medo, luto. Excesso de cuidados me sufocavam. Enfeitavam-me com vestidos engomados e saias de armação. Era um repolho! Minha Lua em Aquário detestava aquele aparato todo. Gostava de andar na rua, de salto alto (da mãe), só de calcinha. Fujona, pulava o muro ou abria o portão com chave pendurada no alto da parede para escapar e correr rua afora. Gostava especialmente de andar rastejando pelo capim alto, conversar com bichos e brigar com as amigas: arranhava e puxava os cabelos. Era uma tinhosa vestida de anágua esvoaçante para parecer bailarina; gostava de dançar. Queria aprender balê - não tinha dinheiro; queria ter aulas de piano - também não tinha recursos. Naquela época esses gostos era para gente rica. E eu era pobre.


Oitocentos anos depois - agora - descobri que assim como Jussara, eu sou abikum; só que me parece que a oração fervorosa a Oxum feita pela minha mãe, adiou minha partida mais cedo.

Abikum - mais informações

História
Nas religiões afro-brasileiras existe ainda uma explicação que diz: os Abiku, se constituem numa sociedade de espíritos, onde a regra é vir à Terra (encarnar) mas viver apenas por um curto período. Sabe-se que antes de encarnar o espírito se compromete com a comunidade dos Abiku, à qual pertence, de voltar o mais rápido possível, estabelecendo inclusive, data e hora. Existem ebós para quebrar esse pacto do espírito com a sociedade dos Abiku, permitindo assim, que o espírito viva por mais tempo na terra.
Na terra dos yorubás, acredita-se que quando nasce um Abiku significa que a família tem dívidas espirituais a pagar; por isso o nascimento de uma criança que necessitará de muitos cuidados espirituais para evitar sua morte prematura — o que sempre é um sofrimento para os pais. Assim como o nascimento de gêmeos, Ibeji é uma grande honra e uma grande alegria para a família, o nascimento de um Abiku é sinal de problemas e de preocupações.
Esses espíritos pertencem ao egbé Abiku e não a um egbé da terra. Por isso sua forte ligação com o orun e sua necessidade de sempre tentar voltar ao seu egbé, o que pode causar a morte prematura da criança entre o primeiro e o sétimo ano de vida.
[editar] Referências
Ìyálorixá Sandra Medeiros Epega

sábado, 5 de fevereiro de 2011

ABIKUM

É como me defino em minha página no orkut. Garanto que poucos sabem o que é isso. Abikum. Gente que nasceu "pronta" no candomblé. Só no candomblé, porque em umbanda ou nação africana ou batuque aqui do sul, poucos sabem de abikum.
Faz mais ou menos um mês que descobri isso. Esta palavrinha mágica era a peça do quebra-cabeça mal-sucedido nas minhas investidas na religião dos orixás. Entrei e saí de casas de religião inúmeras vezes, sem nunca me encontrar, dar certo. De um ano pra cá, desisti!
Quem nasce abikum não precisa levar sangue na cabeça, não precisa e não pode! Ninguém pode tocá-lo! E se isso acontecer, pode enlouquecer. No hospício pode ter muitos assim... felizmente nunca fui parar num local desses, mas já fiz coisas piores. E delas não me sinto lisongeada.
Pois é, abikum é minha palavra mágica, a chave que abriu uma porta pela qual queria entrar mas tinha medo. Agora abri a porta. Resta saber quando terei coragem de ultrapassar e ver o que tem do outro lado. Uma outra hora posto aqui minha pesquisa sobre este tema.