domingo, 6 de fevereiro de 2011

Jussara, minha irmazinha abikum


Esta sou eu com 7 anos. Desdentada

Meu signo ascendente está enquadrado pelo Urano e Plutão, portanto, não sou pessoa de história light, normal. Nasci rapidamente (Urano), num ambiente de luto (Plutão).

Poucos anos antes do meu nascimento, tive uma irmã que não conheci: morreu com 3 aninhos, chamava-se Jussara. Era linda, morena, alegre e cantava. Febres altas desencadearam convulsões, afetando as meninges. O médico explicou que se sobrevivesse, não mais seria uma menina normal. Morreu rapidamente. Minha mãe, desesperada, ficou de luto por muito tempo, com sua dor.


Avô recomendou que comprasse para ela, imagem de Nossa Senhora da Conceição


Minha mãe não comprou e se sentiu culpada por não ter atendido a recomendação.

Conforme os textos sobre crianças abikum, ou abiku, possivelmente a alegre menina linda foi um deles. Partiu muito rápido.


Depois veio eu!


Ainda com a lembrança vívida dos momentos terríveis das dores da perda, minha mãe engravidou de mim, fazendo promessa para Nossa Senhora da Conceição: ela vai se chamar Maria e a senhora terá que protegê-la durante toda a vida. Não tive convulsões e nem maiores problemas de saúde. Mas não era alegre nem tão bela quanto Jussara, também não costumava cantar. Era apenas estranha (Urano no ascendente)... Então nasci rapidamente, em casa, com parteira. Naturalmente, minha mãe comprou a tal imagem recomendada para a filha morta anteriormente. Nasci nesse ambiente de medo, luto. Excesso de cuidados me sufocavam. Enfeitavam-me com vestidos engomados e saias de armação. Era um repolho! Minha Lua em Aquário detestava aquele aparato todo. Gostava de andar na rua, de salto alto (da mãe), só de calcinha. Fujona, pulava o muro ou abria o portão com chave pendurada no alto da parede para escapar e correr rua afora. Gostava especialmente de andar rastejando pelo capim alto, conversar com bichos e brigar com as amigas: arranhava e puxava os cabelos. Era uma tinhosa vestida de anágua esvoaçante para parecer bailarina; gostava de dançar. Queria aprender balê - não tinha dinheiro; queria ter aulas de piano - também não tinha recursos. Naquela época esses gostos era para gente rica. E eu era pobre.


Oitocentos anos depois - agora - descobri que assim como Jussara, eu sou abikum; só que me parece que a oração fervorosa a Oxum feita pela minha mãe, adiou minha partida mais cedo.

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