sábado, 26 de julho de 2014

190 anos de imigração alemã no Brasil e um gnomo perdido

Agradecendo a contribuição desse povo guerreiro e sofrido que veio sei lá de que cidade da velha Europa. Trouxeram junto seu sangue, suor, trabalho, habilidades, cultura e tradições, principalmente aqui no sul do Brasil. Estamos tão misturados que nem sabemos mais onde começa um e termina outro. 

Acrescento também minha inveja branca dos imigrantes judeus, dos italianos, poloneses, árabes, chineses e portugueses, cada povo contribuindo para a tão festejada cultura brasileira cheia de tons e matizes, o que lhe proporciona uma característica tão peculiar, diferente, como se fosse em gigantesco ninho a acomodar centenas de espécies de aves. Lindo. Único.

E cá eu fico pensando onde foram parar os aventureiros ingleses que para cá vieram. Poder-se-ia até arriscar o termo fugiram. Ingleses fora da lei, fugitivos... mas de que ou de quem. Então de alguma parte desconhecida do Reino Unido chegaram uns gatos pingados que se espalharam por locais desconhecidos. Não há imigrantes ingleses, muito menos escoceses. Região do Brasil escondida numa mata verde e úmida onde abriga umas criaturas picadas de mosquito, com febre amarela, malária, que talvez tenham copulado com tribos de índios desconhecidas. Nunca se ouviu falar de indígenas tocando gaita de foles ou vestindo kilt. Os vikings - que se saiba - também não passaram tão longe. Então não sobrou data comemorativa, resquícios culturais, miscigenação. Uma coisa estranha.

No entanto, estou aqui, me sentindo a pessoa mais desamparada do mundo. O pior de tudo que por um descuido do meu anjo da guarda nasci Lewis, descendente de um inglês completamente desconhecido, possivelmente também desgarrado, procurando no Novo Mundo alguma oportunidade, seguindo uma paixão, um sonho. Não viemos, certamente, colonizar porra nenhuma. Teríamos vindo saquear, roubar, se esconder... sabe-se lá! 

O gosto pela aventura, a sede de descobrir cidades e povos diferentes. Uma construção ali, outra aqui, a ferrovia Madeira-Mamoré, alguma família de plantadores de arroz. Tudo é vago e incerto. Aonde estão os imigrantes ingleses no Brasil! Uma descendente deles vos escreve nesse momento, solitária, perdida e abandonada. Não deixo filhos porque não os tenho. Alguns primos que nem conheço. Os tios já partiram, meus avós pouco conheci. Nada me foi contado ou explicado.

Então ouço gaita de foles, bebo um gole de uísque e choro. A minha saga misteriosa é mágica. Talvez eu seja um gnomo.

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