Nem precisa dizer onde é...
Tava lá sentada no consultório do meu médico ginecologista, o meu preferido. Consulta de rotina, que detesto. Chegou minha hora. Entrei sem fazer ruído no carpete macio. Cabelão loiro esvoaçante e desarrumado (nunca me penteio), meia rendada preta com bota de cano curto também preta, perfume discreto, brinco gigantesco, blusa decotada e um colete de Bali por cima, bolsa colorida. Como sempre saio maquiada, meu nervosismo fica menor. - Oi, doutor, eu de novo...
Beijou meu rosto e apertou minha mão com força, convidando-me a sentar na sua sala pendurada numa torre do décimo primeiro andar na avenida Independência. Meu médico é vaidoso, como todo o pessoal de Sol em Leão. Ama o que faz e traz bebês ao mundo com maestria. Entende da alma feminina e de seu universo contraditório. Me olhou nos olhos e disse: - Se eu não te conhecesse diria que poderia vê-la caminhando em alguma rua de Londres ou Amsterdã; parece com esses povos. Caiu de pára-quedas por aqui... Você está muito bem!
Entrei na sala de exames em estado de graça. É verdade, doutor, o Brasil não mora no meu coração. E o exame nem doeu tanto! |
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