domingo, 31 de julho de 2011

Netuno me deixa louca

Sou astróloga, mas lidar com os trânsitos de Netuno pelo meu mapa natal é coisa complicada, pra não dizer enervante, angustiante. Parece que caminho sobre areia movediça e por causa da neblina não enxergo um palmo à frente. Assim vou andando com cuidado, afundando os pés na lama até os tornozelos. Sei que estou indo na direção certa, mas não tenho certeza. Sento no barro e fumo um baseado pra me basear naquilo que realmente importa.

Hoje Netuno, o regente do signo de Peixes, signozinho também difícil de compreender, está a zero grau de Peixes, em movimento retrógrado. Desafiadoramente, está aspectando meu planeta Vênus! Coisa boa não é, longe disso: dinheiro e relacionamentos mergulhados numa barafunda como se fosse um nó impossível de desatar.

POEMINHA DO NETUNO PARA SUAS VÍTIMAS

Veja o mundo e as pessoas através de lentes cor de rosa.
Ponha um véu sobre os olhos.
Beba para esquecer.
Anestesie sua dor.
Fuja para lugar nenhum.
Quando voltar, tudo será igual.
Minta para si mesmo.
Ponha neblina em seu cenário.
Drogue-se diariamente.
Passeie no hospital.
Gaste todo o dinheiro em que não precisa.
Tome o remédio errado.
Pense que o seu príncipe encantado tá chegando.
Use tudo postiço.
Tenha mania de ajudar quem não pede ajuda.
Desmaie.
Faça-se de vítima.
Auto-estima zero.
Engane-se.
Perca-se.
Confunda-se.
Ache um guru.
Acenda velas para todos os santos.

Quando tudo isso poderia ser resolvido com um mergulho em seu mundo interior.

Cuidado com Netuno!

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Todas as minhas pérolas se foram

Nada contra os bichinhos

Mas está na Bíblia, a gente não deve dar pérolas aos porcos. Vamos combinar, como adoro bichos, acho que até daria um lindo colar de pérolas àquele porquinho do filme, Babe, o porquinho atrapalhado.

No entanto, o preceito que Jesus aconselhou no livro sagrado, é que não devemos dar o melhor de nós mesmos às pessoas que não compreendem ou valorizam. Pois assim estou me sentindo hoje, doei o melhor de mim, todas as pérolas e rubis a uma pessoa que não soube entender ou reconhecer seu valor.
Meus bolsos não têm mais nenhuma pérola, nem na bolsa ou no meu coração. Vou precisar aprender de novo como cultivar ostras. E então sim, guardarei as pérolas só pra mim ou mandarei fazer um colar.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Fantasma de carne, sangue e álcool

Oe eguns confraternizaram com o bêbado e foram embora
O alcoolista ainda não morreu, só bebeu todas com os mortos, eguns para os conhecedores da religião afro-umbandista. Seres não mais vivos que ainda persistem em saciar seu vício através do fraco e aberto bêbado. Bêbado é uma palavra tão pejorativa, feia, negativa; alcoolista é mais chique, como beber uísque importado em vez de cachaça. Cachaça brasileira é bem baratinha, custa uns 50 centavos no copinho de vidro que parece de casa de boneca de crianças.

Inúmeras vezes o vi ir indo embora de casa. Uma figura com passos incertos e cambaleantes, sacola com roupas a tiracolo, fugindo para lugar nenhum. Certamente rodeado de figuras sombrias o empurrando para o próximo botequim para mais uma vez beber de graça.

Calças surradas, fundilhos caídos, camisa amarrotada, jaqueta desbotada, parecia um fantasma vivo, pronto para a morte iminente. Penso eu que o principal desafio dos viciados não é o vício, é querer se tratar. Cem por cento não o querem! Ou então o fazem para agradar a família, os filhos, o patrão. Pois, na realidade, lá dentro de si, de sua alma preferem o prazer efêmero da droga, do álcool, e do se deixar manipular pelo seu acompanhante já morto. Quando a crise chega a um extremo, colocam em risco sua vida, a vida dos outros, seu patrimônio, seu emprego, seu ganha-pão, ou senão vão preso por baderna ou violência nas ruas, então o jeito é a internação. Eis o segundo desafio. As clínicas são caras, o tempo lá é curto, alguns meses, um mês, um ano. Lá dentro tudo vai bem. De volta ao mundo real, tudo recomeça, com mais força e intensidade. Chamo isso de sobriedade para inglês ver.

Quem tem medo das lambisgóias?

Esta senhora é uma lambisgóia que já envelheceu
Eu tenho medo das lambisgóias sim, confesso. Elas pululam pelo planeta, por todos os cantos. Os cantos mais badalados, bem frequentados, clubes de gente classe A, tem amigos "poderosos!", preferencialmente solteiros; homens casados nem chega perto, pois falta-lhe o poder de sedução, só tem o poder da manipulação. São intrometidas, inadequadas, afetadas, vaidosas, pretensiosas.

Na juventude, em geral, são magrinhas, tipo mignon, não te olham dentro do olho. Quando precisam, te ligam pra pedir uma roupa emprestada para uma festa. Não devolvem, você tem que andar à procura da esmilinguida. Tudo o que ela quer aparentar é um tipo de "patricinha" que veio em berço de ouro. Creio que, na verdade, mentiam sobre sua moradia, seu nome, e seu nível cultural. Lambisgóia não é gente, é a antimulher. Finge orgasmo para agradar seu parceiro. Invejosa e pobre de espírito. Aduladora, maquina o dia inteiro uma forma de se dar bem na vida. Não dá nada porque nada há dentro dela para doar; só tira, suga como vampiro.

Se tens uma amiguinha assim cuidado, é só você virar as costas que ela esguicha seu veneno para suas outras amigas lambisgóias, esguichando seu veneno e maledicência. Não elogia. Apesar de morrer de inveja daquilo que você tem, de sua casa, família, marido ou namorado. Cuidado com gente que não elogia nunca nada!

As lambisgóias que conheço são todas magrinhas, morenas, rosto fino, comprido; não tem atributos físicos sedutores, seios fartos, bunda grande - só se ela mandar fazer no cirurgião plástico. Narigudas, pois são metidas, ou seja, metem seu nariz em tudo. É, provavelmente aquela moça tipo minhoca que engravida para prender homem, depois disso querem uma polpuda pensão, pois trabalhar não está em seus planos.

Nunca vi uma lambisgóia gorda, fofinha, cheinha. Lambisgóia não é patricinha, embora queira se parecer com uma delas. Com as patricinhas não precisa ter medo. São vaidosas e vazias. Para elas, basta um cartão de crédito sem limite e um "gato" bonito para desfilar no shopping. Cuide sim com as lambisgóias.

Redijo este alerta porque tem uma na família.

Provavelmente, a senhora lambisgóia da figura acima ficou viúva e desfruta do que seu falecido marido desavisado deixou..

terça-feira, 26 de julho de 2011

Feiticeira cura a quem ama


" O homem caça e combate. A mulher trama, imagina, engendra sonhos e deuses. Em certos dias, é vidente; tem asa infinita do desejo e do sonho. Para melhor contar os tempos, observa o céu. Mas a terra domina seu coração. Os olhos baixados sobre as flores apaixonadas, ela mesma jovem flor, trava com elas uma relação pessoal. Mulher, pede-lhes que curem a quem ama."

(...) "Assim, para as religiões, a mulher é mãe, terna guardiã e nutriz fiel. Os deuses, como os homens, nascem e morrem sobre seu seio".

"Sozinha, ela concebeu e deu à luz. Quem? Outra ela mesma que se lhe assemelha a ponto de com ela se confundir". Da obra A Feiticeira, de Michelet. Editora Nova Fronteira.

Um bolo para Lilith

Oferenda para Lilith
- Muito prazer, eu sou Eukaris. Agora estou te conhecendo melhor, minha amiga Lilith. Cumprimentei-a, sabendo que a palavra "amiga" era apenas uma maneira simpática e cordial de me apresentar.
Lilith me ensinando a ser mulher sem precisar ser mãe

No início dos anos 90, quando me iniciei na astrologia, vendo pela primeira vez com alguma compreensão meu gráfico astrológico, vi que minha Lilith estava na casa um casada com Plutão em Leão. Todo o mundo interceptado! Plutão em Leão é minha marca pessoal, aquela de gostar de vestir roupa preta de couro, saia justa, salto alto, meia arrastão ou com costura atrás, cabelão vermelho, louro ou preto. Sem meio termo, 8 ou 80. Plutãozinho rege a minha casa quatro, as origens, a família e pra onde vou quando morrer. Aliás, morrer é seu território conhecido.

CAFÉ COM LILITH

Então naquela tarde cinzenta, lá estava eu e Lilith tomando café com uísque e conversando sobre a magia de ser mulher, com seus mistérios, encantos e feitiços. Lilith esparramada no sofá da sala, fumando um cigarro e lendo a revista Planeta, me respondia com alguns grunhidos o que gritava lá da cozinha onde batia um bolo de chocolate e cerejas. Ela pediu:

-Apague essa tevê e bota um som zen pra gente curtir.

Limpei as mãos no avental xadrezinho e fiz o que ela pediu. Botei um disco da Enya. Sim, era um vinil mesmo, no início dos anos 90 não tinham inventado o cedê...

Voltei a bater o bolo e cozinhar a cobertura de chocolate, feita com leite condensado. Lilith perguntou:

- Vai demorar muito este bolo? Estou com fome!
- Não, daqui uma hora estará pronto.

Abri as cortinas da janela da cozinha em estilo country, xadrezinhas em laranja e branco. Botei a mesa com xícaras de porcelana. Retirei do forno os salgadinhos amanteigados. Reguei as pequenas margaridas da janela. Minha casa era um brinco. E perguntei à bela Lilith que fumava com as pernas pra cima do encosto do sofá:
- Amiga, afinal, o que queres tu de mim?
- kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk, gargalhou. Quero que aprenda a ser sedutora, mulher de mil segredos, conhecedora da magia, dos astros e estrelas. E que saiba fazer sexo para nenhum homem jamais esquecê-la!

Sentei na cadeira da minha cozinha adorável, e segurei o queixo com a mão, em entender.

- Ahhhhhhhhhhhhhh... mas não quero nada disso! Quero fazer bolos, comida gostosa, ter um marido carinhoso, usar avental, arrumar e enfeitar minha casa, e ter meia dúzia de filhos!

Um silêncio preocupante. Como ela não disse nada, gritei:

- E quero morar no campo, ter um jardim para cuidar, plantar margaridas e crisântemos, receber amigos nos fins-de-semana, um galinheiro e umas cabritas...

Lilith continuou em silêncio. "Ela está expressando seu meio do céu em Touro... tadinha"

Finalmente o bolo ficou pronto. Uma linda mesa redonda com flores do campo, pasteizinhos de forno, pão de queijo, e brioches... Batendo seus saltos altos no piso de madeira, Lilith se sentou a mesa. Elogiou minhas habilidades cancerianas. Seu vestido vermelho farfalhante fazia barulho cada vez que ela se servia de doces e mais uma xícara de café, sem açúcar.
- Tudo maravilhoso, minha querida Eukáris. Já descobriu que seu nome significa "deusa da reconstrução"? - explicou me olhando nos olhos enquanto acendia um cigarro marrom, daqueles franceses, dizem que são os melhores do mundo.

Com os dedos lambuzados de chocolate, mascando uma doce cereja, perguntei:

- Tá querendo me dizer que nada disso na minha vida será possível, nem filhos, nem marido carinhoso, nem sexo no feno, cabritas, jardim ou galinhas botando ovos...
- Sim, respondeu secamente. - Está aqui nesse mundo pra aprender outras lições. 
Com os olhos cheios de lágrimas, aceitei o fado que os deuses estavam me impondo.

- Mas não vou ter nenhum bebezinho com a minha cara e com a cor do meu cabelo? - choraminguei comendo o quinto pão de queijo.

- Chega de comer, mulher bruxa burra! Vai tirar o avental, tome um banho de espumas, perfume-se! Urano no seu ascendente vai te aprontar poucas e boas!

Levantei da mesa e fui lavar os pratos. O gato preto subiu no meu ombro ronronando.

Lilith dizendo que já estava na hora de encontrar com seu marido Plutão, foi até a porta. Com o farfalhar de seu vestido de tafetá vermelho, virou-se para mim lá na pia da cozinha e explicou:

Chegará um dia que agradecerá por ter perdido todos seus filhos, Júpiter está te protegendo de pesada cruz para carregar, de crianças com problemas, doentes, mal-formadas... Um dia agradecerá por não ter sido ser mãe! Você é uma bruxa que não precisa passar por tudo isso de novo. Seus filhos é a humanidade.

Eu só queria morar no campo, ter fraldas pra lavar, cabritas, jardim e um galinheiro. Júpiter no Meio do Céu  tinha outros planos: mãe da humanidade
E saiu porta afora batendo os sapatos vermelhos de saltos 15.

domingo, 24 de julho de 2011

Quando todos os seus sonhos vão embora

E não sobra nada, nenhum pra contar a história. Pior, não temos mais nenhuma vontade de ter novo sonho, porque sabemos interiormente que a energia para isso também foi embora. E quando não há mais nada, ninguém, todos os que amava também partiram ou te excluíram, nada mais importa, somente a doce e suave música de um fauno que veio do mato para te fazer companhia. E se, porventura, não acredita nos faunos, nem nas fadas, nem nos duendes, então, meu amigo, seu mundo terminou. Depois dele, você. ASSIM É A MORTE.

Me deixe aqui

No meu canto virtual, entre quatro paredes e um teto que me protege do que vem de cima com a noite escura, fria, com a lua minguando, com o que me dói a alma, com a desconsideração, a incompreensão. Me deixe aqui no mundo enfumaçado do Netuno, aquele Netuno que andava por Libra quando nasci - e isso já faz tempo. Não o tempo o suficiente para me acostumar com ele e seus meandros, curvas e cantos escuros.

Por favor, me deixe só, comigo mesma e minha dor. Prometo não incomodar ninguém. Não me impeça de fazer meu inventário macabro aqui neste blog. Apenas me leia. Ou somente me clique, sem ler, tanto faz, quem sai perdendo é você que não tem tempo para mergulhar fundo em seu interior, sem medo. Todos temos esqueletos enterrados no fundo do quintal, sujeira embaixo do tapete. Se abrir a porta do seu armário cairão ossos mofados. Se olhar embaixo da sua cama verá tufos de poeira e cabelos rolando silenciosamente. Se tens o seu mundo incongruente de Netuno, eu tenho o meu. O meu é aqui. Então me deixe gritar sem voz, escutar sem ouvidos, ver sem os meus olhos. Agora alguém se aproxima. Um barulho de cascos no chão. É o meu amigo fauno. Ele me traz uma cesta de frutas e toca sua flauta apenas para mim. Ele me entende e me deixa em paz. 

Para quem não aprecia a realidade e prefere o mundo de Netuno

O mundo do era uma vez uma princesa e um sapo. A princesa tinha mau hálito e celulite; o sapo era gay. Um ogro insistiu em realizar o casamento na beira do pântano. As alianças era de ouro 12 quilates ou enferrujavam. A princesa usava um vestido remendado, o sapo uma casaca que roubou do grilo falante. O ogro cheirava cocaína. Sua esposa o crak. Ambos fugiam da polícia montada; os guerreiros eram covardes; o castelo da princesa tinha cupim e o dragão era fracote.

O ogros convidaram todos da aldeia próxima do penhasco cheio de favelas. O sapo gay ainda não sabia o que vestir, mas, para agradar a princesa fantasiou-se de homem. O casamento foi realizado sem pompas e nem brilhos, muito menos da lua eclipsada. Casaram com a lua fora de curso.

Após o beijo dos noivos, tudo continuou igual, apenas um dente da princesa amoleceu e caiu, tendo sido como mau agouro.

Os recém casados foram morar no pântano, no oco de uma árvore centenária. Em seguida vieram os filhos: cara de sapos corpo de princesa gordinha. Os ogros acabaram fugindo da policia e o estranho casal entrou  na fila do SUS para um tratamento de fertilidade. Deprimida, a princesa ficou sozinha, pois seu marido conseguiu na Europa mudar de sexo.

A fada embriagada e o duende com os olhos vermelhos

Sentada em uma pedra luminescente - tipo pirita - vi por entre nuvens douradas uma pequena fada vestida de verde passar batendo asas e, cima de meus cabelos cor de mel. Sorrindo despejou pétalas de rosas amarelas a meu redor. As pétalas exalavam cheiro de álcool. Não estavam tenras nem bonitas, estavam meio murchas. Pareciam que tinham ficado dentro de uma garrafa de cerveja Skol.

Esvoaçando a meu redor, a pequena fadinha vez em quando soluçava, como se estivesse embriagada. Sem entender como o mundo mágico podia ser desse jeito estranho, juntei as pétalas bêbadas e as guardei num pote de vidro. A fada num vôo caótico, foi embora. Peguei o vidro de pétalas bêbadas e murchas e escondi embaixo da casa de um duende, que também havia bebido uma dose de uísque. Satisfeito, ele sorriu e piscou o olho vermelho e me disse:


- Quando precisar aspirar esse aroma inebriante, volte aqui com um pedaço de queijo e vamos beber todo este uísque, garanto que a magia que procuras será encontrada. Enquanto isso, tome um Rivotril e esqueça do mundo real. Aproveite a sombra do meu cogumelo.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Violência doméstica: um risco e uma cicatriz

Conviver com alcoolista pode significar ter que ligar para o 190, sair de casa somente com a roupa do corpo, fugir, se esconder embaixo da cama, dentro do armário. Esconder as facas da cozinha ou mesmo passar por uma situação de pânico absoluto. Já passei por todas estas fases. Na última, fui parar no IML para fazer corpo de delito após registrar ocorrência na delegacia da mulher.

Queria pegar meu carro e ir embora para a casa da praia e lá ficar escondida até clarear a mente para poder resolver a questão patrimonial do relacionamento. Não pude. Estava com cirurgia marcada para retirar um melanoma. Todo o mundo diz que este tumor de pele altamente invasivo é consequência do banho de sol. Discordo por experiência própria: o melanoma é o grito de socorro de sua pele, dizendo que atingiu o seu limite! Ou melhor: ultrapassou o seu limite!  

Sofrer violência doméstica, empurrão ou soco do seu marido pode significar a perda de sua dignidade, de sua identidade e de seu respeito próprio. As cicatrizes e roxos no seu corpo podem desaparecer, mas ficam para sempre na sua alma. As marcas sumiram em 15 dias, o talho de 10 centímetros do melanoma que foi retirado exibo-o com o nome de Frankenstein quando uso biquíni.  Isso já passou, foi há 3 anos. E agora, que pedido de socorro meu corpo vai inventar? Me dá uma escada que vou descer da cruz.

Saiba mais sobre o que não tem cura nem controle

CAUSAS DO ALCOOLISMO

O alcoolismo ou Síndrome de Dependência do Álcool, é hoje uma das doenças com conseqüências físicas e sociais mais danosas, catalogada tanto pela Associação Médica dos Estados Unidos quanto pela Organização Mundial de Saúde. Ela afeta o físico, o emocional, o espiritual, como também a família, amigos, social, financeiro, profissional, ou seja, afeta tudo. É responsável também pelo elevado número de homicídios, suicídios, acidentes de trabalho, de trânsito e um dos campeões de internações e reinternações em clínica e hospitais. Embora trata-se de uma doença pouco divulgada, o alcoolismo precisa ser tratado, porém, a própria pessoa e a família, por preconceito e vergonha, procuram esconder e não buscam auxílio.
As pessoas em geral relacionam o alcoolismo apenas aqueles que bebem compulsivamente todos os dias e em grande quantidade, caindo pelas ruas. Esta imagem até pode ser real, mas é insuficiente para dar conta da extensão da doença, pois a quantidade e a freqüência nem sempre são fatores exclusivos para seu diagnóstico. Há aqueles que dizem beber apenas socialmente, mas já são portadoras da doença, pois são dependentes, muitas vezes sem o saberem.
A principal característica do alcoolismo é que está associado a uma sucessão de perdas. O desejo incontrolável da bebida e a incapacidade de estabelecer um limite para controlá-lo, comprometem os relacionamentos profissionais, familiares e as amizades. O alcoólatra, perde o controle sobre sua vontade, depois o respeito pelos outros, a memória, o raciocínio abstrato, a capacidade de concentração, o trabalho e a família. Muitos chegam a perder-se a si mesmo, quando não a própria vida, seja em acidentes, doenças, assassinatos ou suicídios.
Os alcoólatras arrumam os mais diversos pretextos para o primeiro gole, depois para o segundo e assim por diante, como ressentimentos, raiva, ciúme, cansaço, etc. Alegam que bebem para esquecer ou para adquirir coragem para expressar sentimentos que não conseguem quando sóbrios. De fato, no início, o álcool parece dar a sensação de 'poder' para quem o ingere, mas o preço disso é a rejeição pela sociedade e por si próprio. Embora todas as causas do alcoolismo ainda não tenham sido descobertas, acredita-se que um dos fatores seja a hereditariedade; ou seja, os filhos de pais alcoólatras têm mais predisposição a desenvolver a doença.
Evidentemente, é preciso prestar atenção às causas da dependência física ao álcool, mas também é importante levar em conta as necessidades psicológicas que levam a pessoa a refugiar-se na inconsciência de seus efeitos. Na maior parte dos casos, a doença é contraída durante a adolescência, fase em que se busca aprovação e maior segurança, como uma forma de defesa para sentir-se aceito pelo seu grupo social. Em sua maioria, embora nem todos levem o vício ao extremo na juventude, os alcoólatras começam a beber para se sentirem mais seguros ou engraçados entre os amigos.
Em nossa cultura, tomar uma dose é uma prática associada a alguma comemoração, a momentos bons ou divertidos, e por isso, atrai em especial os adolescentes. Com o tempo, tudo passa a ser motivo para beber, bons ou maus momentos, festas de reencontro ou de despedidas. O alcoólatra julga usar o álcool para resolver seus problemas, sem se dar conta de que multiplica seus desconfortos físicos e emocionais e passa a depender do álcool para tudo, até para esquecer que é dependente. O álcool é usado muitas vezes e inconscientemente para fugir ou suportar uma realidade. De um aliado nas situações de crise, transforma-se em algoz do dependente e a pessoa que, no início achava que se tornava forte, descobre-se absolutamente fragilizada e merecedora do desrespeito alheio. Por isso, em certo estágio avançado, o álcool passa a ser considerado como uma forma de autopunição e autodestruição.
Não existem tratamentos capazes de erradicar totalmente a doença, ou seja, ninguém deixa de ser alcoólatra, mas é possível, contudo, que o doente evite o álcool, interrompendo a sucessão de perdas e recuperando as condições mínimas de convívio familiar, social e profissional. Para isso, é preciso tomar uma decisão nem sempre fácil, decorrente de um processo de conscientização. A decisão é evitar o primeiro gole, seja em que situação for. Para chegar a isso, o alcoólatra precisa adquirir consciência dos males que provoca a pessoas com quem convive e perceber principalmente os males que causa a si próprio. O álcool não compromete apenas aquele que bebe, mas também os que convivem à sua volta.
A primeira condição para libertar-se das conseqüências do alcoolismo é desejar parar de beber, podendo procurar auxílio de organizações como os Alcoólicos Anônimos - AA, em que alcoólatras encorajam-se uns aos outros se manterem sóbrios. O único requisito para se tornar membro da irmandade é o desejo de libertar-se da dependência, evitando o primeiro gole. Se a bebida estiver atrapalhando sua vida, não sinta vergonha: procure ajuda. Mais vergonhoso que procurar ajuda é ser dependente de um produto químico e usá-lo para ferir as pessoas que lhe são mais caras, em especial você!
Rosemeire Zago é psicóloga clínica com abordagem junguiana. Desenvolve o autoconhecimento através de técnicas de relaxamento, interpretação de sonhos, importância das coincidências significativas, mensagens e sinais na vida de cada um. A base de seu trabalho é o resgate da auto-estima, amor-próprio e reencontro com a criança interior. Faz consultoria em empresas, trabalhando as emoções como aumento da produtividade. Elabora e ministra palestras em todo o Brasil. Colaboradora de diversos jornais com artigos de enfoque psicológico.
e-mail:r.zago@uol.com.br
Rosemeire Zago: Tel: (011) 3815-8453
     O alcoolismo é uma doença que se manifesta principalmente na maneira incontrolada da vítima a quem normalmente se dá o nome de alcoólatra ou alcoólico. É uma doença progressiva que, se não for detida, torna-se com o passar do tempo mais violenta, afastando suas vítimas do mundo normal e empurrando-as cada vez mais baixo num abismo que só tem duas saídas: a loucura ou a morte prematura. Além do mais, até o momento é considerada é uma doença incurável. Até que a medicina encontre a cura, uma vez que a pessoa se torne alcoólatra, sempre o será. Nem mesmo depois de anos de abstinência poderá voltar a beber normalmente. Se o fizer, logo estará bebendo mais do que nunca.     Requer abstenção total do alcoólatra, e para que não volte a beber parece que requer também uma mudança na personalidade do dente.
     Cabe dizer quer não há necessidade de medo da bebida em si. A ciência médica já eliminou a bebida como a “causa do alcoolismo”. O mundo sabe, porque pode ver a todo o momento que os que bebem moderadamente não desequilibram suas vidas. Já o beber exagerado não dever ser tratado com a mesma indiferença. Mas, de qualquer forma, a doença do alcoolismo não está na garrafa. Está no homem. 
     Qualquer pessoa poderá vir a ser alcoólatra. Todo o tipo de gente poderá cair vítima dessa doença que ataca indiscriminadamente parte das pessoas que bebem: homens e mulheres, ricos e pobres, analfabetos e intelectuais, brancos e negros, descrentes e religiosos, jovens e velhos, gente “boa” e gente “ruim”.
     Este fato parece sempre surpreender muita gente. Constantemente se ouvem frases como estas: “Ele não pode ser alcoólatra, veja quanto dinheiro ganha!” Ou então: “Ela não é alcoólatra. Teve uma boa infância, casou-se bem, tem três filhos. Não, Isso não pode ser possível!” Ou, no outro extremo: “Ele bebe de sem-vergonhice. Já não parou tantas vezes?Bebe porque não tem força de vontade ou não quer parar.”     Todas essas frases vêm de suposições erradas e hoje desmentidas, embora sejam mantidas, consciente ou inconscientemente, pela grande maioria da população. Baseiam-se na idéia totalmente falsa de que o alcoólatra é aquele que está caído na sarjeta (mendigos), e que ali não estariam se tivessem “força de vontade”. Essas ficções morrem muito devagar. As pessoas encontram dificuldades em aceitar que também podem ser alcoólatras a esposa ou marido, o presidente do banco, o padre ou pastor, o político famoso ou o próprio psiquiatra que tratou do seu amigo. O fato é que a doença ataca a seres humanos, e não a certos grupos ou classes sociais.
     O Alcoólatra e notavelmente sensível. Mas, para ele, esta sensibilidade não é uma característica saudável e construtiva. Em vez de ampliar seus horizontes e aumentar sua capacidade criativa, como a sensibilidade faz em pessoas saudáveis, ela limita os horizontes do alcoólatra, virando-o para dentro, onde escapa do mundo que não o compreende.

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        “Alcoólatra é uma pessoa cuja maneira de beber causa um CONTÍNUO E CRESCENTE conflito em todos os aspectos da sua vida”     A lógica por detrás dessa definição é tão simples como a própria definição. Se o ato de beber trouxesse problemas na vida de uma pessoa normal, ou ela procuraria beber menos, ou desistiria totalmente da bebida. Para o bebedor normal, isto não apresentaria dificuldade alguma.
     Porém, se o bebedor for alcoólatra, poderá reconhecer a solução óbvia e, inclusive, estar convencido de que irá diminuir ou desistir. Porém, jamais o fará por muito tempo, porque não o poderá fazer. A própria doença lhe tira a capacidade de controlar-se. Desistirá totalmente da bebida com freqüência, e pensará que isto prova que não é alcoólatra. Mas acabará sempre voltando a beber, provando justamente o contrário. O problema para o alcoólatra não é parar de beber, é não voltar a beber.     Ameaçar um alcoólatra, apelar para o seu bom senso, implorar-lhe a usar sua “força de vontade” é ridículo, como seria ridículo dizer a um epilético para que deva usar sua força de vontade para evitar futuros ataques.
 
     Como alerta, este artigo poderá ser útil. Porém, sugere-se muita cautela e paciência, pois é extremamente difícil diagnosticar o alcoolismo. Dizem que é a única doença em que somente o paciente poderá estar certo do diagnóstico. Os próprios membros de Alcoólicos Anônimos sempre aguardam que o alcoólatra se defina. Especialmente porque não adianta tentar convencer um alcoólatra de largar a bebida até que ele mesmo reconheça sua incapacidade perante o álcool.     Se desconfiar que você mesmo(a) possa ser um(a) alcoólatra, existe uma maneira quase infalível de se testar. Não tente parar de beber por certa temporada, pois isso não provará nada. Como já foi mencionado, até os alcoólatras mais avançados conseguem se abster da bebida, às vezes até por tempo considerável.
     O teste é o seguinte:

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        Durante pelo menos três meses, tente beber diariamente um número fixo de bebidas alcoólicas que não varie de um dia para o outro e que não seja mais de três. É preciso beber o mesmo número de bebidas todos os dias durante todo o período de teste, digamos, duas bebidas por dia.
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        Não deverá exceder essa quantidade sob hipótese alguma, insto inclui festas, funerais, ganhar na loteria, mortes súbitas na família, promoções ou perda do emprego, encontros com velhos amigos a quem não via a muito tempo etc.. Se permitir uma só exceção, você não passou no teste.
     O teste é tão fácil para os não alcoólatras como seria para um alcoólatra fazê-lo com refrigerante. Porém, raramente um alcoólatra o conseguirá fazer, ainda que a bebida escolhida seja apenas duas latinhas de cerveja por dia.
 
 Quais os sintomas do alcoolismo?
FASE INICIAL (Que dura aproximadamente 10 a 15 anos)
     Começa bebendo socialmente. Mais tarde bebe habitualmente. Então passa a beber descontroladamente, e faz muitas promessas aos outros e a si mesmo(a): “Da próxima vez me controlarei.” Engana-se constantemente com as palavras: “Bebo quando quero e paro quando quero.” Começa a mentir, minimizando o número de “tragos” que ingeriu. Bebe antes de ir para uma festa na qual sabe que haverá bebida. Começa a sentir necessidade de beber em horários determinados: Antes das refeições, após o trabalho, durante um evento qualquer, seja um jogo de futebol, uma reunião ou até em um velório. Bebe para aliviar o cansaço: “Foi um dia de morte no escritório.” Bebe para superar seu nervosismo: “Preciso tomar um pouco de coragem.” Bebe para acabar com sua depressão: “Vamos levantar o espírito.” São muitas as desculpas. Experimenta os primeiros “apagamentos” (esquece o que fez durante a bebedeira).
 
FASE INTERMEDIÁRIA (Que dura aproximadamente 5 anos)
     Continuam, em forma agravada, os sintomas iniciais. Mente a toda hora: para esconder o fato de que sua maneira de beber é exagerada; para evitar as críticas; para tentar convencer-se de que domina o álcool; para salvar seu valor ou seu emprego. Passa a beber onde não o conhecem, para que ninguém o fiscalize. Perde a fome e come irregularmente. Costuma chegar em casa “alto”, ou tarde – ou ambos. Bebe por qualquer motivo: Num dia de chuva (para esquentar); num dia de calor (para refrescar); por perder um grande negócio; por ganhar um grande negócio; para esquecer ou para comemorar.
     Anda sempre nervoso, agitado e deprimido, e sempre culpando os outros pelo seu estado. Bebe justamente quando não devia como, por exemplo, antes de uma entrevista importante. E começam as paradas, desistindo completamente da bebida por períodos de semanas, meses e até anos. Porém, ao melhorar a situação, acaba sempre voltando à bebida. E, em breve, estará bebendo mais do que nunca.
 
FASE FINAL (Que termina na loucura, na morte ou no desejo sincero de se recuperar)
     Sua vida se tornou intolerável com a bebida, e impossível sem ela. Bebe para viver e vive para beber. Geralmente não se lembra do que aconteceu na noite anterior. As bebedeiras aumentam em freqüência, intensidade e duração. Começam as internações em hospitais e sanatórios, “para tratar dos nervos”. Ao sair, desintoxicado, entra no primeiro botequim para tomar uma só, e na mesma noite chega em casa totalmente bêbado. Perde o emprego e não consegue outro. Passa a depender totalmente da família que, por ignorância, tenta encobrir o caso, evitando que o alcoólatra sofra asa conseqüências de suas bebedeiras. Com o resultado de que, não tendo motivos para parar, ele segue bebendo. Os amigos o abandonam. Torna-se rebelde e agressivo, sobretudo com as pessoas das quais mais depende. Perde totalmente o sentido de responsabilidade. Em casa, chora facilmente. Mas, no botequim, sob o efeito do álcool, torna-se um verdadeiro professor de todas as disciplinas, e amigo íntimo das maiores autoridades da cidade, do país e do mundo.
 
As fases progressivas da doença 
PORQUE O ALCOÓLATRA BEBE?
Primeira fase
    
Durante os primeiros anos, a maioria dos alcoólatras (toda a regra tem suas exceções) mostra uma capacidade crescente de beber. Apesar das quantidades que ingere, não gagueja, não perde o equilíbrio, não fica tonto e não tem ressacas. Porém, os “apagamentos” podem começar nesta fase. Os outros não notam, pois o comportamento do alcoólatra é normal. Contudo, no dia seguinte, ele reconhece que certos acontecimentos da noite anterior desapareceram inteiramente de sua consciência, a partir de alguma hora.
     Depende do álcool para fazer por ele o que as pessoas normais fazem por si mesmas. Existe uma tendência para beber em fez de enfrentar uma situação. O alcoólatra freqüentemente reconhece que não deve beber numa hora ou num lugar determinado. Porém, não consegue superar a compulsão de tomar “uma só”. E, depois dessa, não tem mais controle. A bebedeira que segue lhe traz sentimentos de incapacidade, de inferioridade, de “não prestar”.
 
Segunda fase
     Bebe mais rápido e em maiores quantidades que os outros, muitas vezes escondido. Começa a sofrer ressacas dolorosas que se distinguem das ressacas dos não alcoólatras por serem acompanhadas pelo remorso mental, nojo de si mesmo(a) e fortes ataques de tremedeiras. Os “apagamentos” agora são freqüentes. Agora, acorda de manhã tremendo, e precisa de álcool (ou qualquer outro sedativo) para acalmá-lo. Se tomar calmantes enquanto seguir bebendo, colocará sua vida em perigo, pois esta combinação é, freqüentemente fatal.
     O Alcoólatra acha que não funciona bem sem uns “golezinhos”. A vergonha que sente faz com que não queira, contudo, que ninguém toque no assunto das bebidas dele. Quanto mais inferior se sentir, mais se utiliza das armas da arrogância, grandiosidade e agressividade. Sentindo-se isolado, procura o convívio de pessoas que bebem com ele. Pensa que são as únicas pessoas que o compreendem, e não está longe da verdade. Alias, esta é uma das chaves do êxito de Alcoólicos Anônimos.
 
Terceira fase
     Agora existe a necessidade imperiosa de conseguir e manter certa quantidade de álcool no corpo o tempo todo. As ressacas, que ocorrem cada vez que o alcoólatra acorda, são sempre apagadas por mais bebida. O doente começa a ver “coisas” e ouvir sons inexistentes. O colapso físico está se aproximando. Suas tremedeiras são violentas, não lhe permitindo levantar o primeiro como do dia à boca com uma só mão. Quase não se alimenta mais, nem se banha. Uma mudança brusca na quantidade de álcool no corpo pode causar o “Delírium Tremens”, um estado físico muito perigoso que requer a atenção médica imediata.
     Convencido de ele não tem mais condições de controlar-se, se entrega totalmente à bebida como coisa inevitável. São extremos seus sentimentos de vergonha, degradação, isolamento e auto-piedade. Pensa constantemente no suicídio, mas gostaria de morrer bêbado ou inconsciente, sem passar por dor. É difícil convencê-lo de que poderia voltar a uma vida feliz, pois ha muito tempo que não sentiu a felicidade nos seus períodos de sobriedade.

 
Bibliografia:
Tradução livre do folheto "How To An Alcoholic", publicado pelo National Council on Alcoholism. NY - USA

Devastação etílica

Recaída me olhando 
Além da minha lenda pessoal ser um tanto quanto sombria, mais um detalhe inunda minha vida: o alcoolismo do parceiro. Lembra do vaticínio do meu tio astrólogo? "Que pena, ele vai beber". Bem, entre períodos de sobriedade com a ajuda do AA e agora com controle psiquiátrico na base de medicações antidepressivas e outras, todas com controle, meu marido pula etapas: a fase sóbria alternada com fase de recaída, como agora. Conviver com pessoa alcoólatra não é fácil, a paciência, a compreensão, o encanto e o amor vão sendo corroídos, esfacelados. Chega um momento que nem se sabe mais se o amor ainda sobrevive. Muito triste. Muito solitário, já que você não pode dividir com ninguém sua agonia diária.

Só sabe que em períodos de sobriedade, que podem durar um ou dois anos, tem-se a consciência que de repente tudo se transforma e a recaída aparece de novo, com sorriso perverso, como que dizendo:

- Olá, trouxa, sou mais forte do que ele, do que seu amor fajuto, das suas vidinhas precárias e sem sentido. Olá, eis me aqui de novo,  aquele que o afoga em garrafas de vinho ou cerveja e o puxa para a escuridão.

Sentada aqui fico olhando essa figura que fede a álcool e me desafia, como um demônio brutal que pretende lutar até o fim para levar a todos para o túmulo. Não tenho mais forças, este é um peso muito grande para carregar sozinha. Peço a um anjo para pôr uma escadinha que quero descer da cruz. Um dia a gente tem que dizer chega. Chega!

O que mais impressiona é o descaso e desinteresse da família, dos filhos. Ninguém se importa com o doente. O peso desta cruz está demais para mim. Como astróloga até posso antever o futuro deste alcoolista: sozinho, caído no meio da rua, sem teto, sem ninguém que lhe ampare ou mesmo o interne, sofrendo doenças resultantes deste flagelo do alcoolismo. Pode morrer sozinho e ser enterrado como indigente. Seus lindos filhos, seus irmãos e sobrinhos nem sequer terão a compaixão de mandar rezar uma missa de sétimo dia. 

terça-feira, 19 de julho de 2011

Santo Rivotril

Não precisa observar a fase em que a lua está nem as efemérides planetárias de hoje, não precisa acender um incenso, uma vela, sentar confortavelmente num local escuro, colocar uma roupa confortável, fazer exercícios respiratórios, fechar os olhos, respirar profundamente, esvaziar a mente, relaxar, meditar, não precisa fazer nada.

Igualmente também não precisa comprar ingredientes para seu banho de descarrego, torrar um milho, passar perfume de rosas nas mãos ou sentir-se como uma sacerdotisa iluminada ou escolhida pelos deuses. Esqueça os florais!

Deixe seu baralho de cartas ciganas guardado, seu tarô, o I Ching, as runas, o mapa natal de agora. Abandone tudo, abandone-se. Só por hoje desista. Deixe-se levar até seu armário de remédios para ansiedade, para anestesiar a sua dor, esquecer sua depressão. Só por hoje, tome um comprimido de Rivotril dois miligramas e se esqueça de si mesma. Boa noite. Amanhã quando acordar, verá que você continua a mesma, carregando a sua dor e esperança.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Bebês mortos podem chorar

Lembro de estar deitada em meu quarto vendo tevê, luz apagada, quase dormindo, quando de repente ouvi o choro de uma criança bem pequena; chorava desesperadamente. Na vizinhança não havia bebês. Levantei, desliguei a televisão, acendi a luz e fui até a janela. O choro não vinha de lugar algum. No entanto, continuava escutando. Rezei para meus filhos mortos, talvez não estivessem tão mortos assim. Talvez precisassem de mim, do meu colo, do meu carinho. Então, em prece disse baixinho:

- Filhinhos, não chorem, estou ainda aqui neste plano, mas logo, estarei com vocês e não sentirão mais dor nem abandono. Amo vocês.

A partir desse dia, sempre faço oferenda para os gêmeos Cosme e Damião, todo o mês de setembro.

Portanto, os bebês que Deus levou, também podem chorar.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Todas foram bruxas más

Em alguma de suas vidas passadas. Para as mulheres de hoje com o diagnóstico médico de pré-eclâmpsia, ou toxemia gravídica em suas gestações de alto risco e consequente morte fetal, dá o que pensar a filosofia reencarnacionista tanto hindu quanto kardecista para justificar a tragédia que se abate no universo feminino da mulher que quer ser mãe e não consegue. Não existe outra explicação lógica, tirando o fato da possibilidade de ter casos dessa doença na família, a mulher ser diabética ou hipertensa. Excluindo tudo isso, sobra a causa kármica. Então se acredita nisso ou não. Eu não acredito nisso, desse modo tão simplista. Foi uma bruxa malvada, agora fica sem filhos! Seria mais razoável ser estéril.

COZINHANDO CRIANCINHAS

Ingredientes:
- uma criancinha morta recentemente, de preferência pelas suas proprias mãos
- caldeirão com água fervente
- sal marinho
- pimenta preta moída
- pitada de açúcar mascavo

Modo de fazer:

Mate uma criancinha, com tenra idade, de modo que nem sua pele nem seus órgãos sejam afetados. Corte em pedaços pelas juntas. Preserve a pele. Quando a água do caldeirão estiver borbulhando, deite os pedaços para cozinhar. Passados 30 minutos, tempere com o sal, o açúcar e a pimenta. Deixe ferver por mais duas horas. Sirva quente no ritual de lua cheia.

Bem, quando a gente não tem resposta para o que acontece com nosso corpo numa gravidez, podemos fantasiar do jeito que se quer. O mais fantástico desta doença que faz a mulher e/ou o feto morrerem quando apresentam um conjunto de sintomas específicos, é a falta de interesse dos pesquisadores médicos em não descobrirem a causa da tragédia. Parece que o universo da medicina é tipicamente masculino. Quando deveria ser o oposto, tendo em vista que a medicina como aí está é resultado do trabalho anônimo das velhas senhoras curandeiras do tempo antigo, ou seja, bruxas, benzedeiras ou xamãs que sabiam como curar com seus filtros e ervas. A cura é algo feminino. Cortar e extirpar podem ser coisa de médico do sexo masculino. Assim como botar nome glamuroso (pré-eclâmpsia) nesta tragédia do universo feminino.

Ferva a criancinha nesta vida e na próxima não terás filhos. Simples assim...

Bebês mortos não choram II

Este artigo real foi baseado na minha experiência de tentativa de ser mãe, não deu certo, perdi todos os bebês com muito tempo de gestação. Em todas as gravidezes tive pré-eclâmpsia, segundo os médicos. No meu entendimento, algo extremamente pouco ou nada explicado pela medicina. Aliás, fiquei muito cética quanto a esta medicina convencional que não dá nenhuma explicação à mulher que tem que parir bebês ou fetos mortos num ambiente hospitalar, muitas vezes tendo que induzir este parto.

Você já está deprimida e apavorada com a situação de ter um feto morto dentro de sua barriga ( portanto, és um túmulo real ), e ainda precisa se preparar para expelir o seu filho que - literalmente - não quis nascer com vida e saúde para você. Imagine o que esta situação faz de estrago em seu psiquismo, em sua alma e em seu corpo. Pois a medicina convencional batizou de pré-eclâmpsia esta tragédia, mas não explica o porquê isso ocorre. Nada explica, talvez nem seu deus.

Fico também me questionando - baseada na crença da vida pregressa -, que tipo de mulher fui nesta suposta encarnação passada? Pelo tamanho da dor de parir fetos mortos, penso ter sido alguma espécie de alma cruel e impiedosa com crianças. Talvez as tenha cozinhado vivas em caldeirão fervente. Enfim, penso que nada, nenhum pecado que não me lembre justifique estas perdas. Talvez morra sem a resposta.
Pré-eclâmpsia, nome que a medicina dá a tragédia feminina