quinta-feira, 21 de julho de 2011

Saiba mais sobre o que não tem cura nem controle

CAUSAS DO ALCOOLISMO

O alcoolismo ou Síndrome de Dependência do Álcool, é hoje uma das doenças com conseqüências físicas e sociais mais danosas, catalogada tanto pela Associação Médica dos Estados Unidos quanto pela Organização Mundial de Saúde. Ela afeta o físico, o emocional, o espiritual, como também a família, amigos, social, financeiro, profissional, ou seja, afeta tudo. É responsável também pelo elevado número de homicídios, suicídios, acidentes de trabalho, de trânsito e um dos campeões de internações e reinternações em clínica e hospitais. Embora trata-se de uma doença pouco divulgada, o alcoolismo precisa ser tratado, porém, a própria pessoa e a família, por preconceito e vergonha, procuram esconder e não buscam auxílio.
As pessoas em geral relacionam o alcoolismo apenas aqueles que bebem compulsivamente todos os dias e em grande quantidade, caindo pelas ruas. Esta imagem até pode ser real, mas é insuficiente para dar conta da extensão da doença, pois a quantidade e a freqüência nem sempre são fatores exclusivos para seu diagnóstico. Há aqueles que dizem beber apenas socialmente, mas já são portadoras da doença, pois são dependentes, muitas vezes sem o saberem.
A principal característica do alcoolismo é que está associado a uma sucessão de perdas. O desejo incontrolável da bebida e a incapacidade de estabelecer um limite para controlá-lo, comprometem os relacionamentos profissionais, familiares e as amizades. O alcoólatra, perde o controle sobre sua vontade, depois o respeito pelos outros, a memória, o raciocínio abstrato, a capacidade de concentração, o trabalho e a família. Muitos chegam a perder-se a si mesmo, quando não a própria vida, seja em acidentes, doenças, assassinatos ou suicídios.
Os alcoólatras arrumam os mais diversos pretextos para o primeiro gole, depois para o segundo e assim por diante, como ressentimentos, raiva, ciúme, cansaço, etc. Alegam que bebem para esquecer ou para adquirir coragem para expressar sentimentos que não conseguem quando sóbrios. De fato, no início, o álcool parece dar a sensação de 'poder' para quem o ingere, mas o preço disso é a rejeição pela sociedade e por si próprio. Embora todas as causas do alcoolismo ainda não tenham sido descobertas, acredita-se que um dos fatores seja a hereditariedade; ou seja, os filhos de pais alcoólatras têm mais predisposição a desenvolver a doença.
Evidentemente, é preciso prestar atenção às causas da dependência física ao álcool, mas também é importante levar em conta as necessidades psicológicas que levam a pessoa a refugiar-se na inconsciência de seus efeitos. Na maior parte dos casos, a doença é contraída durante a adolescência, fase em que se busca aprovação e maior segurança, como uma forma de defesa para sentir-se aceito pelo seu grupo social. Em sua maioria, embora nem todos levem o vício ao extremo na juventude, os alcoólatras começam a beber para se sentirem mais seguros ou engraçados entre os amigos.
Em nossa cultura, tomar uma dose é uma prática associada a alguma comemoração, a momentos bons ou divertidos, e por isso, atrai em especial os adolescentes. Com o tempo, tudo passa a ser motivo para beber, bons ou maus momentos, festas de reencontro ou de despedidas. O alcoólatra julga usar o álcool para resolver seus problemas, sem se dar conta de que multiplica seus desconfortos físicos e emocionais e passa a depender do álcool para tudo, até para esquecer que é dependente. O álcool é usado muitas vezes e inconscientemente para fugir ou suportar uma realidade. De um aliado nas situações de crise, transforma-se em algoz do dependente e a pessoa que, no início achava que se tornava forte, descobre-se absolutamente fragilizada e merecedora do desrespeito alheio. Por isso, em certo estágio avançado, o álcool passa a ser considerado como uma forma de autopunição e autodestruição.
Não existem tratamentos capazes de erradicar totalmente a doença, ou seja, ninguém deixa de ser alcoólatra, mas é possível, contudo, que o doente evite o álcool, interrompendo a sucessão de perdas e recuperando as condições mínimas de convívio familiar, social e profissional. Para isso, é preciso tomar uma decisão nem sempre fácil, decorrente de um processo de conscientização. A decisão é evitar o primeiro gole, seja em que situação for. Para chegar a isso, o alcoólatra precisa adquirir consciência dos males que provoca a pessoas com quem convive e perceber principalmente os males que causa a si próprio. O álcool não compromete apenas aquele que bebe, mas também os que convivem à sua volta.
A primeira condição para libertar-se das conseqüências do alcoolismo é desejar parar de beber, podendo procurar auxílio de organizações como os Alcoólicos Anônimos - AA, em que alcoólatras encorajam-se uns aos outros se manterem sóbrios. O único requisito para se tornar membro da irmandade é o desejo de libertar-se da dependência, evitando o primeiro gole. Se a bebida estiver atrapalhando sua vida, não sinta vergonha: procure ajuda. Mais vergonhoso que procurar ajuda é ser dependente de um produto químico e usá-lo para ferir as pessoas que lhe são mais caras, em especial você!
Rosemeire Zago é psicóloga clínica com abordagem junguiana. Desenvolve o autoconhecimento através de técnicas de relaxamento, interpretação de sonhos, importância das coincidências significativas, mensagens e sinais na vida de cada um. A base de seu trabalho é o resgate da auto-estima, amor-próprio e reencontro com a criança interior. Faz consultoria em empresas, trabalhando as emoções como aumento da produtividade. Elabora e ministra palestras em todo o Brasil. Colaboradora de diversos jornais com artigos de enfoque psicológico.
e-mail:r.zago@uol.com.br
Rosemeire Zago: Tel: (011) 3815-8453
     O alcoolismo é uma doença que se manifesta principalmente na maneira incontrolada da vítima a quem normalmente se dá o nome de alcoólatra ou alcoólico. É uma doença progressiva que, se não for detida, torna-se com o passar do tempo mais violenta, afastando suas vítimas do mundo normal e empurrando-as cada vez mais baixo num abismo que só tem duas saídas: a loucura ou a morte prematura. Além do mais, até o momento é considerada é uma doença incurável. Até que a medicina encontre a cura, uma vez que a pessoa se torne alcoólatra, sempre o será. Nem mesmo depois de anos de abstinência poderá voltar a beber normalmente. Se o fizer, logo estará bebendo mais do que nunca.     Requer abstenção total do alcoólatra, e para que não volte a beber parece que requer também uma mudança na personalidade do dente.
     Cabe dizer quer não há necessidade de medo da bebida em si. A ciência médica já eliminou a bebida como a “causa do alcoolismo”. O mundo sabe, porque pode ver a todo o momento que os que bebem moderadamente não desequilibram suas vidas. Já o beber exagerado não dever ser tratado com a mesma indiferença. Mas, de qualquer forma, a doença do alcoolismo não está na garrafa. Está no homem. 
     Qualquer pessoa poderá vir a ser alcoólatra. Todo o tipo de gente poderá cair vítima dessa doença que ataca indiscriminadamente parte das pessoas que bebem: homens e mulheres, ricos e pobres, analfabetos e intelectuais, brancos e negros, descrentes e religiosos, jovens e velhos, gente “boa” e gente “ruim”.
     Este fato parece sempre surpreender muita gente. Constantemente se ouvem frases como estas: “Ele não pode ser alcoólatra, veja quanto dinheiro ganha!” Ou então: “Ela não é alcoólatra. Teve uma boa infância, casou-se bem, tem três filhos. Não, Isso não pode ser possível!” Ou, no outro extremo: “Ele bebe de sem-vergonhice. Já não parou tantas vezes?Bebe porque não tem força de vontade ou não quer parar.”     Todas essas frases vêm de suposições erradas e hoje desmentidas, embora sejam mantidas, consciente ou inconscientemente, pela grande maioria da população. Baseiam-se na idéia totalmente falsa de que o alcoólatra é aquele que está caído na sarjeta (mendigos), e que ali não estariam se tivessem “força de vontade”. Essas ficções morrem muito devagar. As pessoas encontram dificuldades em aceitar que também podem ser alcoólatras a esposa ou marido, o presidente do banco, o padre ou pastor, o político famoso ou o próprio psiquiatra que tratou do seu amigo. O fato é que a doença ataca a seres humanos, e não a certos grupos ou classes sociais.
     O Alcoólatra e notavelmente sensível. Mas, para ele, esta sensibilidade não é uma característica saudável e construtiva. Em vez de ampliar seus horizontes e aumentar sua capacidade criativa, como a sensibilidade faz em pessoas saudáveis, ela limita os horizontes do alcoólatra, virando-o para dentro, onde escapa do mundo que não o compreende.

·
        “Alcoólatra é uma pessoa cuja maneira de beber causa um CONTÍNUO E CRESCENTE conflito em todos os aspectos da sua vida”     A lógica por detrás dessa definição é tão simples como a própria definição. Se o ato de beber trouxesse problemas na vida de uma pessoa normal, ou ela procuraria beber menos, ou desistiria totalmente da bebida. Para o bebedor normal, isto não apresentaria dificuldade alguma.
     Porém, se o bebedor for alcoólatra, poderá reconhecer a solução óbvia e, inclusive, estar convencido de que irá diminuir ou desistir. Porém, jamais o fará por muito tempo, porque não o poderá fazer. A própria doença lhe tira a capacidade de controlar-se. Desistirá totalmente da bebida com freqüência, e pensará que isto prova que não é alcoólatra. Mas acabará sempre voltando a beber, provando justamente o contrário. O problema para o alcoólatra não é parar de beber, é não voltar a beber.     Ameaçar um alcoólatra, apelar para o seu bom senso, implorar-lhe a usar sua “força de vontade” é ridículo, como seria ridículo dizer a um epilético para que deva usar sua força de vontade para evitar futuros ataques.
 
     Como alerta, este artigo poderá ser útil. Porém, sugere-se muita cautela e paciência, pois é extremamente difícil diagnosticar o alcoolismo. Dizem que é a única doença em que somente o paciente poderá estar certo do diagnóstico. Os próprios membros de Alcoólicos Anônimos sempre aguardam que o alcoólatra se defina. Especialmente porque não adianta tentar convencer um alcoólatra de largar a bebida até que ele mesmo reconheça sua incapacidade perante o álcool.     Se desconfiar que você mesmo(a) possa ser um(a) alcoólatra, existe uma maneira quase infalível de se testar. Não tente parar de beber por certa temporada, pois isso não provará nada. Como já foi mencionado, até os alcoólatras mais avançados conseguem se abster da bebida, às vezes até por tempo considerável.
     O teste é o seguinte:

·
        Durante pelo menos três meses, tente beber diariamente um número fixo de bebidas alcoólicas que não varie de um dia para o outro e que não seja mais de três. É preciso beber o mesmo número de bebidas todos os dias durante todo o período de teste, digamos, duas bebidas por dia.
·
        Não deverá exceder essa quantidade sob hipótese alguma, insto inclui festas, funerais, ganhar na loteria, mortes súbitas na família, promoções ou perda do emprego, encontros com velhos amigos a quem não via a muito tempo etc.. Se permitir uma só exceção, você não passou no teste.
     O teste é tão fácil para os não alcoólatras como seria para um alcoólatra fazê-lo com refrigerante. Porém, raramente um alcoólatra o conseguirá fazer, ainda que a bebida escolhida seja apenas duas latinhas de cerveja por dia.
 
 Quais os sintomas do alcoolismo?
FASE INICIAL (Que dura aproximadamente 10 a 15 anos)
     Começa bebendo socialmente. Mais tarde bebe habitualmente. Então passa a beber descontroladamente, e faz muitas promessas aos outros e a si mesmo(a): “Da próxima vez me controlarei.” Engana-se constantemente com as palavras: “Bebo quando quero e paro quando quero.” Começa a mentir, minimizando o número de “tragos” que ingeriu. Bebe antes de ir para uma festa na qual sabe que haverá bebida. Começa a sentir necessidade de beber em horários determinados: Antes das refeições, após o trabalho, durante um evento qualquer, seja um jogo de futebol, uma reunião ou até em um velório. Bebe para aliviar o cansaço: “Foi um dia de morte no escritório.” Bebe para superar seu nervosismo: “Preciso tomar um pouco de coragem.” Bebe para acabar com sua depressão: “Vamos levantar o espírito.” São muitas as desculpas. Experimenta os primeiros “apagamentos” (esquece o que fez durante a bebedeira).
 
FASE INTERMEDIÁRIA (Que dura aproximadamente 5 anos)
     Continuam, em forma agravada, os sintomas iniciais. Mente a toda hora: para esconder o fato de que sua maneira de beber é exagerada; para evitar as críticas; para tentar convencer-se de que domina o álcool; para salvar seu valor ou seu emprego. Passa a beber onde não o conhecem, para que ninguém o fiscalize. Perde a fome e come irregularmente. Costuma chegar em casa “alto”, ou tarde – ou ambos. Bebe por qualquer motivo: Num dia de chuva (para esquentar); num dia de calor (para refrescar); por perder um grande negócio; por ganhar um grande negócio; para esquecer ou para comemorar.
     Anda sempre nervoso, agitado e deprimido, e sempre culpando os outros pelo seu estado. Bebe justamente quando não devia como, por exemplo, antes de uma entrevista importante. E começam as paradas, desistindo completamente da bebida por períodos de semanas, meses e até anos. Porém, ao melhorar a situação, acaba sempre voltando à bebida. E, em breve, estará bebendo mais do que nunca.
 
FASE FINAL (Que termina na loucura, na morte ou no desejo sincero de se recuperar)
     Sua vida se tornou intolerável com a bebida, e impossível sem ela. Bebe para viver e vive para beber. Geralmente não se lembra do que aconteceu na noite anterior. As bebedeiras aumentam em freqüência, intensidade e duração. Começam as internações em hospitais e sanatórios, “para tratar dos nervos”. Ao sair, desintoxicado, entra no primeiro botequim para tomar uma só, e na mesma noite chega em casa totalmente bêbado. Perde o emprego e não consegue outro. Passa a depender totalmente da família que, por ignorância, tenta encobrir o caso, evitando que o alcoólatra sofra asa conseqüências de suas bebedeiras. Com o resultado de que, não tendo motivos para parar, ele segue bebendo. Os amigos o abandonam. Torna-se rebelde e agressivo, sobretudo com as pessoas das quais mais depende. Perde totalmente o sentido de responsabilidade. Em casa, chora facilmente. Mas, no botequim, sob o efeito do álcool, torna-se um verdadeiro professor de todas as disciplinas, e amigo íntimo das maiores autoridades da cidade, do país e do mundo.
 
As fases progressivas da doença 
PORQUE O ALCOÓLATRA BEBE?
Primeira fase
    
Durante os primeiros anos, a maioria dos alcoólatras (toda a regra tem suas exceções) mostra uma capacidade crescente de beber. Apesar das quantidades que ingere, não gagueja, não perde o equilíbrio, não fica tonto e não tem ressacas. Porém, os “apagamentos” podem começar nesta fase. Os outros não notam, pois o comportamento do alcoólatra é normal. Contudo, no dia seguinte, ele reconhece que certos acontecimentos da noite anterior desapareceram inteiramente de sua consciência, a partir de alguma hora.
     Depende do álcool para fazer por ele o que as pessoas normais fazem por si mesmas. Existe uma tendência para beber em fez de enfrentar uma situação. O alcoólatra freqüentemente reconhece que não deve beber numa hora ou num lugar determinado. Porém, não consegue superar a compulsão de tomar “uma só”. E, depois dessa, não tem mais controle. A bebedeira que segue lhe traz sentimentos de incapacidade, de inferioridade, de “não prestar”.
 
Segunda fase
     Bebe mais rápido e em maiores quantidades que os outros, muitas vezes escondido. Começa a sofrer ressacas dolorosas que se distinguem das ressacas dos não alcoólatras por serem acompanhadas pelo remorso mental, nojo de si mesmo(a) e fortes ataques de tremedeiras. Os “apagamentos” agora são freqüentes. Agora, acorda de manhã tremendo, e precisa de álcool (ou qualquer outro sedativo) para acalmá-lo. Se tomar calmantes enquanto seguir bebendo, colocará sua vida em perigo, pois esta combinação é, freqüentemente fatal.
     O Alcoólatra acha que não funciona bem sem uns “golezinhos”. A vergonha que sente faz com que não queira, contudo, que ninguém toque no assunto das bebidas dele. Quanto mais inferior se sentir, mais se utiliza das armas da arrogância, grandiosidade e agressividade. Sentindo-se isolado, procura o convívio de pessoas que bebem com ele. Pensa que são as únicas pessoas que o compreendem, e não está longe da verdade. Alias, esta é uma das chaves do êxito de Alcoólicos Anônimos.
 
Terceira fase
     Agora existe a necessidade imperiosa de conseguir e manter certa quantidade de álcool no corpo o tempo todo. As ressacas, que ocorrem cada vez que o alcoólatra acorda, são sempre apagadas por mais bebida. O doente começa a ver “coisas” e ouvir sons inexistentes. O colapso físico está se aproximando. Suas tremedeiras são violentas, não lhe permitindo levantar o primeiro como do dia à boca com uma só mão. Quase não se alimenta mais, nem se banha. Uma mudança brusca na quantidade de álcool no corpo pode causar o “Delírium Tremens”, um estado físico muito perigoso que requer a atenção médica imediata.
     Convencido de ele não tem mais condições de controlar-se, se entrega totalmente à bebida como coisa inevitável. São extremos seus sentimentos de vergonha, degradação, isolamento e auto-piedade. Pensa constantemente no suicídio, mas gostaria de morrer bêbado ou inconsciente, sem passar por dor. É difícil convencê-lo de que poderia voltar a uma vida feliz, pois ha muito tempo que não sentiu a felicidade nos seus períodos de sobriedade.

 
Bibliografia:
Tradução livre do folheto "How To An Alcoholic", publicado pelo National Council on Alcoholism. NY - USA

Nenhum comentário:

Postar um comentário