No meu canto virtual, entre quatro paredes e um teto que me protege do que vem de cima com a noite escura, fria, com a lua minguando, com o que me dói a alma, com a desconsideração, a incompreensão. Me deixe aqui no mundo enfumaçado do Netuno, aquele Netuno que andava por Libra quando nasci - e isso já faz tempo. Não o tempo o suficiente para me acostumar com ele e seus meandros, curvas e cantos escuros.
Por favor, me deixe só, comigo mesma e minha dor. Prometo não incomodar ninguém. Não me impeça de fazer meu inventário macabro aqui neste blog. Apenas me leia. Ou somente me clique, sem ler, tanto faz, quem sai perdendo é você que não tem tempo para mergulhar fundo em seu interior, sem medo. Todos temos esqueletos enterrados no fundo do quintal, sujeira embaixo do tapete. Se abrir a porta do seu armário cairão ossos mofados. Se olhar embaixo da sua cama verá tufos de poeira e cabelos rolando silenciosamente. Se tens o seu mundo incongruente de Netuno, eu tenho o meu. O meu é aqui. Então me deixe gritar sem voz, escutar sem ouvidos, ver sem os meus olhos. Agora alguém se aproxima. Um barulho de cascos no chão. É o meu amigo fauno. Ele me traz uma cesta de frutas e toca sua flauta apenas para mim. Ele me entende e me deixa em paz.
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