quinta-feira, 21 de julho de 2011

Violência doméstica: um risco e uma cicatriz

Conviver com alcoolista pode significar ter que ligar para o 190, sair de casa somente com a roupa do corpo, fugir, se esconder embaixo da cama, dentro do armário. Esconder as facas da cozinha ou mesmo passar por uma situação de pânico absoluto. Já passei por todas estas fases. Na última, fui parar no IML para fazer corpo de delito após registrar ocorrência na delegacia da mulher.

Queria pegar meu carro e ir embora para a casa da praia e lá ficar escondida até clarear a mente para poder resolver a questão patrimonial do relacionamento. Não pude. Estava com cirurgia marcada para retirar um melanoma. Todo o mundo diz que este tumor de pele altamente invasivo é consequência do banho de sol. Discordo por experiência própria: o melanoma é o grito de socorro de sua pele, dizendo que atingiu o seu limite! Ou melhor: ultrapassou o seu limite!  

Sofrer violência doméstica, empurrão ou soco do seu marido pode significar a perda de sua dignidade, de sua identidade e de seu respeito próprio. As cicatrizes e roxos no seu corpo podem desaparecer, mas ficam para sempre na sua alma. As marcas sumiram em 15 dias, o talho de 10 centímetros do melanoma que foi retirado exibo-o com o nome de Frankenstein quando uso biquíni.  Isso já passou, foi há 3 anos. E agora, que pedido de socorro meu corpo vai inventar? Me dá uma escada que vou descer da cruz.

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